sexta-feira, 28 de maio de 2010

Comissão da CNBB para o Laicato prepara seminários sobre formação dos cristãos leigos

Reuniu-se em Brasilia, no dia 27/05, a Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), juntamente com os seus secretários estaduais, com a finalidade de preparar uma série de seminários em todo o Brasil a respeito da temática de formação dos leigos, e de como estão atuando os cursos de Teologia para leigos no Brasil.
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A mariposa

Conta uma história que, um dia, as mariposas decidiram fazer um grande congresso.
O tema era muito simples mas, ao mesmo tempo, complexo e de difícil acordo:
“O que é afina, a luz?”.
As mariposas escutaram muitas palestras sobre a luz, mas não se chegava a nenhuma definição que pudesse satisfazer
os participantes.
Uma das mariposas, que tinha muitos cursos de pós-graduação, ofereceu-se para fazer uma inspeção, a fim de poder, depois, dizer às demais o que era, na verdade, a luz.
Saiu voando e girou bastante tempo ao redor de uma vela acesa sobre a mesa.
Depois, voltando ao meio de suas companheiras, sentenciou com gravidade:
“a luz, minhas amigas, é algo que ilumina, que clareia; as trevas não lhe podem resistir”.
As demais mariposas não ficaram nada satisfeitas.
Ela descrevera um aspecto da luz, mas não descobrira o que é a luz.
Uma outra mariposa apresentou-se para ir ver e descobrir o que fosse a luz.
Saiu voando, aproximou-se demasiadamente da luz e percebeu que suas débeis asinhas se estavam queimando. Voltou rapidamente ao congresso e disse:
“a luz é algo que ilumina e esquenta”.
Mas não foi uma resposta satisfatória. A discussão continuou, sem parecer terminar.
Apresentou-se uma mariposa sem estudo e sem cultura. O seu trabalho era ficar na cozinha, limpar e varrer. Todas caíram em cima da coitada dizendo:
você vai descobrir o que é a luz? Não sabe nada, não tem cultura”.
Mas a rainha das mariposas deixou que ela voasse. Ela voou e, tardando em voltar para o bando, todas começaram a cochichar, preocupadas, e foram procurá-la:
estava queimando junto com a vela, sendo uma só coisa com a luz.
A mariposa-rainha sentenciou:
“só ela sabe o que é a luz, porque se fez luz”.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A arte de viver

Reconforta saber que estás aqui novamente...
A tua presença confirma que não desististe da tua busca, do reencontro com a chama que habita em teu interior.
É fundamental que descubras a tua alegria, que vivas preenchido de bênçãos e confiança em ti mesmo.
Teu caminho se abre a cada manhã,
tua luz ilumina a cada vez que buscas por tua paz, teu bem maior.
Vê, a vida reserva tantas surpresas...
O dia de hoje ainda tem tanto a oferecer-te...
Abre teu coração irmão querido,
e deixa que a vida te ensine a arte de viver.
Mantém a atenção focada na tua intuição,
no teu coração, na tua verdade.
Respira e dá permissão para que teus ouvidos
recebam o canto dos pássaros, dos ventos, das matas...
Silencia tua mente e permite que a tua visão seja ampla, vendo sempre além dos erros, além da dor, além das ilusões...
Deixa de lado o que te parecer ruim e dá o teu perdão a ti mesmo...
Lembra que estás aqui apenas para resgatar o que esqueceste, apenas para reaquecer o que deixaste congelar nos vales da solidão.
Confia, tudo está a tua frente.
Que o teu dia seja de paz e que o amor não deixe,
um só momento, de acompanhar-te.
Não esqueças de ti mesmo, lembra que é o teu estado atento que revela a tua realidade de luz,
a tua força e a tua capacidade inesgotável de crescer,
de inovar e de ser feliz, muito feliz.
pe. Antonio de Lisboa Lustosa

sábado, 22 de maio de 2010

Maria Rainha dos Apóstolos e os 25 anos das Apostolinas no Brasil

Mês de maio, mês de Maria de tantos nomes, assim costumamos ouvir a cada ano. Porém nós, Família Paulina, celebramos com jubilosa gratidão, Maria Rainha dos Apóstolos, não só porque este título é caro à Família, às apóstolas e apóstolos do novo século, mas porque antes mesmo que cada um de nós nascêssemos como membro desta, ela, Maria, já cuidava com a presteza, dedicação e amor de mãe de cada um como nos relata o Bem-aventurado Tiago Alberione, muito devoto de Nossa Senhora.
Contudo para nós, Irmãs Apostolinas, é especialíssimo celebrar neste ano de 2010 a festa de Maria Rainha dos Apóstolos, porque nesta longa mas ao mesmo tempo breve história, celebramos junto a nossa Mãe, Mestra e Rainha os 25 anos de presença Apostolina no Brasil. Maria foi àquela que nos concedeu luzes ao longo do caminho, nos formou, intercedeu ao Pai por nós e participa deste momento de alegria e festa como o fez com seu Filho Jesus e nosso Mestre Caminho, Verdade e Vida e até a glória da ressurreição e da vida em plenitude.
Quanto ao fato de termos Maria Rainha dos Apóstolos como nossa titular, isto se deve à experiência mariana de Alberione. Como em algumas famílias que os filhos recebem o nome do avô ou da avó, do pai ou da mãe pela importância significativa que têm ou tiveram na história familiar assim foi conosco Irmãs Apostolinas. Sendo que Alberione sempre teve muita devoção a Maria, também de nomes diferentes, a Rainha dos Apóstolos foi tão significativa e importante para ele que a deu como protetora à Família Paulina. De forma que este fato podemos constatá-lo na história de dois santuários a ela dedicado: um de pedra (Santuário Rainha dos Apóstolos, em Roma) e um de pessoas consagradas (Instituto Rainha dos Apóstolos para as Vocações). E por que padre Alberione deu ao Instituto por ele fundado o nome de Rainha dos Apóstolos? Ele mesmo o explica às primeiras Apostolinas com essas palavras: "Honrar a Maria, como Rainha dos Apóstolos, por quê? Porque o Instituto deve ocupar-se das Vocações..." e por isso recomendar a ela o Apostolado Vocacional, pois como dizia Leão XXIII, ela foi Mestra e
Rainha dos Apóstolos dos primeiros tempos, assim é Mestra e Rainha de todos os apóstolos e de todos os apostolados.
Por estas e outras graças recebidas durantes estes 25 anos de Brasil, pelo Sim de Maria, pelo Sim de cada Apostolina em terras brasileiras e pelo Sim de cada pessoa chamada, juntas dizendo: "Minha alma proclama a grandeza do Senhor, meu espírito festeja a Deus meu salvador" (Lc 1,46)
ir. Lucivânia Conceição Oliveira, ap

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O vôo da águia

Entre a aves, a águia é a que vive mais, cerca de setenta anos. Mas para atingir essa idade, aos quarenta ela deve tomar uma difícil decisão: nascer de novo.
Pois aos quarenta suas unhas ficam compridas e flexíveis, dificultando agarrar as presas com as quais se alimenta. O bico, alongado e pontiagudo, se curva. As asas, envelhecidas e pesadas, dobram-se sobre o peito, impedindo-a de empreender vôos ágeis e velozes.
Restam a águia duas alternativas: morrer ou passar por uma dura prova, ao longo de 150 dias. Essa prova consiste em voar para o cume de uma montanha e abrigar-se num ninho cravado na pedra. Ali, ela bate o bico contra a pedra ate quebra-lo. Espera, então, crescer o novo bico, para poder arrancar as suas unhas.
Quando as novas unhas despontam, a águia puxa as velhas penas e, após cinco meses, crescidas as novas, ela atira-se renovada ao vôo, pronta para viver mais trinta anos.
No noviciado, aprendi que, o longo da existência, a possibilidade de nossa sobrevida depende, muitas vezes, de seguir o exemplo da águia. Quem se entrega, abatido, ao peso do sofrimento e das dificuldades, tende a abreviar seus dias. Deixa de viver como quem voa e passa a sobreviver como um réptil que rasteja.
Reaprender a voar é ousar recolher-se para começar de novo. Eis a sabedoria de todas as religiões tradicionais ao exigir de seus noviços um tempo de reclusão. O mesmo ocorre em muitas nações indígenas, quando o jovem, para ser considerado adulto, é recolhido a uma cabana isolada, onde o chama o submete a provas e o introduz a conhecimento específicos.
Mas é preciso voar ate a montanha. De cima, vê-se melhor. Talvez por isso Deus, ao criar o ser humano, tenha colocado a cabeça acima do coração. Ver com as emoções é correr o risco de desfigurar os desenhos. Os contornos mostram-se muito mais nítidos quando observados com serenidade.
E saber esperar. Primeiro, ousar perder o que envelheceu; o bico, as unhas, as penas. Despojar-se do que atravanca os nossos passos. Segundo, aguardar pacientemente o tempo da maturação. Enfim, dar o salto pascal, abrir as asas para a vida e, sem medo, empreender o vôo rumo a novos horizontes.

domingo, 16 de maio de 2010

A Religião



"A religião vê-se muitas vezes carregada com um peso que não é dela: experimentada como imposição mais ou menos repressiva. Aparece como religião do dever, da limitação da existência, da exigência que não permite descansar... Falso.
O peso da vida não é o peso da religião, senão o do existência como tal. É o fato de ser humano, de se realizar como pessoa, aquilo que acaba sendo difícil (mas também tem seus gozos...).
Ser pessoa: eis aí a exigência, o chamado que leva para a frente, a tarefa e a dureza da liberdade.
A religião vem tornar, justamente, mais suportável a tarefa. Oferece a companhia do Senhor, seu amor, seu apoio, sua promessa, sua luz, seu projeto seguro...
A pessoa religiosa tem de fazer o mesmo que as demais - ser pessoa. Porém, conta, para isso, com a alegria de magnifica ajuda. A religião como evangelho. Boa Noticia".
Andrés T. Queiruga

terça-feira, 11 de maio de 2010

19º Encontro Nacional do Serviço de Animação Vocacional



Parece que o tempo voou e já estamos quase às portas do 3º Congresso Vocacional do Brasil, que acontece de 03 a 07 de setembro, em Itaici, município de Indaiatuba (SP), como o tema: "Discípulos missionários a serviço das vocações", e o lema: "Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações" (cf. Mt 28,19). Dirante o 19º Encontro Nacional do Serviço de Animação Vocacional (ENSAV), os coordenadores ou representantes dos regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) avaliaram a caminhada do Serviço de Animação Vocacional (SAV) em seus regionais rumo ao 3º Congresso Vocacional. O encontro foi realizado nos dias 22 e 23 de março, no Centro Rogate do Brasil, em São Paulo (SP), e contou com a presença do pe. Reginaldo Lima, assessor da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB.

Segundo o assessor, o objetivo deste encontro, realizado às portas do congresso, foi justamente poder "acompanhar a realização dos congressos regionais em preparação ao congresso nacional". Durante o evento os participantes partilharam experiências realizadas em seus respectivos regionais em relação ao trabalho vocacional, de modo especial em preparação ao congresso. Apresentaram, ainda, material produzido neste ano para o acompanhamento nas escolas e para o Domingo do Bom Pastor.

Fonte - Revista Rogate

sábado, 8 de maio de 2010

Peregrino da Trindade



"Desejar ter como única confiança, única segurança, única esperança, Deus e só Deus..." (Inácio de Loyola)
Este desejo expresso pelo peregrino Inácio ao deixar Barcelona para a Terra Santa, indo "sozinho e a pé", era o meu desejo mais profundo ao deixar, em 1989, o pequeno eremitério de uma comunidade monástica para iniciar minha vocação de "peregrino da Trindade", também "sozinho e a pé". Para viver autenticamente essa vocação de peregrino fiz, desde o primeiro dia, as escolhas dos peregrinos: nunca ter nem dinheiro nem alimento; iniciar toda caminhada a pé, sem recurso nenhum; carregar no saco de peregrino apenas a Bíblia, a vasilha de pedir alimento e a coberta da noite.
E assim fui... Ao longo dessas duas décadas peregrinei do litoral aos sertões, da Amazônia às Cordilheiras, dos desertos de areia aos desertos das grandes cidades... Em cada peregrinação, partilhei as realidades das pessoas encontradas, dos cortadores de cana, dos pastores de llamas nos Andes, do sertanejo na seca... Nas grandes cidades, como Salvador (BA), partilhei a realidade da rua, dormindo de noite nas calçadas, marquises e debaixo do viaduto com o povo da rua, vivendo no corpo um pouco da paixão do nosso povo mais sofrido, humilhado, rejeitado...
Peregrino contemplativo... Sua vocação é monástica: o peregrino é monge. O monge-peregrino se encontra com o monge-eremita, ambos partilham a mesma vocação. A única diferença: um deixou o mundo, isolou-se de alguns, para melhor interceder por todos. O outro megulhou nas feridas mais profundas do mundo, fazendo-se um no meio dos mendigos e andarilhos, para melhor interceder por todos.
O monge-peregrino não tem pressa, pois o caminho é seu próprio mosteiro; não tem rumo, pois seu santuário são as pessoas que encontra. É livre, pois peregrina apenas para orar, e ora para peregrinar... O peregrino ora com os pés: suas longas horas caminhando se tornam oração.
Irmão Henrique - peregrino da Trindade
Fonte: Agenda Caminhos 2010

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Qual deve ser a nossa resposta aos terríveis escândalos na Igreja?


Pe. Roger J. Landry*

Muitas pessoas vieram me falar deste assunto. Muitas outras também gostariam, mas evitaram, creio que por respeito e para não chamar a atenção para um fato desagradável. Mas para mim era óbvio que tinham isso presente. Por isso, hoje, quero enfrentar este assunto de frente. Vocês têm direito. Não podemos fingir como se não houvesse acontecido. E eu quero debater qual deve ser a nossa resposta como fiéis católicos a este terrível escândalo.
Primeiramente, é preciso entender o acontecimento à luz da nossa fé no Senhor. Antes de escolher seus primeiros discípulos, Jesus subiu a montanha para orar durante toda a noite. Nesse tempo tinha muitos seguidores. Falou com seu Pai na oração sobre quais escolheria para que fossem seus doze apóstolos, os doze que Ele formaria intimamente, os doze que enviaria a pregar a Boa Nova em Seu nome. Deu-lhes poder de expulsar os demônios. Deu-lhes poder para curar os doentes. Eles viram como Jesus operou muitos milagres. Eles mesmos fizeram, em Seu nome, numerosos milagres.
Mas, apesar de tudo, um deles foi um traidor. O traidor tinha seguido o Senhor, tivera os pés lavados pelo Senhor, O viu caminhar pelas águas, ressuscitar pessoas e perdoar os pecadores. O Evangelho diz que ele permitiu que satanás entrasse nele e logo vendeu o Senhor por 30 moedas, e entregou-o no Horto de Getsêmani, simulando um ato de amor, um beijo. “Judas!”, disse o Senhor no horto do Getsêmani, “com um beijo entregas o Filho do Homem”. Jesus não o escolheu para que o traísse. Ele o escolheu para que fosse como os demais. Mas Judas foi sempre livre e usou sua liberdade para permitir que satanás entrasse nele e, por sua traição, terminou fazendo com que Jesus fosse crucificado e morto. Portanto, entre os primeiros doze que o próprio Jesus escolheu, um deles foi um terrível traidor. ÀS VEZES, OS ESCOLHIDOS DE DEUS TRAEM. Este é um fato que devemos assumir. É um fato que a Igreja primitiva assumiu. Se o escândalo de Judas tivesse sido a única coisa com que os membros da Igreja primitiva tivessem se preocupado, a Igreja teria acabado antes de começar. Em vez disso, a Igreja reconheceu que não se deve julgar algo (religioso) a partir daqueles que não o praticam, mas olhando para os que praticam.
Em vez de ficarem paralisados em torno daquele que traiu Jesus, concentraram-se nos outros onze. Graças ao trabalho, pregação, milagres e amor por Cristo desses homens, aqui estamos hoje. É graças aos onze – todos os quais, exceto São João, foram martirizados por Cristo e pelo Evangelho, pelo qual estiveram dispostos a dar suas vidas para proclamá-lo – que nós chegamos a escutar a palavra salvífica de Deus e recebemos os sacramentos da vida eterna.
Somos hoje confrontados pela mesma realidade. Podemos concentrarmo-nos naqueles que traíram o Senhor, naqueles que abusaram, em vez de amar a quem estavam chamados a servir. Ou podemos como a Igreja nascente, concentrarmo-nos nos demais, naqueles que permaneceram fiéis, nesses sacerdotes que continuam oferecendo suas vidas para servir a Cristo e para servir a todos por amor. Os meios de comunicação quase nunca prestam atenção aos “onze” bons, aqueles a quem Jesus escolheu e que permaneceram fiéis, que viveram uma vida de santidade silenciosa. Mas nós, a Igreja, devemos ver o terrível escândalo que estamos testemunhando a partir de uma perspectiva autêntica e completa.
O escândalo, infelizmente, não é algo novo para a Igreja. Houve muitas épocas em sua história em que esteve pior do que agora. A história da Igreja é como a definição matemática do cosseno, ou seja, uma curva oscilatória com movimento pendular, com altos e baixos ao longo dos séculos. Em cada uma dessas épocas em que a Igreja chegou ao ponto mais baixo, Deus suscitou grandes santos que levaram a Igreja de volta a sua verdadeira missão. Como se naqueles momentos de escuridão, a Luz de Cristo brilhasse mais intensamente. Eu gostaria de destacar um par de santos que Deus suscitou nesses tempos tão difíceis, porque sua sabedoria pode realmente nos guiar durante este tempo difícil.
São Francisco de Sales foi um santo que Deus fez surgir justamente depois da reforma protestante. A reforma protestante não brotou fundamentalmente por aspectos teológicos ou por problemas de fé – ainda que as diferenças teológicas apareceram depois – mas, por questões morais.
Houve um sacerdote agostiniano, Martinho Lutero, que foi a Roma durante o papado mais notório da história, o do Papa Alexandre VI. Este Papa jamais ensinou nada que fosse contra a fé – o Espírito Santo não permitiu – mas, foi simplesmente, um homem mau. Teve nove filhos de seis diferentes concubinas. Promoveu ações contra aqueles que considerava seus inimigos. Martinho Lutero visitou Roma durante seu papado e se perguntava como Deus podia permitir que um homem tão mau fosse a cabeça visível da Sua Igreja. Regressou a Alemanha e observou todo tipo de problemas morais. Os padres tinham, publicamente, casos com mulheres. Alguns tratavam de obter dinheiro vendendo bens espirituais. Grassava uma imoralidade terrível entre os leigos. Ele se escandalizou com esses abusos desenfreados, como teria ocorrido com qualquer um que ame a Deus, reagiu precipitadamente e com fúria, e fundou a sua própria igreja. Naqueles mesmos tempos, Deus suscitou muitos santos que combateram essa situação equivocada e trouxeram de volta as pessoas para a Igreja fundada por Cristo. São Francisco de Sales foi um deles. Colocando em risco a própria vida, entrou na Suíça, onde os calvinistas dominavam e eram muito populares, pregando o Evangelho com verdade e amor. Foi espancado várias vezes nas estradas e abandonado como morto. Um dia perguntaram-lhe qual era a sua posição em relação ao escândalo que causavam tantos dos seus irmãos sacerdotes. O que disse é tão importante para nós como o foi para os que o escutaram. Ele não ficou enrolando. “Aqueles que cometem esse tipo de escândalos são culpáveis do equivalente espiritual a um assassinato, destruindo com seu mau exemplo a fé das outras pessoas em Deus”. Mas, ao mesmo tempo advertiu aos seus ouvintes: “Mas eu estou aqui hoje entre vocês para evitar-lhes um mal ainda pior. Enquanto que aqueles que causam o escândalo são culpados de assassinato espiritual, os que acolhem o escândalo – aqueles que permitem que os escândalos destruam sua fé – são culpados de suicídio espiritual. São culpáveis de cortar pela raiz sua vida com Cristo, abandonando a fonte da vida nos Sacramentos, especialmente a Eucaristia.” São Francisco de Sales andou entre os suíços e os habitantes da Savóia tratando de prevenir que cometessem um suicídio espiritual por causa dos escândalos. E eu estou aqui hoje para pregar o mesmo para vocês.
Qual deve ser a nossa reação? Outro grande santo que viveu antes, em tempos particularmente difíceis, também pode nos ajudar. O grande São Francisco de Assis viveu ao redor do ano 1200, que foi uma época de imoralidade terrível na Itália central. Os padres davam exemplos espantosos. A imoralidade dos leigos era ainda pior. O próprio São Francisco, sendo jovem, tinha escandalizado outras pessoas com sua maneira despreocupada de viver. Converteu-se, fundou a ordem franciscana e ajudou a Deus a reconstruir a Sua Igreja e chegou a ser um dos maiores santos de todos os tempos.
Certa vez, um dos irmãos franciscanos lhe fez uma pergunta. Esse frei era muito suscetível aos escândalos. “Irmão Francisco, que farias se soubesses que o sacerdote que está celebrando a Missa tem três concubinas ao seu lado?” Francisco, sem duvidar um instante, respondeu bem devagar: “Quando chegar a hora da Santa Comunhão irei receber o Sagrado Corpo do meu Senhor das mãos ungidas do sacerdote.”
Onde queria chegar Francisco? Queria deixar clara uma verdade formidável da fé e um dom extraordinário do Senhor. Não importa quão pecador seja um padre, sempre e quando tem a intenção de fazer o que faz a Igreja – na Missa, por exemplo, converter o pão e vinho na carne e sangue de Cristo, ou na confissão, não importa quão pecador seja, perdoar os pecados do penitente – o próprio Cristo atua nos sacramentos através desse ministro.
Seja o Papa João Paulo II que celebre a Missa, ou um sacerdote condenado a morte por um crime, em ambos os casos é o próprio Cristo quem atua e nos dá Seu Corpo e Seu Sangue. Dessa forma, o que Francisco estava dizendo, ao responder a pergunta do seu irmão religioso, que receberia o Sagrado Corpo do Seu Senhor das mãos ungidas do sacerdote, é que não ia permitir que a maldade ou imoralidade do padre o levasse a cometer suicídio espiritual.
Cristo pode continuar atuando, e de fato atua, inclusive através do mais pecador dos sacerdotes. E graças a Deus que assim o faz! Se sempre tivéssemos que depender da santidade pessoal do sacerdote, teríamos um grave problema. Os sacerdotes são escolhidos por Deus entre os homens e são tentados como qualquer ser humano e caem em pecado como qualquer ser humano. Mas Deus já sabia disso desde o princípio. Onze dos primeiros doze apóstolos se dispersaram quando Cristo foi preso, mas regressaram; um dos doze traiu o Senhor e infelizmente nunca regressou. Deus fez os sacramentos “à prova de sacerdote”, ou seja, independente da sua santidade pessoal. Não importa quão santos ou maus sejam, sempre que tenham a intenção de fazer o que a Igreja faz, o próprio Cristo atua, tal como atuou através de Judas quando Judas expulsou os demônios e curou os doentes.
Por isso, pergunto-vos novamente: Qual deve ser a resposta da Igreja a esses atos? Falaram muito a respeito na mídia. A Igreja precisa trabalhar melhor, assegurando que ninguém com inclinação para a pedofilia seja ordenado? Com certeza. Mas isto não seria suficiente. A Igreja deve atuar melhor ao tratar desses casos quando sejam notificados? A Igreja mudou a sua maneira de abordar esses casos e hoje a situação é muito melhor do que era nos anos oitenta, mas sempre pode ser aperfeiçoada. Mas ainda isso não seria suficiente. Temos que fazer mais para apoiar as vítimas desses abusos? Sim, temos que fazê-lo, por justiça e por amor! Mas tampouco isso é o adequado… A única resposta adequada a este terrível escândalo, a única resposta autenticamente católica a este escândalo – como São Francisco de Assis reconheceu em 1200, como São Francisco de Sales reconheceu em 1600 e incontáveis outros santos reconheceram em cada século – é a SANTIDADE! Toda crise que enfrenta a Igreja, toda crise que o mundo enfrenta, é uma crise de santidade. A santidade é crucial, porque é o rosto autêntico da Igreja.
Sempre há pessoas – um sacerdote encontra-se com elas regularmente e vocês devem conhecer várias delas também – que usam desculpas para justificar porque não praticam sua fé, porque lentamente estão cometendo suicídio espiritual. Pode ser porque uma freira se portou mal com eles quando tinham 9 anos. Porque não entendem os ensinamentos da Igreja sobre algum tema particular. Indubitavelmente haverá muitas pessoas atualmente – e vocês se encontram com elas – que dirão: “Para que praticar a fé, para que ir a Igreja, se a Igreja não pode ser verdadeira, quando os assim chamados escolhidos, são capazes de fazer esse tipo de coisa que estamos lendo?” Este escândalo é como um cabide enorme onde alguns procuram pendurar sua justificativa para não praticar a fé. Por isso é que a santidade é tão importante.
Essas pessoas necessitam encontrar em todos nós uma razão para ter fé, uma razão para ter esperança, uma razão para responder com amor ao amor do Senhor. As bem-aventuranças que lemos no Evangelho são uma receita para a santidade. Todos precisamos vivê-las melhor. Os padres precisam ser mais santos? Certamente. Precisam os frades e freiras serem mais santos e darem um melhor testemunho de Deus e do Céu? Sem a menor dúvida. Mas todas as pessoas na Igreja precisam fazer o mesmo, inclusive os leigos! Todos temos vocação para ser santos e esta crise é um chamado para que despertemos.
Estes são tempos duros para o sacerdote. São tempos duros para o católico. Mas também são tempos magníficos para ser um sacerdote e para ser um católico. Jesus disse nas bem-aventuranças: “Bem-aventurados serão quando os injuriarem, vos perseguirem e disserem falsamente todo tipo de maldades contra vocês por minha causa. Alegrem-se e regozijem-se porque será grande a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram aos profetas antes de vocês.” Eu experimentei essa bem-aventurança, da mesma forma que outros sacerdotes que conheço. No começo desta semana, quando terminei de fazer ginástica numa academia local, eu saía do vestiário com meu clergyman e uma mãe, mal me viu, afastou rapidamente seus filhos do caminho e os protegeu enquanto eu passava. Ficou me olhando quando passei e, quando já havia me afastado o suficiente, respirou aliviada e soltou os seus filhos. Como se eu fosse atacá-los no meio da tarde em plena academia! Mas enquanto todos nós talvez tenhamos que padecer tais insultos e falsidades por causa de Cristo, de fato, devemos regozijar-nos. É um tempo fantástico para ser cristão atualmente, porque é um tempo em que Deus realmente necessita de nós para mostrar Seu verdadeiro rosto. Em tempos passados nos EUA, a Igreja era respeitada. Os sacerdotes eram respeitados. A Igreja tinha reputação de santidade e bondade. Mas hoje já não é assim.
Um dos mais pregadores na história norte-americana, o bispo Fulton J. Sheen costumava dizer que preferia viver nos tempos em que a Igreja sofre em vez de florescer tranquilamente, nos tempos em que a Igreja tem que lutar, quando a Igreja tem que ir contra a cultura. São épocas para que os verdadeiros homens e mulheres dêem um passo à frente. “Até os cadáveres podem ir a favor da corrente”, costumava dizer o bispo, indicando que muitas pessoas dão testemunho quando a Igreja é respeitada, “mas são necessários verdadeiros homens e mulheres para nadar contra a corrente.”
Como isso é verdadeiro! É preciso ser um verdadeiro homem e uma verdadeira mulher para manter-se flutuando e nadar contra a corrente que se move em oposição à Igreja. É preciso ser um verdadeiro homem e uma verdadeira mulher para reconhecer que quando se nada contra a corrente das críticas, estamos mais seguros que quando apenas permanecemos grudados por inércia na rocha sobre a qual Cristo fundou sua Igreja. Estamos num desses tempos difíceis. É um dos grandes momentos para ser cristão.
Algumas pessoas prevêem que nesta região a Igreja passará por tempos difíceis e talvez seja assim, o mais a Igreja sobreviverá, por que o Senhor assegurou a sua sobrevivência. Uma das maiores réplicas na história aconteceu há justamente 200 anos. O imperador Napoleão engolia os países da Europa com seus exércitos, com a intenção final de dominar totalmente o mundo. Naquela ocasião disse uma vez ao cardeal Consalvi: “Vou destruir sua Igreja”. O cardeal respondeu: “Não, não poderá”. Napoleão, com seus 1,50 m de altura, disse outra vez: “Eu destruirei vossa Igreja.” O cardeal disse confiante: “Não, não poderá. Nem nós fomos capazes de fazê-lo!”.
Se os papas ruins, os sacerdotes infiéis e os milhares de pecadores na Igreja não tiveram êxito em destruí-la a partir de dentro – como dizia implicitamente ao general – como crê que poderá fazê-lo? O cardeal referia-se a uma verdade cruel. Mas Cristo nunca permitirá que sua Igreja fracasse. Ele prometeu que as portas do inferno não prevaleceriam sobre a sua Igreja, que a barca de Pedro, a Igreja que navega no tempo rumo ao seu porto eterno no céu, nunca naufragará, não porque aqueles que vão nela não cometam todos os pecados possíveis para afundá-la, mas porque Cristo, que também está na barca, nunca permitirá que isso aconteça. Cristo continua na barca e ele nunca a abandonará.
A magnitude deste escândalo poderia ser tal que de agora em diante vocês tenham dificuldade em confiar nos sacerdotes tanto como o faziam no passado. Isto pode acontecer e talvez não seja tão ruim. Mas nunca percam a confiança no Senhor! É a sua Igreja! Mesmo quando alguns dos seus eleitos O tenham traído, ele chamará outros que serão fiéis, que servirão vocês com o amor com que vocês merecem ser servidos, tal como ocorreu depois da morte de Judas, quando os onze apóstolos ficaram de acordo e permitiram que o Senhor escolhesse alguém para tomar o lugar de Judas, e escolheram o homem que terminou sendo São Matias, que proclamou fielmente o Evangelho até ser martirizado.
Este é um tempo em que todos nós precisamos esforçarnos ainda mais em ser santos! Estamos chamados a ser santos, e como necessitamos ver esse rosto bonito e radiante da Igreja! Vocês são parte da solução, uma parte crucial da solução. Quando caminharem para receberem o Sagrado Corpo do Senhor das mãos ungidas deste sacerdote, peçam a Ele que os encha de um real desejo de santidade, um real desejo de mostrar Seu autêntico rosto.
Uma das razões pelas quais estou aqui como sacerdote é porque sendo jovem, impressionaram-me negativamente alguns sacerdotes que conheci. Via-os celebrar a Missa e quase sem reverência deixavam cair o Corpo do Senhor na patena, como se tivessem nas mãos algo de pouco valor em vez do Criador e Salvador de todos, em vez do meu Criador e Salvador. Lembro ter dito ao Senhor, reiterando meu desejo de ser sacerdote: “Senhor, deixa-me ser sacerdote para que possa tratar-Te como Tu o mereces!”. Isso me deu um desejo ardente de servir o Senhor. Talvez este escândalo permita que vocês façam o mesmo. Este escândalo pode ser algo que os conduza pelo caminho do suicídio espiritual ou algo que os inspire a dizer, finalmente, “Quero ser santo, para que eu e a Igreja possamos glorificar Teu nome como Tu o mereces, para que outros possam encontrar-Te no amor e na salvação que eu Te encontrei”. Jesus está conosco, como prometeu, até o final dos tempos. Ele continua na barca.
Tal como a partir da traição de Judas, Ele alcançou a maior vitória na história do mundo, a nossa salvação por meio da sua Paixão, morte e Ressurreição, também através deste episódio Ele pode trazer, e quer trazer, um novo renascimento da santidade, para lançar uns novos Atos dos Apóstolos do século XXI, com cada um de nós – e isso inclui você – assumindo um papel de protagonista. Agora é o tempo para que os verdadeiros homens e mulheres da Igreja se ponham em pé. Agora é o tempo dos santos. Como você irá responder?

* O Pe. Roger J. Landry foi ordenado sacerdote em 1999 na diocese de Fall River pelo bispo Sean O’Malley, OFM Cap. Depois de obter a licenciatura de biologia pela Universidade de Harvard, o Pe. Landry fez seus estudos para o sacerdócio em Maryland, Toronto e, durante vários anos em Roma. Depois de sua ordenação sacerdotal, o Bispo O’Malley o enviou de regresso para Roma para concluir seus estudos de graduação em teologia moral e bioética. Atualmente é vigário paroquial na Paróquia do Espírito Santo em Fall River e capelão na escola secundária Bishop Connoly.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Que filme usar no encontro vocacional?


A trama narra a história de Jason Stevens (Drew Fuller) que tem uma relação difícil com seu milionário avô, Howard "Red" Stevens (James Garner). Jason tem um estilo de vida caro e imaginava que quando seu avô falecesse tudo que lhe sobraria seria outra simples transação de dinheiro que lhe permitiria continuar a viver como sempre viveu. Quando Red falece, Jason acaba descobrindo que, como parte de sua herança, seu avô lhe deixou doze tarefas, as quais ele chama de "presentes", cada uma desafiando Jason de uma maneira improvável. Cumprindo as tarefas ele irá aprender a repensar sua vida e compreender qual é a relação entre riqueza e felicidade.
Este filme pode servir como recurso pedagógico em qualquer atividade pastoral, pois, leva a refletir e fazer um paralelo com o ensinamento do Apóstolo Paulo em