
A estas perguntas a fé da Igreja responde nos indicando alguns acontecimentos, nos quais a graça do Eterno nos é oferecida em gestos e palavras da nossa história: os sacramentos, lugares do encontro com Deus. Por isso, conhecer e viver os sacramentos é tão importante para fazer experiência do amor, revelado e doado em Jesus Cristo.
Um esclarecimento inicial irá nos ajudar a ir além da dificuldade de uma palavra, tão antiga e usada quanto frequentemente obscura ou confusa, como é a palavra "sacramento": a palavra deriva do latim, onde era usada com o significado de "juramento de fidelidade" (sacramentum). Entre dois amigos, entre dois contraentes, entre um cidadão e a res publica, estabeleciam-se pactos solenes e selados por um "sacramento". Quando se começou a traduzir a Bíblia para o latim, esta palavra pareceu apropriada para expressar o termo grego "mistério", que no Novo Testamento - sobretudo em Paulo - designa o plano divino de salvação, que se vem realizar no tempo. O "mistério" é uma espécie de pacto com o qual Deus se destina ao homem no amor, entra na sua história e o chama a edificar com ele o seu projeto de salvação. No "mistério", a glória divina é escondida e, ao mesmo tempo, revelada nos sinais da história, como acontece exatamente em Jesus Cristo, em quem Deus nos fez conhecer o desígnio da sua vontade (cf. Ef 1,9), desde sempre envolto no silêncio (cf. Rm 16,25), e nos deu o Espírito para realizá-lo.

Nesse encontro, assume um lugar importante o nosso corpo, que é atingido pela graça divina através de sinais, gestos e palavras visíveis, perceptíveis e audíveis pelos nossos sentidos também assim o Deus cristão mostra a dignidade e a importância que tem para ele a nossa humanidade em todas as suas expressões. Toda salvação votada só para alma, todo desprezo do corpo e das suas exigências são excluídos do cristianismo, que é, por excelência, a religião do encontro histórico e sacramental com Deus. Pode-se dizer até que o sacramento é o advento de Deus na corporeidade, e que toda a história da salvação, enquanto comunicação da vida divina ao homem nos sinais do tempo e do espaço, é a história do envolvimento de Deus com a consistência da nossa história, em todas as suas expectativas e resistências, os seus ímpetos e medos: verdadeiramente o amor divino "toma corpo" na história para se comunicar a nós e atrair-nos para si.
Para expressar esse empenho divino total nas palavras e nos gestos humanos, que constituem os sacramentos, fala-se dele como de um "sinal eficaz da graça": com esta fórmula, quer-se lembrar tanto os aspectos visíveis, audíveis e perceptíveis do acontecimento sacramental (o "sinal"), como também a vida divina oferecida aos homens através deles pelo amor do Eterno (a "graça"). A fórmula evidencia, além disso, a relação real e transformadora que se estabelece entre Deus e o homem mediante a celebração do sacramento (a "eficácia"). Ela traduz, assim, a verdade estupenda do encontro pessoal entre o Deus divino e o homem vivo, que se realiza nos sacramentos, através das palavras e dos gestos queridos pelo Senhor, como veículos das sua doação ao home, que é chamado, por sua vez, a corresponder ao dom com a liberdade de um assentimento, que a graça prepara e torna possível.

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