sábado, 8 de maio de 2010

Peregrino da Trindade



"Desejar ter como única confiança, única segurança, única esperança, Deus e só Deus..." (Inácio de Loyola)
Este desejo expresso pelo peregrino Inácio ao deixar Barcelona para a Terra Santa, indo "sozinho e a pé", era o meu desejo mais profundo ao deixar, em 1989, o pequeno eremitério de uma comunidade monástica para iniciar minha vocação de "peregrino da Trindade", também "sozinho e a pé". Para viver autenticamente essa vocação de peregrino fiz, desde o primeiro dia, as escolhas dos peregrinos: nunca ter nem dinheiro nem alimento; iniciar toda caminhada a pé, sem recurso nenhum; carregar no saco de peregrino apenas a Bíblia, a vasilha de pedir alimento e a coberta da noite.
E assim fui... Ao longo dessas duas décadas peregrinei do litoral aos sertões, da Amazônia às Cordilheiras, dos desertos de areia aos desertos das grandes cidades... Em cada peregrinação, partilhei as realidades das pessoas encontradas, dos cortadores de cana, dos pastores de llamas nos Andes, do sertanejo na seca... Nas grandes cidades, como Salvador (BA), partilhei a realidade da rua, dormindo de noite nas calçadas, marquises e debaixo do viaduto com o povo da rua, vivendo no corpo um pouco da paixão do nosso povo mais sofrido, humilhado, rejeitado...
Peregrino contemplativo... Sua vocação é monástica: o peregrino é monge. O monge-peregrino se encontra com o monge-eremita, ambos partilham a mesma vocação. A única diferença: um deixou o mundo, isolou-se de alguns, para melhor interceder por todos. O outro megulhou nas feridas mais profundas do mundo, fazendo-se um no meio dos mendigos e andarilhos, para melhor interceder por todos.
O monge-peregrino não tem pressa, pois o caminho é seu próprio mosteiro; não tem rumo, pois seu santuário são as pessoas que encontra. É livre, pois peregrina apenas para orar, e ora para peregrinar... O peregrino ora com os pés: suas longas horas caminhando se tornam oração.
Irmão Henrique - peregrino da Trindade
Fonte: Agenda Caminhos 2010

Um comentário:

  1. Irmão Henrrique e um girovago apostata freqüenta mosteiro budista e medita com eles adora o falso deus Buda e desencaminha freiras e religiosos. Queima.

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