Com chegamos a experimentar Deus, depende da interpretação que damos às nossas experiências. Quando alguém interpreta sua doença como castigo de Deus, há de sentir a doença, como também a Deus, de uma maneira negativa. Mas se ele entende a doença como uma amiga que o deseja introduzir na arte da verdadeira vida, sua relação com a doença há de ser outra. Então se há de formar em sua alma uma imagem diferente de Deus. Depende de nossa imagem de Deus como havemos de viver, se decepamos a nossa força vital ou se a deixamos desenvolver-se. Existe para mim uma passagem de importância decisiva no evangelho de Mateus, que pretende nos indicar como devemos entender a Deus, a Jesus Cristo e a nós próprios, e como podemos falar adequadamente de Deus e de nós mesmos. É a cena em que Jesus pergunta: "No dizer do povo, quem é o Filho do homem?" (Mt16,13). As três respostas dadas pelas pessoas mostram que também hoje nós cristãos vemos Jesus através de óculos embaçados. Mas, nestas três respostas, trata-se não apenas da reta imagem de Jesus Cristo, mas também da reta imagem do Deus anunciado por Jesus. Para nós, cristãos, a experiência de Deus sempre tem a ver também com a imagem de Jesus Cristo e com sua mensagem a respeito de Deus. Jesus abriu nossos olhos para que possamos ver a Deus corretamente. Mas Jesus não é o arauto de uma mera imagem de Deus. Ele diz a respeito de si próprio: "Quem me viu, viu o Pai" (Jo 14,9); A experiência de Deus sempre está marcada pelo mistério do Deus trino, o mistério da Trindade. Em Jesus, vemos o Pai. E não compreendemos Jesus sem o Deus que ele nos enviou como advogado. Assim, toda experiência de Deus é sempre uma atitude de se deixar levar para dentro do mistério do Deus trino.
Anselm Grun
Nenhum comentário:
Postar um comentário