Cecília Andorno foi uma verdadeira buscadora apaixonada do eterno, uma contemplativa do Amor que soube transformar a vida em compromisso concreto com a realidade a ponto de doar/consumir a vida pelas vocações.
Nasceu em Turim em 22 de abril de 1942. Desde jovem cultivava o desejo de ser religiosa e seu discernimento vocacional era claro para a vida monástica sacramentina mas, um encontro com pe. Tiago Alberione no início da década de 1960 revirou completamente sua vida ao lhe dizer: “não, você será uma Apostolina”.
Pe. Silvio Pignotti, ex-superior geral dos padres paulinos, recorda-se que em certa circunstância ela própria lhe contou, “quase rindo, seus primeiros encontros com pe. Alberione e suas teimosias em seguir-lhe os conselhos na questão vocacional, considerando que sua consagração religiosa, já naquela altura amadurecida, deveria seguir em direção contrária aquela que ele sugeria.
Mas, uma vez amadurecida a escolha pelas Apostolinas, se colocou sem reservas para assumir o espírito e o carisma da jovem congregação, nutrindo um vivo reconhecimento para com o Fundador”. E foi assim, que aos 21 anos, em 7 de outubro de 1963 entrou na congregação e em 8 de dezembro de 1966 fazia sua primeira profissão religiosa doando sua vida pelas vocações.
Fazer memória de pessoas como ir. Cecília é como acender pequenas luzes em meio a penumbra de um contexto marcado pela busca de santidade, de pessoas que tiveram e têm a coragem de pautar sua existência por uma mística centrada em Deus.
A santidade impulsiona a pessoa para a ação, mas, um agir norteado pela Palavra de Deus. Dom Ercílio Turco então bispo em Limeira, diocese onde ela atuou por mais de um ano, mesmo morando na cidade de São Paulo, atesta: “Irmã Cecília passou entre nós fazendo o bem aos jovens e adultos de nossas comunidades. Com sua calma e serenidade ajudava a todos a discernir a voz de Deus e a dar reposta à vocação. A presença de irmã Cecília foi entre nós um sinal da presença de Jesus nas celebrações das comunidades, nos encontros de vocacionados (as), nas reuniões de agentes da pastoral vocacional, nos contatos com candidatos ao seminário e seminaristas. Igualmente ouviu muitas jovens que desejavam refletir sobre a vida religiosa. Foi uma presença abençoada para todos. Olhava sempre o futuro com muita confiança e esperança fazendo descobrir o sentido da vida no encontro com Cristo, através da Palavra de Deus e da pessoa dos irmãos”.
A marca de uma pessoa que trilha os caminhos da santidade é a felicidade transparente, contagiosa e verdadeira, de quem realmente fez a experiência do encontro com Aquele que é o totalmente Outro. Irmã Elide Pulita, paulina brasileira, afirma que foi “testemunha da profunda alegria vocacional que envolvia todo o ser da irmã (Cecília), seu horizonte e olhar grande, sua capacidade de sofrer e de respeitar a pessoa do outro. Particularmente notável seu espírito de fé e de oração, seu amor à Congregação das Apostolinas e à Família Paulina, sua contínua atitude de gratidão”.
Após uma longa e diversificada experiência religiosa e pastoral na Itália, em 13 de janeiro de 1985 juntamente com ir. Teresa Boschetto dá início a uma nova fundação na cidade de São Paulo, a primeira fora da Itália. Em 1997 é eleita superiora geral, devendo assim retornar à Itália. Mas este retorno foi lido e acolhido por ela como obediência à vontade de Deus.
Em 1998 retornou ao Brasil por ocasião da profissão perpétua de ir. Clotilde e, nesta ocasião, se manifestaram os primeiros sinais de sua doença. Tempos mais tarde se viria a saber que era uma forma de tumor celebral dos mais vorazes, deixando pouco ou quase nada a se fazer.
Também isso foi lido por ela como sinal de Deus: “Não foi por acaso que essa doença se manifestou no Brasil, é pela nossa comunidade, pelas vocações que devem chegar, por aquele povo, pela Família Paulina de lá... deve ser alguma coisa grande e, aquilo que é grande tem um preço a ser pago”. À ir. Franca Larratore, hoje superiora geral das Apostolinas, dizia: “Sabe, não consigo me chatear com Deus diante das coisas que coloca à minha frente. Pois, quando digo: seja feita a sua vontade, eu me coloco em suas mãos dizendo a Ele que faça de mim aquilo que deseja. Como posso dar para trás depois?”. Uma de suas últimas frases antes de entrar num silêncio quase completo foi: “As coisas não nos pertençem. É necessário deixar as bobagens de lado e fazer verdadeiramente aquilo que o Senhor quer. [...] Não tenho preocupações: nós somos todas de Deus e em suas mãos”.
Ir. Giuseppina Alberghina, ex-superiora geral das Irmãs Pastorinhas, recorda-se que “quando ela me comunicou o diagnóstico de sua doença, o fez com serenidade e profunda paz, que me surpreenderam. Viveu esse anúncio como uma nova vocação na vocação. [...] Considero ir. Cecilia um sinal luminoso da santidade típica da vida religiosa apostólica: uma contemplativa na ação, uma apóstola no diálogo contínuo com seu Mestre e Senhor, uma irmã companheira de caminho rumo ao Reino, uma verdadeira filha de Alberione”.
Seus últimos dias foram marcados pelo silêncio quebrado apenas por algumas palavras que permanecem como testamento vocacional e espiritual para nós hoje: “É o Senhor”, “Altíssimo”, “Agora sim!”, “Nossa Senhora Aparecida”.
Irmã Cecília faleceu no dia 06 de junho de 1999 e como escreveu Dom Franco Masserdotti ela foi uma verdadeira santa de família: “Verdadeiramente sinto Cecília próxima como uma irmã de caminhada com sua humanidade doce e atenta, sua paixão pela pastoral vocacional, sua capacidade de contemplar o Senhor na oração, nas pessoas, nas coisas, nas situações. É um grande exemplo de doação generosa à missão, é uma santa de família que do céu intercede por nós”.
ir. Clotilde Prates de Azevedo, ap
ir. Clotilde Prates de Azevedo, ap
Nenhum comentário:
Postar um comentário