Um pai tinha dois
filhos... o filho maior era o modelo de perfeição; o menor, um assíduo
frequentador de bar com o dinheiro de seu pai.
O filho menor um dia
partiu para fazer-se de louco... Acabou comendo restos. Os restos mal digeridos
adoçaram seu coração e acabou voltando à sua casa arrependido pelos fracassos.
O pai o esperava e o viu chegar de longe... Na festa do retorno mataram um bezerro
cevado. O irmão maior protestou, mas aceitou assentar-se à mesa. O bezerro
tinha gosto de perdão!
No dia seguinte os dois
irmãos saíram para trabalhar no campo... a conversa foi feita por apenas uma
palavra. Por cada vale que trabalhava o menor, o maior trabalhava três. Assim
passaram-se os dias. O irmão maior fazia como sempre. O menor estava nervoso,
saia às noites, voltava de madrugada com o hálito cheirando a bebida.
Um dia... desapareceu.
Tinha voltado a fazer-se louco. No final de algum tempo voltou à sua casa
vencido e acabado. O pai o esperava e viu-o chegar de longe.
Na festa do retorno
mataram um cordeiro... A cara feira do filho maior entristecia toda a mesa, mas
o cordeiro tinha um gosto mais delicado que o bezerro cevado. Tinha um gosto de
perdão!
Passaram-se os dias... o
irmão maior como sempre trabalhador... Um dia o menor não apareceu mais, tinha
voltado a fazer-se de louco. Pouco
depois voltava fraco e desfeito... O pai esperava e ou viu chegar de longe...
Na festa do retorno mataram um frango. O irmão maior estava chateadissímo,
calava e comia com a cabeça enterrada no prato, mas o frango tinha um gosto
mais delicado que o bezerro gordo, que o cordeiro... tinha gosto de perdão!
Passaram-se os dias... o
irmão maior agia como sempre. O menor estava nervoso, dava para se ver na
cara... Um dia não o viram mais. Outra vez “se mandou” para fazer-se de louco.
Quando voltou tinha o rosto perdido de tristeza e já nem parecia um homem... o
pai o esperava e o viu chegar de longe.
No festa do retorno só
encontrou o prato na mesa. O irmão estava mais chateado que nunca. O pai
calava, mas calava de outra maneira.
O filho menor soube que cada dia, cada
dia... tinha tido na mesa paterna um lugar e um prato para ele. Esse prato
vazio, sem carne, tinha um gosto melhor do que o bezerro, que o frango... Tinha
o melhor gosto de todas as comidas... Era o gosto de um perdão infinito.
Continuaram passando-se os
dias. O filho maior continuava perfeito como sempre. O pai continuava mantendo
sua atitude dócil e acolhedora.
O filho menor partia e
voltava, partia e voltava... Partia e voltava setenta vezes sete... O pai o
esperava o via chegar de longe setenta vezes sete.
O filho menor sempre
encontrava o prato na mesa. E aquele prato vazio que o esperava tinha o gosto
mais delicado do mundo... O gosto do pão de cada dia.
O filho maior era incapaz
de entendê-lo e o pai sabia disso. E sabia que o filho menor algum dia
completamente vencido, sem forças, se sentaria a mesa para não partir nunca
mais!
Bendito setenta vezes sete
retornos...
Depois deles o filho menor
sabia que tipo de pai tinha. Como sabemos todos nós que nos aproximamos do
Sacramento da Reconciliação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário