O título que mais amou e propagou foi o de Maria,
Rainha dos Apóstolos. Na realidade, este título era inseparável de outros
dois: Maria Mãe e Mestra.
Tratava-se de uma herança recebida de Leão XIII, que
na encíclica Adjutricem popoli christiani (Auxiliadora do povo
cristão – 05/09/1895) havia declarado que a partir do Cenáculo Maria
aceitou e cumpriu a sua missão de ajudar «admiravelmente os primeiros fiéis com
a santidade do seu exemplo, com a autoridade dos seus conselhos, com a doçura
dos seus incentivos, com a eficácia das suas orações, tornando-se assim
verdadeiramente mãe da Igreja e mestra e Rainha dos Apóstolos, aos quais
comunicou também aqueles divinos oráculos que ela “conservava ciosamente no seu
coração”»
Para expor seu pensamento sobre o discipulado de
Maria, Alberione recorre a uma esplêndida pagina do livro Jesus Mestre, do
Padre João Roatta, ao falar da prova de sensibilíssima devoção ao Fundador
expressa no Santuário-Basílica Rainha dos Apóstolos, consagrado na conclusão do
Ano Mariano, em 1954:
“A função da Virgem-Mãe é aquela de fazer nascer e formar gradualmente
Jesus também em todos aqueles que devem “tornarem-se conformes à imagem do seu
Filho”. Maria nos está
diante como Mãe e Mestra, para nos oferecer um ensaio maravilhoso de como se
torna verdadeiros “discípulos” de Cristo, e para nos guiar a construir a pessoa
segundo a forma do Verbo.
Maria de
fato é o exemplar supremo do discipulado, como nos afirma claramente Santo
Agostinho: «Para Maria valeu mais o ser discípula de Cristo do que o ser sua
Mãe; foi para ela coisa mais feliz o ser discípula sua do que ser Mãe. Por isso
Maria era bem-aventurada, porque também, antes de dá-lo à luz, havia carregado
em seu seio o Mestre».
É um pensamento que será amplamente desenvolvido por
São Bernardo, para nos guiar a estudar as admiráveis disposições da “discípula”
perfeita do Altíssimo.
Exemplar perfeito do “discipulado”, Maria se torna o
exemplar perfeito do “magistério” ao lado do seu Filho Jesus. Há uma viva
relação entre Maria Santíssima e o Mestre da humanidade. Tornada Mãe de Cristo,
após ter sido sua “discípula” perfeitíssima, ela se tornou por sua vez Mestra
de Cristo, segundo a bela expressão de Santo Efrém: «Ave, ó Maria, que educaste
o Cristo comunicador da vida, o Cristo misericordiosíssimo criador e formador
de todo o mundo».
Numa memorável hora de adoração o Bem-Aventurado Tiago
Alberione entregou a Maria o Santuário como agradecimento à Virgem pela
proteção durante a guerra e fez esta oração:
“Tu, ó
Maria, tens uma missão social:
Primeiro:
santificaste uma casa, domicílio das virtudes domésticas; guarda a primeira
sociedade que é a família.
Segundo: deste início à vida religiosa com o voto de virgindade e a
observância de uma perfeita obediência e pobreza: guarda a sociedade religiosa.
Terceiro: carregaste nos braços a Igreja nascente, sociedade
sobrenatural instituída pelo teu Filho Jesus: guarda a Igreja.
Quarto: a ti foi confiada a humanidade, da qual és Mãe espiritual e que
deve irmanar-se numa sociedade supranacional: graças a Ti se unam os homens na
verdade, caridade, justiça: guarda a sociedade das Nações.
Quinto: Em Jesus Cristo és a Mãe da civilização, que brota do
Evangelho e se realiza na obra da Igreja: guarda a verdadeira civilização”.
A descrição de quem é o apóstolo, feita pelo
Bem-Aventurado Tiago Alberione, se aplica de modo especial a Maria:
“Apóstolo
é quem leva Deus na própria alma e o irradia ao redor de si. É um santo que
acumula tesouros, e comunica o que excede às almas. É um coração que ama tanto
a Deus e os homens, e não pode mais comprimir em si quanto sente e pensa. É um
ostensório que contém Jesus Cristo, e expande uma luz inefável ao redor de si.
É um vaso de eleição que reversa, porque cheio demais, e de sua plenitude todos
podem gozar. É um templo da Santíssima Trindade, a qual é sumamente operante;
de todos os poros transpira Deus: com as palavras, as obras, as orações, os
gestos, as atitudes; privadamente e em público. Agora, com este retrato,
examinai o rosto de pessoas, próximas ou distantes: reconheceis nele o
apóstolo? Em sumo grau, com inatingível semelhança é o rosto de Maria. Seguirá
depois Paulo”.
Maria é a missionária a quem devemos
imitar, amar, rogar e seguir, pois ela sempre nos levará a Jesus Mestre,
Caminho, Verdade e Vida.
Texto extraído do retiro pregado por Pe. Antonio
F. da Silva, ssp,
em maio de 2011 aos Institutos Paulinos de Vida secular
Consagrada.
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