O Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão
escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda
de Cristo. Ao serem aprofundados os textos litúrgicos desse tempo, constata-se
na história da humanidade o mistério da vinda do Senhor. Jesus que de fato se
encarna e se torna presença salvífica na história, confirmando a promessa e a
aliança feita ao povo de Israel. Deus que, ao se fazer carne, plenifica o tempo
(Gl 4,4) e torna próximo o Reino (Mc 1,15) . O Advento recorda também o Deus da
revelação, Aquele que é, que era e que vem (Ap 1, 4-8), que está sempre
realizando a salvação mas cuja consumação se cumprirá no "dia do
Senhor", no final dos tempos. O caráter missionário do Advento se manifesta
na Igreja pelo anúncio do Reino e a sua acolhida pelo coração do homem até a
manifestação gloriosa de Cristo. As figuras de João Batista e Maria são
exemplos concretos da missionariedade de cada cristão, quer preparando o
caminho do Senhor, quer levando o Cristo ao irmão para o santificar. Não se
pode esquecer que toda a humanidade e a criação vivem em clima de advento, de
ansiosa espera da manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus.
A celebração do Advento é, portanto, um meio precioso e indispensável
para nos ensinar sobre o mistério da salvação e assim termos a Jesus como
referencia e fundamento, dispondo-nos a "perder" a vida em favor do
anúncio e instalação do Reino.
Espiritualidade
A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores
essenciais cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a esperança, a
pobreza, a conversão.
Deus é fiel a suas
promessas: o Salvador virá; daí a alegre expectativa, que deve nesse tempo, não
só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com certeza.
Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de
uma realidade concreta e atual. A esperança da Igreja é a esperança de Israel
já realizada em Cristo mas que só se consumará definitivamente na parusia do
Senhor. Por isso, o brado da Igreja característico nesse tempo é "Marana
tha"! Vem Senhor Jesus!
O tempo do Advento é tempo de esperança porque Cristo é a nossa
esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação
das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna, esperança que nos
forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das
perseguições, etc.
O Advento também é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o
ser a Cristo não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da Sua
vinda. É necessário que "preparemos o caminho do Senhor" nas nossas
próprias vidas, "lutando até o sangue" contra o pecado, através de
uma maior disposição para a oração e mergulho na Palavra.
No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência da
pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar,
se abandonar e depender inteiramente de Deus (e não dos bens terrenos), que tem
n'Ele a única riqueza, a única esperança e que conduz à verdadeira humildade,
mansidão e posse do Reino.
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