quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Está chegando a hora

Mais um ano se indo e um novinho em folha chegando. Que este ano que está por vir traga juntamente consigo novas esperanças, novas pessoas, novos sonhos, novos objetivos e que todos nós tenhamos a capacidade de correr atrás e ir em busca do que realmente queremos. Que este ano traga-nos mais pensamentos positivos, e nada de negatividade. Que nos traga mais força, para que possamos enfrentar as dificuldades que ainda estão por vir.

Não espere que as coisas irão mudar simplesmente porque um novo ano está chegando. A mudança vem de você! Seja você a mudança que quer ver, não espere pela mudança dos outros. Quer um ano melhor? Comece mudando por você sem esperar por ninguém, com o tempo todos se darão conta e começarão a mudar também, mesmo que leve tempo.
Tenha coragem de seguir seus sonhos, sem medo de ser feliz, sem medo de arriscar, são os teus sonhos e tem de segui-los, não importa o que digam. Não vá atrás dos ideais dos outros, busque os seus. Não ligue para o que falam ou deixam de falar, a vida é isso e você só tem que aprender a tapar os ouvidos e fazer o que tiver vontade de fazer, sem se arrepender!

Esperamos que você deseje mais, sonhe mais, viva mais, arrisque mais, aproveite mais tudo o que tem para aproveitar, pois um dia tudo isso irá acabar, para todos nós.
Feliz Ano Novo!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Celebração Familiar para noite de Natal

Hoje, nasceu para nós o Salvador!

Todos se reúnem redor ou próximo da Mesa da Ceia e de um presépio, ou a imagem do Menino Jesus, tendo perto uma vela apagada.
Animador: Irmãos e irmãs, podemos nos alegrar e fazer festa, pois a Santíssima Trindade nos une no Amor e quer que nós vivamos em comunhão entre nós, por Amor. Por isso, com alegria, iniciemos nossa Celebração, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém. Bendita seja a Santíssima Trindade, presente em nós e no meio de nós.
Animador: É graça de Deus podermos estar aqui, reunidos, celebrando o Natal do Senhor entre nós, pois foi Ele mesmo quem disse: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles.”
Todos: Somos o seu povo reunido e Ele está no meio de nós!
Leitor 1: Supliquemos pela vinda da Luz. Que Ela possa iluminar toda a nossa Vida, para que nós andemos nos Caminhos da Paz e da Verdade.
Todos: Senhor, enviai vossa Luz e vossa Palavra, para que as trevas jamais dominem sobre nós.
A pessoa responsável pela casa acende a vela, que está perto do Menino Jesus, dizendo:
Responsável pela casa: Bendito sejas, Deus da Vida, por esta grande notícia: Hoje nasceu o Salvador do mundo!
Todos: Hoje uma luz brilhou para nós! Hoje nasceu nosso Deus e Senhor!
Então uma pessoa lê diretamente da Bíblia = Lc 2,1-14
Leitor 2: Proclamação do nascimento de Jesus Cristo, segundo o evangelista Lucas.
Após a leitura, ir passando a vela de mão em mão, em silêncio, enquanto todos vão meditando sobre o significado da Luz de Deus que brilha em nós graças o nascimento de Jesus. Ao final, coloca-se a vela perto do menino Jesus, e faz-se a seguinte reflexão:
Leitor 3: Na gruta de Belém, numa manjedoura repousa o recém-nascido Jesus no aconchego de Maria e José.
Mulheres: O clima é de suave alegria e profunda emoção. Maria conhece o mistério que ali acontece e mantém-se em atitude de contemplação.
Homens: Jesus é o Filho de Deus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, é a prova do amor de Deus por todas as pessoas.
Todos cantam:
Noite feliz! Noite feliz!
Ó Senhor, Deus de amor! / Pobrezinho nasceu em Belém.
Eis na lapa Jesus, nosso bem. //Dorme em paz, ó Jesus!//
Noite feliz! Noite feliz!
Ó Jesus, Deus da luz! / Quão afável é teu coração.
Que quiseste nascer nosso irmão. //E a nós todos salvar!//
Noite feliz! Noite feliz!
Eis que no ar vem cantar, / Aos pastores, os anjos do céu,
Anunciando a chegada de Deus. //De Jesus Salvador!//
Bênção da Ceia:
Leitor 4: Bendito sejas tu, Senhor, Deus da vida, que de forma admirável quiseste assumir nossa condição humana, tornando-nos filhos da luz.
Todos: Glória a Deus no mais alto dos céus.
Animador: Concede-nos a graça de caminharmos juntos, levando a todos a Boa-Nova de teu amado Filho. Revigorados pelo alimento, que nos das hoje e sempre, possamos continuar a obra que nos confiaste.
Todos: Glória a Deus no mais alto dos céus.
Deixar um tempo para que cada um faça sua oração e ao final:
Todos: Pai nosso... Ave Maria...
Animador: Como filhos e filhas do Deus da paz, saudemo-nos com um abraço fraterno, desejando-nos uns aos outros um Feliz Natal, sinalizando o nosso anseio de paz para nós e para o mundo inteiro. 
Pe. Luiz Gonzada - Blog da Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico Catequética da CNBB

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Projeto "Espalhando esperança" para jovens

Tornar a Fazenda da Esperança um local onde os jovens possam fazer uma experiência voluntária, missionária e de encontro com Cristo. Esse é o objetivo do Projeto “EspalhandoEsperança”, que será lançado no Brasil em janeiro de 2015. A iniciativa surgiu a partir de um convite do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, Dom Eduardo Pinheiro.
“Esse é um projeto lindo, que nasce com certeza da vontade de Deus. Ele vai contribuir com os ideais, favorecer o crescimento e a formação humana dos jovens voluntários, além de ajudar muitos jovens que estão em tratamento. Convido a juventude para participar do “Espalhando Esperança’ ”, incentivou Dom Eduardo.
A Fazenda da Esperança é uma comunidade terapêutica com mais de 30 anos de experiência na recuperação de jovens dependentes químicos. Avaliada como a maior obra da América Latina desenvolvendo essa atividade e ajudando milhares de famílias, atualmente se encontra em 15 países do ocidente ao oriente. Seu trabalho se baseia no tripé: convivência em família, trabalho como processo pedagógico e espiritualidade para encontrar um sentido de vida.
“É bom dar essa chance para o jovem se doar. A medida que ele doa a sua vida para os outros, ele encontra o sentido da própria existência. Queremos dar aos jovens do Brasil a chance de encontrar uma felicidade muito profunda”, motivou o fundador da Fazenda da Esperança, Frei Hans Stapel.
O projeto “Espalhando Esperança” tem a proposta de responder ao pedido da Igreja na pessoa do Papa Bento XVI: "... Levem a Esperança, Jesus Cristo, ao maior número possível de jovens...".
Os jovens poderão passar um tempo de voluntariado que pode ser, no mínimo, de um mês em território nacional; três meses em outros países americanos; e um ano em outros continentes. Para se inscrever, os jovens, maiores de 18 anos, deverão preencher o formulário de inscrição do projeto.
A Fazenda da Esperança tem 100 comunidades espalhadas no mundo inteiro nos seguintes continentes:
Europa: Alemanha, Suíça, Portugal e Itália;
África: Moçambique e Angola;
América Central: Guatemala e México;
América do Sul: Colômbia, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina.
E no Brasil:
Norte: AC, RR, AM, PA e TO;
Nordeste: MA, PI, CE, PE, RN, PB, AL, SE e BA;
Centro-Oeste: MT, MS, GO e DF;
Sudeste: MG, ES, RJ e SP;
Sul: PR, SC e RS.


Teatro do Advento - Diálogo com Maria

(Fundo musical.... entra uma jovem representando Maria , ela carrega uma manjedoura nas mãos; caminha lentamente em direção a Belém, do meio do povo sai um(a) jovem e vai ao seu encontro)
Jovem: Ó Maria, nossa mãe, para onde caminhas?
Maria: Caminho para Belém
Jovem: Quero fazer caminho contigo! Você me permite?
Maria: Vem....
Jovem: Senhora do advento, estamos em 2014 e Jesus  vai voltar a nascer? Não consigo compreender  isso direito, Maria... o que isso quer dizer?
Maria: Há dois milênios atrás, escutei no coração que Deus Pai me interrogava e confiava uma missão: ser a mãe de seu Filho, o Salvador Jesus Cristo, o Senhor!
Jovem: Eu sei , Maria, que fostes a escolhida para seres a mãe de Jesus. Admiro-te muito por  isso, Maria! E sinto com todo o povo que és a Nossa Mãe! Amo muito o teu Jesus! É linda demais sua história!... Mas, mesmo assim não entendo porque vem um novo advento a preparar o nascimento de Jesus
Maria: Como há pouco te dizia, escutei no coração o que Deus Pai me queria: ainda um pouco confusa, entendi que se tratava de acolher o seu projeto de amor e paz para o mundo; e que Ele contava comigo para colaborar em seu projeto. Nessa nova criação que começou com Jesus.
Jovem: É linda demais essa missão... Uma nova criação... um novo mundo!
Maria: Eu me vi tão pobre e pequena para essa grande tarefa. Foi ai que Deus me disse que o seu Espírito seria a minha força. Nesse momento eu me entreguei e lhe disse que SIM. Naquele momento Jesus encarnou em mim! A Palavra do Senhor fez-se Vida em abundância... para todos... para cada um... e em qualquer circunstância... Esta nova criação que Deus Pai iniciou com minha colaboração, ainda não terminou
Jovem: Esse projeto  divino que ele te confiou ainda não terminou?
Maria: Ele continua a construir-se cada ano... cada dia... também agora... aqui... neste preciso momento...
Jovem:  Oh... senhora do advento
Maria: Em cada um que acolhe Jesus... que escuta sua  Palavra... e, respondendo se entrega a esta grande e nobre missão de colaborar com Jesus nesta nova criação, acontece um novo nascimento... há mais paz... mais amor... há alegria por toda parte... e o mundo fica melhor
Jovem:  é Jesus que está a nascer?
Maria: Sim... pode acreditar nisso... é Jesus que está a nascer.... vale a pena viver por isso a cada ano
Jovem: Que grande mistério de amor... quero Maria, ficar contigo... Ainda tenho muito que aprender

(lentamente Maria coloca a manjedoura sobre o coração e mostra as três atitudes que regeram a sua vida... colocando as frases em torno do berço: acolhi na escuta -  respondi na confiançaentreguei-me na colaboração)
Autor: Desconhecido

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

História de Nossa Senhora de Guadalupe

Um sábado de 1531 a princípios de dezembro, um índio chamado Juan Diego, ia muito de madrugada do povo em que residia à cidade do México a assistir a suas aulas de catecismo e para ouvir a Santa Missa. Ao chegar junto à colina chamada Tepeyac amanhecia e escutou uma voz que o chamava por seu nome. 
Ele subiu ao cume e viu uma Senhora de sobre-humana beleza, cujo vestido era brilhante como o sol, a qual com palavras muito amáveis e atentas lhe disse: "Juanito: o menor de meus filhos, eu sou a sempre Virgem Maria, Mãe do verdadeiro Deus, por quem se vive. Desejo vivamente que me construa aqui um templo, para nele mostrar e prodigalizar todo meu amor, compaixão, auxílio e defesa a todos os moradores desta terra e a todos os que me invoquem e em Mim confiem. Vá ao Senhor Bispo e lhe diga que desejo um templo neste plano. Anda e ponha nisso todo seu esforço". 
Retornou a seu povo Juan Diego se encontrou de novo com a Virgem Maria e lhe explicou o ocorrido. A Virgem lhe pediu que ao dia seguinte fora novamente falar com o bispo e lhe repetisse a mensagem. Esta vez o bispo, logo depois de ouvir Juan Diego disse que devia ir e lhe dizer à Senhora que lhe desse alguma sinal que provasse que era a Mãe de Deus e que era sua vontade que lhe construíra um templo. 
De volta, Juan Diego achou Maria e lhe narrou os fatos. A Virgem lhe mandou que voltasse para dia seguinte ao mesmo lugar, pois ali lhe daria o sinal. Ao dia seguinte Juan Diego não pôde voltar para colina, pois seu tio Juan Bernardino estava muito doente. A madrugada de 12 de dezembro Juan Diego partiu a toda pressa para conseguir um sacerdote a seu tio, pois se estava morrendo. Ao chegar ao lugar por onde devia encontrar-se com a Senhora preferiu tomar outro caminho para evitá-la. de repente Maria saiu a seu encontro e lhe perguntou aonde ia. O índio envergonhado lhe explicou o que ocorria. A Virgem disse a Juan Diego que não se preocupasse, que seu tio não morreria e que já estava são. Então o índio lhe pediu o sinal que devia levar a bispo. Maria lhe disse que subisse ao cume da colina onde achou rosas de Castela frescas e colocando-as no poncho, cortou quantas pôde e as levou a bispo. 
Uma vez diante de Dom Zumárraga Juan Diego desdobrou sua manta, caíram ao chão as rosas e no poncho estava pintada com o que hoje se conhece como a imagem da Virgem de Guadalupe. Vendo isto, o bispo levou a imagem Santa à Igreja Maior e edificou uma ermida no lugar que tinha famoso o índio.
Pio X a proclamou como "Padroeira de toda a América Latina", Pio XI de todas as "Américas", Pio XII a chamou "Imperatriz das Américas" e João XXIII "A Missionária Celeste do Novo Mundo" e "a Mãe das Américas".
A imagem da Virgem de Guadalupe se venera no México com maior devoção, e os milagres obtidos pelos que rezam à Virgem de Guadalupe são extraordinários.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Teologia e Espiritualidade do Advento

O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo. Ao serem aprofundados os textos litúrgicos desse tempo, constata-se na história da humanidade o mistério da vinda do Senhor. Jesus que de fato se encarna e se torna presença salvífica na história, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e torna próximo o Reino (Mc 1,15) . O Advento recorda também o Deus da revelação, Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre realizando a salvação mas cuja consumação se cumprirá no "dia do Senhor", no final dos tempos. O caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As figuras de João Batista e Maria são exemplos concretos da missionariedade de cada cristão, quer preparando o caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.
A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a Jesus como referencia e fundamento, dispondo-nos a "perder" a vida em favor do anúncio e instalação do Reino.

Espiritualidade 
A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores essenciais cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a esperança, a pobreza, a conversão.
Deus é fiel a suas promessas: o Salvador virá; daí a alegre expectativa, que deve nesse tempo, não só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com certeza. Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de uma realidade concreta e atual. A esperança da Igreja é a esperança de Israel já realizada em Cristo mas que só se consumará definitivamente na parusia do Senhor. Por isso, o brado da Igreja característico nesse tempo é "Marana tha"! Vem Senhor Jesus!
O tempo do Advento é tempo de esperança porque Cristo é a nossa esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna, esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições, etc. 
O Advento também é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o ser a Cristo não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da Sua vinda. É necessário que "preparemos o caminho do Senhor" nas nossas próprias vidas, "lutando até o sangue" contra o pecado, através de uma maior disposição para a oração e mergulho na Palavra. 

No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência da pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus (e não dos bens terrenos), que tem n'Ele a única riqueza, a única esperança e que conduz à verdadeira humildade, mansidão e posse do Reino.

sábado, 6 de dezembro de 2014

O que é Advento?

A palavra "advento" quer dizer "que está para vir". O tempo do Advento é para toda a Igreja, a vivência do mistério de espera e preparação da vinda de Cristo. Neste tempo celebramos nas primeiras semanas a espiritualidade de espera da segunda vinda, e nas semanas mais próximas a seu fim a preparação para as solenidades de sua primeira vinda, seu nascimento.
É Momento de forte mergulho na liturgia e na mística cristã. É tempo de espera e esperança, de estarmos atentos e vigilantes, preparando-nos alegremente para a vinda do Senhor, como uma noiva que se enfeita, se prepara para a chegada de seu noivo, seu amado.
O Advento começa às vésperas do Domingo mais próximo do dia 30 de Novembro e vai até as primeiras vésperas do Natal de Jesus contando quatro domingos.
Esse Tempo possui as duas características já citadas: As duas últimas semanas, dos dias 17 a 24 de dezembro, visam em especial, a preparação para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós. Nas duas primeiras semanas, a nossa expectativa se volta para a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo, Salvador e Senhor da história, no final dos tempos. Por isto, o Tempo do Advento é um tempo de piedosa e alegre expectativa. 

Origem
Há relatos de que o Advento começou a ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal. No final do século IV na Gália (atual França) e na Espanha tinha caráter ascético com jejum abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de S. Martinho). Este caráter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos catecúmenos para o batismo na festa da Epifania. Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou a ser celebrado durante 5 domingos. 

Só após a reforma litúrgica é que o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja entendeu que não podia celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014



Segue abaixo a tradução da música:

Maria, você sabia que o seu bebê um dia irá andar sobre as águas?
Maria, você sabia que o seu bebê irá salvar nossos filhos e filhas?
Você sabia que o seu bebê vem para refazê-la?
Esta criança que você acolhe, em breve a acolherá
Maria, você sabia que o seu bebê dará visão a um cego?
Maria, você sabia que o seu bebê vai acalmar uma tempestade com a mão?
Você sabia que o seu bebê anda onde os anjos pisaram?
Quando você beija o seu pequeno bebê, você beija a face de Deus
Maria, você sabia?
O cego enxergará
O surdo ouvirá
E o morto viverá novamente
O coxo saltará
O mudo vai falar
os louvores do Cordeiro
Maria, você sabia que o seu bebê é o Senhor de toda a criação?
Maria, você sabia que o seu bebê um dia irá governar as nações?
Você sabia que o seu menino é o Cordeiro perfeito dos Céus?

Esta criança dormindo que você está segurando
É o grande Eu Sou!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Oração de Advento

Senhor, meu Deus,
Teu Filho há de vir nas próximas semanas!
Que meu coração seja como
terra boa para recebê-lo.
Que cada momento destes próximos dias
sirva para que eu possa refletir
sobre minha vida e o meu ser.
Onde tantos acham que precisam
só de coisas materiais
que eu possa levar o alimento espiritual.
Onde tantos buscam só o ter,
que eu possa mostrar o quanto vale o ser.
Mostrar que Natal não é simplesmente
o nascimento de Jesus,
mas a vinda do Salvador
acima do comércio desenfreado
que rodeia o mesmo.
Senhor, meu Deus,
agradeço por poder reviver
plenamente este evento todos os anos
e com ele sentir Tua presença
cada vez mais perto de mim.
Peço à Virgem Maria,
Mãe tão agraciada nesta data,
que abençoe as pessoas mais desfavorecidas
e que elas consigam encontrar em Deus
forças para trilharem seus caminhos.
Jesus, estamos Te aguardando,
procurando ser cada vez melhores,
cada vez mais humanos
e santos em nossos dias.
Tua chegada nos fortalecerá
e será para nós motivo de glória!
Que Deus nos abençoe
e nos acompanhe!
Amém!
Autoras: Maria Conceição Monticelli Menoti e Alana Menoti Pires

sábado, 29 de novembro de 2014

Carta Apostólica do Papa Francisco às pessoas Consagradas

Consagradas e consagrados caríssimos!
Escrevo-vos como Sucessor de Pedro, a quem o Senhor Jesus confiou a tarefa de confirmar na fé os seus irmãos (cf. Lc 22, 32), e escrevo-vos como vosso irmão, consagrado a Deus como vós.
Juntos, damos graças ao Pai, que nos chamou para seguir Jesus na plena adesão ao seu Evangelho e no serviço da Igreja e derramou nos nossos corações o Espírito Santo que nos dá alegria e nos faz dar testemunho ao mundo inteiro do seu amor e da sua misericórdia.
Fazendo-me eco do sentir de muitos de vós e da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, por ocasião do quinquagésimo aniversário da Constituição dogmática Lumen gentium sobre a Igreja, que no capítulo VI trata dos religiosos, bem como do Decreto Perfectae caritatis sobre a renovação da vida religiosa, decidi proclamar um Ano da Vida Consagrada. Terá início no dia 30 do corrente mês de Novembro, I Domingo de Advento, e terminará com a festa da Apresentação de Jesus no Templo a 2 de Fevereiro de 2016.
Depois de ter ouvido a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, indiquei como objetivos para este Ano os mesmos que São João Paulo II propusera à Igreja no início do terceiro milénio, retomando, de certa forma, aquilo que já havia indicado na Exortação pós-sinodal Vita consecrata: «Vós não tendes apenas uma história gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande história a construir! Olhai para o futuro, para o qual vos projeta o Espírito a fim de realizar convosco ainda coisas maiores».

I – Os objetivos do Ano da Vida Consagrada
1. O primeiro objetivo é olhar com gratidão o passado. Cada um dos nossos Institutos provém duma rica história carismática. Nas suas origens, está presente a ação de Deus que, no seu Espírito, chama algumas pessoas para seguirem de perto a Cristo, traduzirem o Evangelho numa forma particular de vida, lerem com os olhos da fé os sinais dos tempos, responderem criativamente às necessidades da Igreja. Depois a experiência dos inícios cresceu e desenvolveu-se, tocando outros membros em novos contextos geográficos e culturais, dando vida a modos novos de implementar o carisma, a novas iniciativas e expressões de caridade apostólica. É como a semente que se torna árvore alargando os seus ramos.
Neste Ano, será oportuno que cada família carismática recorde os seus inícios e o seu desenvolvimento histórico, para agradecer a Deus que deste modo ofereceu à Igreja tantos dons que a tornam bela e habilitada para toda a boa obra (cf. Lumen gentium, 12).
Repassar a própria história é indispensável para manter viva a identidade e também robustecer a unidade da família e o sentido de pertença dos seus membros. Não se trata de fazer arqueologia nem cultivar inúteis nostalgias, mas de repercorrer o caminho das gerações passadas para nele captar a centelha inspiradora, os ideais, os projetos, os valores que as moveram, a começar dos Fundadores, das Fundadoras e das primeiras comunidades. É uma forma também para se tomar consciência de como foi vivido o carisma ao longo da história, que criatividade desencadeou, que dificuldades teve de enfrentar e como foram superadas. Poder-se-á descobrir incoerências, fruto das fraquezas humanas, e talvez mesmo qualquer esquecimento de alguns aspectos essenciais do carisma. Tudo é instrutivo, tornando-se simultaneamente apelo à conversão. Narrar a própria história é louvar a Deus e agradecer-Lhe por todos os seus dons.
De modo particular, agradecemos-Lhe por estes últimos 50 anos após o Concílio Vaticano II, que representou uma «ventania» do Espírito Santo sobre toda a Igreja; graças ao Concílio, de fato, a vida consagrada empreendeu um fecundo caminho de renovação, o qual, com as suas luzes e sombras, foi um tempo de graça, marcado pela presença do Espírito.
Que este Ano da Vida Consagrada seja ocasião também para confessar, com humildade e simultaneamente grande confiança em Deus Amor (cf. 1 Jo 4, 8), a própria fragilidade e para a viver como experiência do amor misericordioso do Senhor; ocasião para gritar ao mundo com força e testemunhar com alegria a santidade e a vitalidade presentes na maioria daqueles que foram chamados a seguir Cristo na vida consagrada.
2. Além disso, este Ano chama-nos a viver com paixão o presente. A lembrança agradecida do passado impele-nos, numa escuta atenta daquilo que o Espírito diz hoje à Igreja, a implementar de maneira cada vez mais profunda os aspectos constitutivos da nossa vida consagrada.
Desde os inícios do primeiro monaquismo até às «novas comunidades» de hoje, cada forma de vida consagrada nasceu da chamada do Espírito para seguir a Cristo segundo o ensinamento do Evangelho (cf. Perfectae caritatis, 2). Para os Fundadores e as Fundadoras, a regra em absoluto foi o Evangelho; qualquer outra regra pretendia apenas ser expressão do Evangelho e instrumento para o viver em plenitude. O seu ideal era Cristo, aderir inteiramente a Ele podendo dizer com Paulo: «Para mim, viver é Cristo» (Flp 1, 21); os votos tinham sentido apenas para implementar este seu amor apaixonado.
A pergunta que somos chamados a pôr neste Ano é se e como nos deixamos, também nós, interpelar pelo Evangelho; se este é verdadeiramente o «vademecum» para a vida de cada dia e para as opções que somos chamados a fazer. Isto é exigente e pede para ser vivido com radicalismo e sinceridade. Não basta lê-lo (e no entanto a leitura e o estudo permanecem de extrema importância), nem basta meditá-lo (e fazemo-lo com alegria todos os dias); Jesus pede-nos para pô-lo em prática, para viver as suas palavras.
Jesus – devemos perguntar-nos ainda – é verdadeiramente o primeiro e o único amor, como nos propusemos quando professamos os nossos votos? Só em caso afirmativo, poderemos – como é nosso dever – amar verdadeira e misericordiosamente cada pessoa que encontramos no nosso caminho, porque teremos aprendido d’Ele o que é o amor e como amar: saberemos amar, porque teremos o seu próprio coração.
Os nossos Fundadores e Fundadoras sentiram em si mesmos a compaixão que se apoderava de Jesus quando via as multidões como ovelhas extraviadas sem pastor. Tal como Jesus, movido por tal compaixão, comunicou a sua palavra, curou os doentes, deu o pão para comer, ofereceu a sua própria vida, assim também os Fundadores se puseram ao serviço da humanidade, à qual eram enviados pelo Espírito servindo-a dos mais diversos modos: com a intercessão, a pregação do Evangelho, a catequese, a instrução, o serviço aos pobres, aos doentes... A inventiva da caridade não conheceu limites e soube abrir inúmeras estradas para levar o sopro da Evangelho às culturas e aos setores sociais mais diversos.
O Ano da Vida Consagrada questiona-nos sobre a fidelidade à missão que nos foi confiada. Os nossos serviços, as nossas obras, a nossa presença correspondem àquilo que o Espírito pediu aos nossos Fundadores, sendo adequados para encalçar as suas finalidades na sociedade e na Igreja atual? Há algo que devemos mudar? Temos a mesma paixão pelo nosso povo, solidarizamo-nos com ele até ao ponto de partilhar as suas alegrias e sofrimentos, a fim de podermos compreender verdadeiramente as suas necessidades e contribuir com a nossa parte para lhes dar resposta? Como a seu tempo pedia São João Paulo II, «a mesma generosidade e abnegação que impeliram os Fundadores devem levar-vos a vós, seus filhos espirituais, a manter vivos os seus carismas, que continuam – com a mesma força do Espírito que os suscitou – a enriquecer-se e adaptar-se, sem perder o seu carácter genuíno, para se porem ao serviço da Igreja e levarem à plenitude a implantação do seu Reino».
Ao recordar as origens, há que evidenciar mais um componente do projecto de vida consagrada. Os Fundadores e as Fundadoras viviam fascinados pela unidade dos Doze ao redor de Jesus, pela comunhão que caracterizava a primeira comunidade de Jerusalém. Cada um deles, ao dar vida à sua comunidade, pretendeu reproduzir tais modelos evangélicos, formar um só coração e uma só alma, gozar da presença do Senhor (cf. Perfectae caritatis, 15).
Viver com paixão o presente significa tornar-se «peritos em comunhão», ou seja, «testemunhas e artífices daquele “projecto de comunhão” que está no vértice da história do homem segundo Deus». Numa sociedade marcada pelo conflito, a convivência difícil entre culturas diversas, a prepotência sobre os mais fracos, as desigualdades, somos chamados a oferecer um modelo concreto de comunidade que, mediante o reconhecimento da dignidade de cada pessoa e a partilha do dom que cada um é portador, permita viver relações fraternas.
Por isso, sede mulheres e homens de comunhão, marcai presença com coragem onde há disparidades e tensões, e sede sinal credível da presença do Espírito que infunde nos corações a paixão por todos serem um só (cf. Jo 17, 21). Vivei a mística do encontro: a capacidade de ouvir atentamente as outras pessoas; «a capacidade de procurar juntos o caminho, o método», deixando-vos iluminar pelo relacionamento de amor que se verifica entre as três Pessoas divinas (cf. 1 Jo 4, 8) e tomando-o como modelo de toda a relação interpessoal.
3. Abraçar com esperança o futuro é o terceiro objectivo que se pretende neste Ano. Conhecemos as dificuldades que enfrenta a vida consagrada nas suas diversas formas: a diminuição das vocações e o envelhecimento, especialmente no mundo ocidental, os problemas económicos na sequência da grave crise financeira mundial, os desafios da internacionalidade e da globalização, as insídias do relativismo, a marginalização e a irrelevância social... É precisamente nestas incertezas, que partilhamos com muitos dos nossos contemporâneos, que se actua a nossa esperança, fruto da fé no Senhor da história que continua a repetir-nos: «Não terás medo (…), pois Eu estou contigo» (Jr 1, 8).
A esperança de que falamos não se funda sobre números ou sobre as obras, mas sobre Aquele em quem pusemos a nossa confiança (cf. 2 Tm 1, 12) e para quem «nada é impossível» (Lc 1, 37). Esta é a esperança que não desilude e que permitirá à vida consagrada continuar a escrever uma grande história no futuro, para o qual se deve voltar o nosso olhar, cientes de que é para ele que nos impele o Espírito Santo a fim de continuar a fazer, connosco, grandes coisas.
Não cedais à tentação dos números e da eficiência, e menos ainda à tentação de confiar nas vossas próprias forças. Com atenta vigilância, perscrutai os horizontes da vossa vida e do momento atual. Repito-vos com Bento XVI: «Não vos unais aos profetas de desventura, que proclamam o fim ou a insensatez da vida consagrada na Igreja dos nossos dias; pelo contrário, revesti-vos de Jesus Cristo e muni-vos das armas da luz – como exorta São Paulo (cf. Rm 13, 11-14) –, permanecendo acordados e vigilantes». Prossigamos, retomando sempre o nosso caminho com confiança no Senhor.
Dirijo-me sobretudo a vós, jovens. Sois o presente, porque viveis já ativamente dentro dos vossos Institutos, prestando uma decisiva contribuição com o frescor e a generosidade da vossa opção. Ao mesmo tempo sois o seu futuro, porque em breve sereis chamados a tomar nas vossas mãos a liderança da animação, da formação, do serviço, da missão. Este Ano há-de ver-vos protagonistas no diálogo com a geração que vai à vossa frente; podereis, em comunhão fraterna, enriquecer-vos com a sua experiência e sabedoria e, ao mesmo tempo, repropor-lhe o ideal que conheceu no seu início, oferecer o ímpeto e o frescor do vosso entusiasmo, a fim de elaborardes em conjunto novos modos de viver o Evangelho e respostas cada vez mais adequadas às exigências de testemunho e de anúncio.
Fico feliz em saber que ides ter ocasiões para vos encontrardes entre vós, jovens dos diferentes Institutos. Que o encontro se torne caminho habitual de comunhão, de apoio mútuo, de unidade.

II – As expectativas para o Ano da Vida Consagrada
Que espero eu, em particular, deste Ano de graça da vida consagrada?
1. Que seja sempre verdade aquilo que eu disse uma vez: «Onde estão os religiosos, há alegria». Somos chamados a experimentar e mostrar que Deus é capaz de preencher o nosso coração e fazer-nos felizes sem necessidade de procurar noutro lugar a nossa felicidade, que a autêntica fraternidade vivida nas nossas comunidades alimenta a nossa alegria, que a nossa entrega total ao serviço da Igreja, das famílias, dos jovens, dos idosos, dos pobres nos realiza como pessoas e dá plenitude à nossa vida.
Que entre nós não se vejam rostos tristes, pessoas desgostosas e insatisfeitas, porque «um seguimento triste é um triste seguimento». Também nós, como todos os outros homens e mulheres, sentimos dificuldades, noites do espírito, desilusões, doenças, declínio das forças devido à velhice. Mas, nisto mesmo, deveremos encontrar a «perfeita alegria», aprender a reconhecer o rosto de Cristo, que em tudo Se fez semelhante a nós e, consequentemente, sentir a alegria de saber que somos semelhantes a Ele que, por nosso amor, não Se recusou a sofrer a cruz.
Numa sociedade que ostenta o culto da eficiência, da saúde, do sucesso e que marginaliza os pobres e exclui os «perdedores», podemos testemunhar, através da nossa vida, a verdade destas palavras da Escritura: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2 Cor 12, 10).
Bem podemos aplicar à vida consagrada aquilo que escrevi na Exortação apostólica Evangelii gaudium, citando uma homilia de Bento XVI: «A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atracção» (n. 14). É verdade! A vida consagrada não cresce, se organizarmos belas campanhas vocacionais, mas se as jovens e os jovens que nos encontram se sentirem atraídos por nós, se nos virem homens e mulheres felizes! De igual forma, a eficácia apostólica da vida consagrada não depende da eficiência e da força dos seus meios. É a vossa vida que deve falar, uma vida da qual transparece a alegria e a beleza de viver o Evangelho e seguir a Cristo.
O que disse aos Movimentos eclesiais, na passada Vigília de Pentecostes, repito-o aqui para vós também: «Fundamentalmente, o valor da Igreja é viver o Evangelho e dar testemunho da nossa fé. A Igreja é sal da terra, é luz do mundo; é chamada a tornar presente na sociedade o fermento do Reino de Deus; e fá-lo, antes de mais nada, por meio do seu testemunho: o testemunho do amor fraterno, da solidariedade, da partilha» (18 de Maio de 2013).
2. Espero que «desperteis o mundo», porque a nota característica da vida consagrada é a profecia. Como disse aos Superiores Gerais, «a radicalidade evangélica não é própria só dos religiosos: é pedida a todos. Mas os religiosos seguem o Senhor de uma maneira especial, de modo profético». Esta é a prioridade que agora se requer: «ser profetas que testemunham como viveu Jesus nesta terra (...). Um religioso não deve jamais renunciar à profecia» (29 de Novembro de 2013).
O profeta recebe de Deus a capacidade de perscrutar a história em que vive e interpretar os acontecimentos: é como uma sentinela que vigia durante a noite e sabe quando chega a aurora (cf. Is 21, 11-12). Conhece a Deus e conhece os homens e as mulheres, seus irmãos e irmãs. É capaz de discernimento e também de denunciar o mal do pecado e as injustiças, porque é livre, não deve responder a outros senhores que não seja a Deus, não tem outros interesses além dos de Deus. Habitualmente o profeta está da parte dos pobres e indefesos, porque sabe que o próprio Deus está da parte deles.
Deste modo espero que saibais, sem vos perder em vãs «utopias», criar «outros lugares» onde se viva a lógica evangélica do dom, da fraternidade, do acolhimento da diversidade, do amor recíproco. Mosteiros, comunidades, centros de espiritualidade, cidadelas, escolas, hospitais, casas-família e todos aqueles lugares que a caridade e a criatividade carismática fizeram nascer – e ainda farão nascer, com nova criatividade –, devem tornar-se cada vez mais o fermento para uma sociedade inspirada no Evangelho, a «cidade sobre o monte» que manifesta a verdade e a força das palavras de Jesus.
Às vezes, como aconteceu com Elias e Jonas, pode vir a tentação de fugir, de subtrair-se ao dever de profeta, porque é demasiado exigente, porque se está cansado, desiludido com os resultados. Mas o profeta sabe que nunca está sozinho. Também a nós, como fez a Jeremias, Deus assegura: «Não terás medo (...), pois Eu estou contigo para te livrar» (Jr 1, 8).
3. Os religiosos e as religiosas, como todas as outras pessoas consagradas, são chamados a ser «peritos em comunhão». Assim, espero que a «espiritualidade da comunhão», indicada por São João Paulo II, se torne realidade e que vós estejais na vanguarda abraçando «o grande desafio que nos espera» neste novo milénio: «fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão». Estou certo de que, neste Ano, trabalhareis a sério para que o ideal de fraternidade perseguido pelos Fundadores e pelas Fundadoras cresça, nos mais diversos níveis, como que em círculos concêntricos.
A comunhão é praticada, antes de mais nada, dentro das respectivas comunidades do Instituto. A este respeito, convido-vos a reler frequentes intervenções minhas onde não me canso de repetir que críticas, bisbilhotices, invejas, ciúmes, antagonismos são comportamentos que não têm direito de habitar nas nossas casas. Mas, posta esta premissa, o caminho da caridade que se abre diante de nós é quase infinito, porque se trata de buscar a aceitação e a solicitude recíprocas, praticar a comunhão dos bens materiais e espirituais, a correcção fraterna, o respeito pelas pessoas mais frágeis... É «a “mística” de viver juntos» que faz da nossa vida «uma peregrinação sagrada». Tendo em conta que as nossas comunidades se tornam cada vez mais internacionais, devemos questionar-nos também sobre o relacionamento entre as pessoas de culturas diferentes. Como consentir a cada um de se exprimir, ser acolhido com os seus dons específicos, tornar-se plenamente co-responsável?
Além disso, espero que cresça a comunhão entre os membros dos diferentes Institutos. Não poderia este Ano ser ocasião de sair, com maior coragem, das fronteiras do próprio Instituto para se elaborar em conjunto, a nível local e global, projetos comuns de formação, de evangelização, de intervenções sociais? Poder-se-á assim oferecer, de forma mais eficaz, um real testemunho profético. A comunhão e o encontro entre diferentes carismas e vocações é um caminho de esperança. Ninguém constrói o futuro isolando-se, nem contando apenas com as próprias forças, mas reconhecendo-se na verdade de uma comunhão que sempre se abre ao encontro, ao diálogo, à escuta, à ajuda mútua e nos preserva da doença da auto-referencialidade.
Ao mesmo tempo, a vida consagrada é chamada a procurar uma sinergia sincera entre todas as vocações na Igreja, a começar pelos presbíteros e os leigos, a fim de «fazer crescer a espiritualidade da comunhão, primeiro no seu seio e depois na própria comunidade eclesial e para além dos seus confins».
4. Espero ainda de vós o mesmo que peço a todos os membros da Igreja: sair de si mesmo para ir às periferias existenciais. «Ide pelo mundo inteiro» foi a última palavra que Jesus dirigiu aos seus e que continua hoje a dirigir a todos nós (cf. Mc 16, 15). A humanidade inteira aguarda: pessoas que perderam toda a esperança, famílias em dificuldade, crianças abandonadas, jovens a quem está vedado qualquer futuro, doentes e idosos abandonados, ricos saciados de bens mas com o vazio no coração, homens e mulheres à procura do sentido da vida, sedentos do divino...
Não vos fecheis em vós mesmos, não vos deixeis asfixiar por pequenas brigas de casa, não fiqueis prisioneiros dos vossos problemas. Estes resolver-se-ão se sairdes para ajudar os outros a resolverem os seus problemas, anunciando-lhes a Boa Nova. Encontrareis a vida dando a vida, a esperança dando esperança, o amor amando.
De vós espero gestos concretos de acolhimento dos refugiados, de solidariedade com os pobres, de criatividade na catequese, no anúncio do Evangelho, na iniciação à vida de oração. Consequentemente almejo a racionalização das estruturas, a reutilização das grandes casas em favor de obras mais cônsonas às exigências actuais da evangelização e da caridade, a adaptação das obras às novas necessidades.
5. Espero que cada forma de vida consagrada se interrogue sobre o que pedem Deus e a humanidade de hoje.
Os mosteiros e os grupos de orientação contemplativa poderiam encontrar-se entre si ou conectar-se nos mais variados modos, para trocarem entre si as experiências sobre a vida de oração, o modo como crescer na comunhão com toda a Igreja, como apoiar os cristãos perseguidos, como acolher e acompanhar as pessoas que andam à procura duma vida espiritual mais intensa ou necessitam de um apoio moral ou material.
O mesmo poderão fazer os Institutos caritativos, dedicados ao ensino, à promoção da cultura, aqueles que estão lançados no anúncio do Evangelho ou desempenham particulares serviços pastorais, os Institutos Seculares com a sua presença capilar nas estruturas sociais. A inventiva do Espírito gerou modos de vida e obras tão diferentes que não podemos facilmente catalogá-los ou inseri-los em esquemas pré-fabricados. Por isso, não consigo referir cada uma das inúmeras formas carismáticas. Mas, neste Ano, ninguém deveria subtrair-se a um sério controle sobre a sua presença na vida da Igreja e sobre o seu modo de responder às incessantes e novas solicitações que se levantam ao nosso redor, ao clamor dos pobres.
Só com esta atenção às necessidades do mundo e na docilidade aos impulsos do Espírito é que este Ano da Vida Consagrada se tornará um autêntico kairòs, um tempo de Deus rico de graças e de transformação.

III – Os horizontes do Ano da Vida Consagrada
1. Com esta minha carta, além das pessoas consagradas, dirijo-me aos leigos que, com elas, partilham ideais, espírito, missão. Alguns Institutos religiosos possuem uma antiga tradição a tal respeito, outros uma experiência mais recente. Na realidade, à volta de cada família religiosa, bem como das Sociedades de Vida Apostólica e dos próprios Institutos Seculares, está presente uma família maior, a «família carismática», englobando os vários Institutos que se reconhecem no mesmo carisma e sobretudo os cristãos leigos que se sentem chamados, precisamente na sua condição laical, a participar da mesma realidade carismática.
Encorajo-vos também a vós, leigos, a viver este Ano da Vida Consagrada como uma graça que pode tornar-vos mais conscientes do dom recebido. Celebrai-o com toda a «família», para crescerdes e responderdes juntos aos apelos do Espírito na sociedade actual. Em determinadas ocasiões, quando os consagrados de vários Institutos se reunirem uns com os outros neste Ano, procurai estar presente também vós como expressão do único dom de Deus, a fim de conhecer as experiências das outras famílias carismáticas, dos outros grupos de leigos e assim vos enriquecerdes e sustentardes mutuamente.
2. O Ano da Vida Consagrada não diz respeito apenas às pessoas consagradas, mas à Igreja inteira. Assim dirijo-me a todo o povo cristão, para que tome cada vez maior consciência do dom que é a presença de tantas consagradas e consagrados, herdeiros de grandes Santos que fizeram a história do cristianismo. Que seria a Igreja sem São Bento e São Basílio, sem Santo Agostinho e São Bernardo, sem São Francisco e São Domingos, sem Santo Inácio de Loyola e Santa Teresa de Ávila, sem Santa Ângela Merícia e São Vicente de Paulo? E a lista tornar-se-ia quase infinita, até São João Bosco, a Beata Teresa de Calcutá. O Beato Paulo VI afirmava: «Sem este sinal concreto, a caridade que anima a Igreja inteira correria o risco de se resfriar, o paradoxo salvífico do Evangelho de se atenuar, o “sal” da fé de se diluir num mundo em fase de secularização» (Evangelica testificatio, 3).
Por isso, convido todas as comunidades cristãs a viverem este Ano, procurando antes de mais nada agradecer ao Senhor e, reconhecidas, recordar os dons que foram recebidos, e ainda recebemos, por meio da santidade dos Fundadores e das Fundadoras e da fidelidade de tantos consagrados ao seu próprio carisma. A todos vos convido a estreitar-vos ao redor das pessoas consagradas, rejubilar com elas, partilhar as suas dificuldades, colaborar com elas, na medida do possível, para a prossecução do seu serviço e da sua obra, que são aliás os da Igreja inteira. Fazei-lhes sentir o carinho e o encorajamento de todo o povo cristão.
Bendigo o Senhor pela feliz coincidência do Ano da Vida Consagrada com o Sínodo sobre a família. Família e vida consagrada são vocações portadoras de riqueza e graça para todos, espaços de humanização na construção de relações vitais, lugares de evangelização. Podem-se ajudar uma à outra.
3. Com esta minha carta, ouso dirigir-me também às pessoas consagradas e aos membros de fraternidades e comunidades pertencentes a Igrejas de tradição diversa da católica. O monaquismo é um património da Igreja indivisa, bem vivo até agora quer nas Igrejas ortodoxas quer na Igreja católica. Nele bem como nas sucessivas  experiências do tempo em que a Igreja do Ocidente ainda estava unida, se inspiram iniciativas análogas surgidas no âmbito das Comunidades eclesiais da Reforma, tendo estas continuado a gerar no seu seio novas expressões de comunidades fraternas e de serviço.
A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica tem em programa iniciativas para fazer encontrar os membros pertencentes a experiências de vida consagrada e fraterna das diversas Igrejas. Encorajo calorosamente estes encontros, para que cresça o conhecimento mútuo, a estima, a cooperação recíproca, de modo que o ecumenismo da vida consagrada sirva de ajuda para o caminho mais amplo rumo à unidade entre todas as Igrejas.
4. Não podemos esquecer também que o fenómeno do monaquismo e doutras expressões de fraternidade religiosa está presente em todas as grandes religiões. Não faltam experiências, mesmo consolidadas, de diálogo inter-monástico da Igreja católica com algumas das grandes tradições religiosas. Faço votos de que o Ano da Vida Consagrada seja ocasião para avaliar o caminho percorrido, sensibilizar as pessoas consagradas neste campo, questionar-nos sobre os novos passos a dar para um conhecimento recíproco cada vez mais profundo e uma colaboração crescente em muitos âmbitos comuns do serviço à vida humana.
Caminhar juntos é sempre um enriquecimento e pode abrir caminhos novos nas relações entre povos e culturas que, neste período, aparecem carregadas de dificuldades.
5. Por fim dirijo-me, de modo particular, aos meus irmãos no episcopado. Que este Ano seja uma oportunidade para acolher, cordial e jubilosamente, a vida consagrada como um capital espiritual que contribua para o bem de todo o corpo de Cristo (cf.Lumen gentium, 43) e não só das famílias religiosas. «A vida consagrada é dom feito à Igreja: nasce na Igreja, cresce na Igreja, está totalmente orientada para a Igreja». Por isso, enquanto dom à Igreja, não é uma realidade isolada ou marginal, mas pertence intimamente a ela, situa-se no próprio coração da Igreja, como elemento decisivo da sua missão, já que exprime a natureza íntima da vocação cristã e a tensão de toda a Igreja-Esposa para a união com o único Esposo; portanto «está inabalavelmente ligada à sua vida e santidade» (Ibid., 44).
Neste contexto, convido-vos, a vós Pastores das Igrejas particulares, a uma especial solicitude em promover nas vossas comunidades os diferentes carismas, tanto os históricos como os novos carismas, apoiando, animando, ajudando no discernimento, acompanhando com ternura e amor as situações de sofrimento e fraqueza em que se possam encontrar alguns consagrados, e sobretudo esclarecendo com o vosso ensino o povo de Deus sobre o valor da vida consagrada, de modo a fazer resplandecer a sua beleza e santidade na Igreja.
A Maria, Virgem da escuta e da contemplação, primeira discípula do seu amado Filho, confio este Ano da Vida Consagrada. Para Ela, filha predilecta do Pai e revestida de todos os dons da graça, olhamos como modelo insuperável de seguimento no amor a Deus e no serviço do próximo.
Agradecido desde já, com todos vós, pelos dons de graça e de luz com que o Senhor quiser enriquecer-nos, acompanho-vos a todos com a Bênção Apostólica.
Vaticano, 21 de Novembro – Festa da Apresentação de Maria – do ano 2014.
 Papa Francisco