sexta-feira, 31 de maio de 2013

Parábola do retorno


Um pai tinha dois filhos... o filho maior era o modelo de perfeição; o menor, um assíduo frequentador de bar com o dinheiro de seu pai.
O filho menor um dia partiu para fazer-se de louco... Acabou comendo restos. Os restos mal digeridos adoçaram seu coração e acabou voltando à sua casa arrependido pelos fracassos. O pai o esperava e o viu chegar de longe... Na festa do retorno mataram um bezerro cevado. O irmão maior protestou, mas aceitou assentar-se à mesa. O bezerro tinha gosto de perdão!
No dia seguinte os dois irmãos saíram para trabalhar no campo... a conversa foi feita por apenas uma palavra. Por cada vale que trabalhava o menor, o maior trabalhava três. Assim passaram-se os dias. O irmão maior fazia como sempre. O menor estava nervoso, saia às noites, voltava de madrugada com o hálito cheirando a bebida.
Um dia... desapareceu. Tinha voltado a fazer-se louco. No final de algum tempo voltou à sua casa vencido e acabado. O pai o esperava e viu-o chegar de longe.
Na festa do retorno mataram um cordeiro... A cara feira do filho maior entristecia toda a mesa, mas o cordeiro tinha um gosto mais delicado que o bezerro cevado. Tinha um gosto de perdão!
Passaram-se os dias... o irmão maior como sempre trabalhador... Um dia o menor não apareceu mais, tinha voltado a  fazer-se de louco. Pouco depois voltava fraco e desfeito... O pai esperava e ou viu chegar de longe... Na festa do retorno mataram um frango. O irmão maior estava chateadissímo, calava e comia com a cabeça enterrada no prato, mas o frango tinha um gosto mais delicado que o bezerro gordo, que o cordeiro... tinha gosto de perdão!
Passaram-se os dias... o irmão maior agia como sempre. O menor estava nervoso, dava para se ver na cara... Um dia não o viram mais. Outra vez “se mandou” para fazer-se de louco. Quando voltou tinha o rosto perdido de tristeza e já nem parecia um homem... o pai o esperava e o viu chegar de longe.
No festa do retorno só encontrou o prato na mesa. O irmão estava mais chateado que nunca. O pai calava, mas calava de outra maneira.
O filho menor soube que cada dia, cada dia... tinha tido na mesa paterna um lugar e um prato para ele. Esse prato vazio, sem carne, tinha um gosto melhor do que o bezerro, que o frango... Tinha o melhor gosto de todas as comidas... Era o gosto de um perdão infinito.
Continuaram passando-se os dias. O filho maior continuava perfeito como sempre. O pai continuava mantendo sua atitude dócil e acolhedora.
O filho menor partia e voltava, partia e voltava... Partia e voltava setenta vezes sete... O pai o esperava o via chegar de longe setenta vezes sete.
O filho menor sempre encontrava o prato na mesa. E aquele prato vazio que o esperava tinha o gosto mais delicado do mundo... O gosto do pão de cada dia.
O filho maior era incapaz de entendê-lo e o pai sabia disso. E sabia que o filho menor algum dia completamente vencido, sem forças, se sentaria a mesa para não partir nunca mais!
Bendito setenta vezes sete retornos...
Depois deles o filho menor sabia que tipo de pai tinha. Como sabemos todos nós que nos aproximamos do Sacramento da Reconciliação.

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