terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

“A Pastoral Juvenil é vocacional”

Na carta mensal, enviada aos párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil, dom Eduardo Pinheiro da Silva, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, apresenta reflexão sobre a “Vida Consagrada”, celebrada mundialmente, no
dia 2 de fevereiro.
O bispo diz que, por meio da Pastoral Juvenil, nascem diferentes vocações entre os jovens. “A Pastoral Juvenil é, intrinsecamente, Pastoral Vocacional, ou não é “Pastoral”! Em seu bojo, todo serviço aos jovens deve se tornar um apelo cativante, possível e concreto de seguimento a Jesus Cristo, nas mais variadas vocações”, explica dom Eduardo.

Leia íntegra da Carta
Brasília, 1º de Fevereiro de 2015.
Caros párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil.
“Ele será um sinal de contradição” (Lc 2, 34)
 No Templo, no dia em que Jesus é apresentado, Simeão profetisa que aquele Menino que veio como “Luz para iluminar as nações” se tornará, por isto, “sinal de contradição”. Também o jovem, pelo seu jeito dinâmico de ser nesta fase da vida, carrega em si esta marca que, quando bem entendida e valorizada, traz benefícios para todos. É importante reconhecer isto e garantir-lhe condições de seu desenvolvimento sadio.
“Nunca percam a esperança e a utopia, vocês são os profetas da esperança, são o presente da sociedade e da nossa amada Igreja e por sobre todo são os que podem construir uma nova Civilização do Amor. Joguem a vida por grandes ideais. Apostem em grandes ideais, em coisas grandes; não fomos escolhidos pelo Senhor para coisinhas pequenas, mas para coisas grandes!” Com estas palavras o Papa Francisco se dirigiu à Pastoral da Juventude em seu 11º. Encontro Nacional, que aconteceu em Manaus, no final do mês passado, com a presença de jovens de todas as partes do país. Mensagem animadora a todos os jovens e, ao mesmo tempo, questionadora aos adultos responsáveis pela sua vida, educação e evangelização. Se, por um lado, a decisão por uma vida significativa depende do próprio jovem, por outro, exige dos adultos e das estruturas eclesiais condições favoráveis para uma alegre e consistente resposta.
Por isso, nos perguntamos:
“Nossas comunidades paroquiais e os projetos juvenis estão se empenhando para ajudarem os jovens a não perderem ‘a esperança e a utopia’ e a se tornarem verdadeiros ‘profetas do presente’? Ou temos perdido ricas ocasiões de formação de líderes para a Igreja e para a sociedade? O que se faz urgente renovar em nossa oferta às novas gerações para que as mesmas se sintam mais atraídas, corresponsáveis e capacitadas na construção da Civilização do Amor?”
“Além disso, o que estamos fazendo de concreto para que os jovens sejam incentivados a pensar e a apostar ‘em grandes ideais, em coisas grandes’, como expressou o Papa?” Não dá para ignorar que neste pedido do Papa Francisco há um forte convite vocacional aos jovens: “fomos escolhidos pelo Senhor para coisas grandes”! A pastoral juvenil é, intrinsicamente, pastoral vocacional, ou não é “pastoral”! Em seu bojo, todo serviço aos jovens deve se tornar um apelo cativante, possível e concreto de seguimento a Jesus Cristo, nas mais variadas vocações. “A dinâmica pastoral paroquial tem se debruçado neste assunto, buscando com criatividade novas formas de vivência da cultura vocacional no meio da juventude?”
Com a Festa da Apresentação de Jesus no Templo, no dia 2 de fevereiro, celebramos também o “Dia Mundial da Vida Consagrada”. A Vida Consagrada, reconhecida como uma das formas de radicalidade de entrega na dinâmica do Evangelho, é acolhida pela Igreja e, como Jesus, se apresenta como “luz para as nações” nas periferias existenciais da humanidade e “sinal de contradição” na sociedade, ousando o novo, profetizando a vitória da vida sobre a morte! A Igreja reconhece a novidade do Espírito Santo que presenteia o mundo com homens e mulheres dispostos à entrega radical da vida à missão evangelizadora de Jesus Cristo.
Sabendo que a Igreja precisa dos consagrados, quais “pontas de lança” e profetismo que abrem caminhos em vista da vida do povo, ela se compromete com a dinâmica vocacional, sinal de sua vivacidade e atualização no tempo. Assim sendo, como nossas paróquias e comunidades têm se organizado para envolver os jovens nesta perspectiva de Vida Consagrada?
Estamos iniciando, a pedido do Papa, o “Ano da Vida Consagrada”. Não seria nada mau se, durante este ano, com relação a este tema nossas paróquias fossem mais criativas, junto aos fiéis, à catequese e às organizações juvenis. Eis aqui algumas sugestões:
-  fazer levantamento das Comunidades Religiosas presentes no território paroquial;
-  confeccionar e expor um mural ou vídeo sobre estas Congregações;
-  esclarecer sobre a diferença entre consagrados leigos e consagrados religiosos;
- convidar os consagrados para falarem aos jovens;
-  divulgar folhetos e outros subsídios sobre os Fundadores (as) e as atividades do carisma;
-  pesquisar e estudar a vida dos santos que pertencem às Comunidades Religiosas;
-  organizar visitas dos jovens nas Casas Religiosas e em suas Obras Sociais;
-  celebrar os aniversários de Profissão Religiosa dos consagrados e consagradas locais;
-  esclarecer sobre a importância e a identidade desta vocação específica na Igreja;
É claro que, acima de tudo, a animação vocacional entre os jovens se dá pela experiência concreta de convivência com pessoas entusiasmadas pela própria opção de vida consagrada, afinal de contas, “A vida consagrada não cresce, se organizarmos belas campanhas vocacionais, mas se as jovens e os jovens que nos encontram se sentirem atraídos por nós, se nos virem homens e mulheres felizes! De igual forma, a eficácia apostólica da vida consagrada não depende da eficiência e da força dos seus meios. É a vossa vida que deve falar, uma vida da qual transparece a alegria e a beleza de viver o Evangelho e seguir a Cristo.” (Carta Apostólica do Papa Francisco para a proclamação do Ano da Vida Consagrada, 21/11/2014).
Nossa Senhora da Candelária, Mãe da Luz, fortaleça nossos queridos e queridas consagradas com a renovação do ardor missionário e com o aumento de suas vocações; e auxilie nossas paróquias e iniciativas juvenis a ousarem convites cativantes aos jovens para esta vocação específica da vida cristã.
Com estima,
Dom Eduardo Pinheiro da Silva, sdb
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB


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