terça-feira, 11 de agosto de 2015

Para Deus, criar é chamar

Para Deus, criar é chamar cada um de nós pelo nome, e o homem só é plenamente ele mesmo, só descobre sua verdadeira identidade ao responder livremente a esse chamado. Um dos maiores sofrimentos do ser humano é o de viver sem descobrir um sentido para sua vida, é ter de se resignar ao absurdo da existência, é ter a impressão de que é um sopro efêmero e inútil, que não serve para nada e que ninguém tem necessidade dele. Encontrar sua “vocação” é encontrar a felicidade e a paz interior.
                Nós sabemos como a vida se torna rapidamente insignificante se ninguém mais fala conosco. O que seria de uma vida cristã, se Deus, através de sua Palavra, dos outros, ou por acontecimentos nada me pedisse? Ou se Deus fosse reduzido a um objeto de estudo, se a Boa Nova fosse apenas uma lei ou uma prática cultural a observar no domingo?
                Ao lermos os escritos da jovem Igreja nascente, percebemos que os primeiros cristãos estão entusiasmados por essa Boa Nova: Deus chama cada um pelo seu nome. Após Jesus Cristo, todos os que creem são “os que são chamados, que são amados por Deus Pai” (Jd 1,1), os “santos pelo chamado de Deus” (Rm 1,1 e 7).            Mas como ouvir esse chamado na cacofonia dos sons e das imagens do nosso mundo interior moderno? Como escutar o apelo de seu Espírito, esse fogo misterioso que desperta e que aquece nosso coração via múltiplas mediações: aspirações íntimas, gritos dos homens e mulheres, expectativas dos povos, necessidade da Igreja.
                Desde o chamado de Abraão é ainda esse diálogo de amor que prossegue. Assim, para melhor compreender nossa “história santa”, começaremos por reler algumas passagens da Bíblia para descobrir que Deus é um Amor que chama: um chamado do amor.         Só muito lentamente, em etapas sucessivas, é que o homem abriu-se à gratuidade do Chamado de Deus. Através da aventura humana e espiritual do povo de Deus, e de algumas grandes figuras bíblicas, vamos discernir os fundamentos e as características de cada vocação e de cada missão. Compreenderemos como é grande o desejo de Deus de fazer do homem um parceiro voltado para um futuro a ser construído.

                Esse apelo misterioso de Deus, talvez já o tenhamos experimentado na prece e em nosso engajamento quotidiano. Um chamado que convida à alegria, à felicidade eterna na luz do ressuscitado. E veremos que, embora esse chamado de Deus possa às vezes surpreender, incomodar e nos levar para uma aventura imprevista, ele sempre dá um sentido à nossa existência.
Michel Hubat - Deus te chama pelo nome ed. Loyola

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