Nossa
vida é uma contínua busca, pois nossa fome e sede é sempre a de encontrar um
sentido que nos leve a mais vida. E como viver para termos a vida por
excelência, o dom de Deus que chamamos de vida eterna ou vida em plenitude?
Devemos esperá-la para depois da morte ou podemos experimentá-la desde já? Qual
o segredo que nos leva ela?
O amor é o centro da vida (Lc 10,25-28)
O especialista
em leis quer colocar Jesus numa armadilha e pergunta o que deve fazer para
herdar a vida eterna. Tratando-se de um especialista na legislação, a armadilha
é ver se Jesus é fiel às Escrituras e se ele observa os 613 mandamentos que o
judaísmo prescrevia.
Jesus não responde, mas devolve a pergunta ao especialista. Ele sabe que no tempo se discutia muito sobre qual seria o resumo e o núcleo fundamental de todos os mandamentos. O especialista responde, unindo Deuteronômio 6,5(amor a Deus) com Levítico 19,18(amor ao próximo). Notar que um só verbo comanda os dois mandamentos, mostrando que Deus e o próximo são como que as duas faces da mesma moeda do amor. O amor a Deus é a mística interna que rege a prática externa do amor ao próximo. O amor a Deus exige total devoção (coração, alma, força,mente), e o amor ao próximo total identificação ( como a si mesmo). Jesus aprova, e confirma que a vida, e portanto também a vida eterna, se encontra na experiência e na prática do amor. Tanto mais vida teremos quanto mais nos entregarmos à mística e à pratica do amor.
Jesus não responde, mas devolve a pergunta ao especialista. Ele sabe que no tempo se discutia muito sobre qual seria o resumo e o núcleo fundamental de todos os mandamentos. O especialista responde, unindo Deuteronômio 6,5(amor a Deus) com Levítico 19,18(amor ao próximo). Notar que um só verbo comanda os dois mandamentos, mostrando que Deus e o próximo são como que as duas faces da mesma moeda do amor. O amor a Deus é a mística interna que rege a prática externa do amor ao próximo. O amor a Deus exige total devoção (coração, alma, força,mente), e o amor ao próximo total identificação ( como a si mesmo). Jesus aprova, e confirma que a vida, e portanto também a vida eterna, se encontra na experiência e na prática do amor. Tanto mais vida teremos quanto mais nos entregarmos à mística e à pratica do amor.
Amor é
prática e não teoria (Lc 10,29-37)
O especialista
em leis não se dá por vencido e coloca outra pergunta: “Quem é o meu próximo?”
Isso também era muito discutido naquele tempo e ainda hoje está presente em
nossas cabeças. O próximo é o parente, o amigo, o colega, os que são da mesma
religião, raça, partido, classe social? Por trás disso tudo, o que se tenta é
estabelecer as fronteiras do amor. Quem ficar fora da fronteira não merece
nosso amor. Jesus não discute a teoria sobre o próximo. Em vez disso, conta uma
parábola e novamente devolve a pergunta ao especialista. A estrada de Jerusalém
a Jericó ainda hoje é perigosa, e tudo faz pensar que o homem que foi assaltado
e quase morto é um judeu. O sacerdote e o levita vêem o homem caído e se
desviam “pelo outro lado”. Certamente tinham boas teorias sobre o próximo, e
não vale a desculpa de que tivessem medo de tocar um provável morto e ficar
impuros, pois estavam vindo e não indo para o Templo em Jerusalém.
Em
contrapartida, um samaritano, inimigo tradicional dos judeus, se aproxima, vê e
se enche de compaixão, ou seja, “sofre junto” com o homem ferido. E começa a
prática do amor. Ali mesmo faz os primeiros cuidados, coloca o ferido no seu
jumento e, a pé, vai até uma pensão, onde continua a cuidar dele. No dia
seguinte dá duas moedas (salário de dois dias) ao dono da pensão e
compromete-se a pagar o que mais for gasto. A parábola descreve tudo o que
samaritano fez, para salientar que a prática do amor não tem limites. É a
necessidade do outro que diz o que deve ser feito e até que ponto se deve amar.
Além disso, o amor quebra todas as fronteiras: o samaritano não se pergunta se aquele
ferido era judeu ou não.
O próximo é qualquer
pessoa que eu encontro. E Jesus pergunta ao especialista: “Qual dos três foi o
próximo de homem que caiu na mão dos assaltantes?” Ou seja, quem foi que se
tornou próximo dele? A questão muda radicalmente. O amor nasce da mística
interna do amor a Deus, que faz com que nos aproximemos do necessitado e
respondamos concretamente às suas necessidades. O especialista estava preocupado
com a fronteira do amor. Jesus mostra que o amor é um centro que irradia ações
práticas e não conhece nenhuma fronteira. O especialista reconhece isso, e a
palavra misericórdia (= mandar o coração) mostra bem que torna-se próximo é
entrar em sintonia com o outro e sofrer junto com ele (compaixão). E, no fim, temos a ordem solene: “Vá, e faça
a mesma coisa”. Em outras palavras, preocupe-se em realizar concretamente a
prática do amor, sem se preocupar com as teorias sobre o próximo que merece o
seu amor.
Três
modos de ser e de viver
Na parábola são
apresentados três modos de ser e de viver: o dos assaltantes, o do sacerdote e
do levita, e o do samaritano. São três compreensões diferentes, que condicionam
o ser e o comportamento das pessoas. O ladrão acha que “ o que é teu é meu”, e
vive à espreita contínua do roubo e da exploração. O sacerdote e o levita acham
que “o que é meu é meu”, e se fecham no que são e no que possuem, deixando que
os outros “se virem”. Já o samaritano acha que “o que é meu é teu”, e reparte
não só seu coração, mas também seu tempo e tudo o que possui. Não há outros
modos de ser e de viver, e tudo nas relações entre as pessoas é governado por
um desses modos. Resta ver qual deles nos encaixamos, lembrando que o evangelho
está radicalmente do lado do samaritano da parábola.
Obedecer
à palavra de Jesus (Lc 10,38-42)
A partir de João
11,1-44 sabemos que Jesus era amigo de Marta e Maria, que elas moravam em
Betânia e que tinham temperamentos diferentes. Marta certamente está preocupada
em preparar uma boa refeição, enquanto Maria se preocupa em ouvir Jesus. A
resposta à reclamação de Marta mostra que mais importante do que simplesmente
fazer as coisas é fazê-las de modo novo, inserindo tudo no projeto de Jesus. É
a palavra de Jesus que mostra o que fazer e como fazer.
Não se diz o que
Jesus estava falando a Maria, mas, colocando logo após Lc 10,25-37, o episódio
frisa as duas ordens de Jesus (Lc
0,28 e 37). A grande ordem de Jesus é amor,
cuja mística nos une a Deus e cuja prática nos une ao próximo. É o amor que
revela o sentido da vida, fazendo-nos realizar com gosto e alegria aquilo que
deve ser feito neste momento. E convém lembrar que o nome “Marta” significa
“amargor”. De que vale fazer tudo, mas com amargor?
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