sexta-feira, 10 de junho de 2011

Jovens de classe média adotam a preguiça como profissão


Andréa M., 22, formada em gastronomia, revela sua receita predileta: levar a vida em banho-maria. "Em plena quarta-feira, fui à praia com uma amiga. Se eu estivesse trabalhando, isso não seria possível", diz. Qualidades não faltam a Andréa. Além do talento na cozinha, fala espanhol fluente.
Mas, no currículo, há somente quatro experiências que não somam mais do que seis meses de trabalho. Ela conta que, para espantar a monotonia, sai três ou quatro vezes por semana. Seu roteiro inclui bares e baladas na Vila Madalena.
Andréa admite que os seus pais não concordam muito com sua situação atual. "Vivem me dizendo para ir trabalhar. Mas agora, no inverno, prefiro é ficar embaixo das cobertas."
Andréa está entre os 3,4 milhões de brasileiros com menos de 24 anos que não estão nas salas de aula e nem atuando no mercado formal de trabalho. O número é um estudo recente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas). A maioria desses jovens, porém, não está longe do mercado de trabalho por preguiça. Há todo tipo de razão: rapazes fora do mercado por causa do serviço militar, jovens mães, portadores de deficiência física ou mental, dependentes químicos e, é claro, gente que procura emprego e não acha. Esses 3,4 milhões representam menos de 15% dos brasileiros entre 18 e 24 anos. É um valor bem menor do que os quase 50% de jovens desempregados na Espanha, por exemplo, onde surgiu a geração "ni-ni", de "ni estudian, ni trabajan".
Andréa, porém, está confortável com a sua situação de "ni-ni", ao contrário dos jovens espanhóis, que vão às ruas protestar. Ela não é, claro, a única jovem com boa formação que optou, com a anuência dos pais, pelo ócio como forma de vida.
CARLOS MINUANO - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Fonte folha UOL - Leia mais

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