sábado, 10 de abril de 2010

O que é vocação?


O documento final da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, mais conhecido como “Documento de Aparecida” afirma, em seu n. 16, que hoje enfrentamos o desafio fundamental de “mostrar a capacidade da Igreja para promover e formar discípulos e missionários que respondam à vocação recebida e comuniquem por toda parte, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo”.
Essa dificuldade em responder “à vocação recebida” pode ter como origem a falta de clareza do que seja Vocação. Não ter claro o conceito de vocação e consequentemente de um agir vocacional pode estar na base do desafio que não só a Igreja, mas também nossas comunidades enfrentam.
É muito comum ouvir afirmações do tipo: “tenho vocação para ser jogador de vôlei, modelo, médico”. Se, perguntarmos a um jovem se ele tem vocação, a resposta, muitas vezes, é: “não..., não quero ser padre” ou “nunca pensei em ser irmã”. Afirmações assim, demonstram uma confusão entre vocação e profissão. Sendo assim, é importante entender o que realmente é vocação.
A palavra Vocação deriva de uma palavra latina que significa Chamado e está intimamente ligada ao nosso existir como pessoa e ao sentido de nossa vida.
O Guia Pedagógico de Pastoral Vocacional da CNBB afirma que “na Igreja, ‘vocação’ é o apelo de Deus que chama uma pessoa para uma missão ou serviço”.
A partir desta definição podemos concluir que vocação é “um inefável diálogo entre Deus e o homem, entre o amor de Deus que chama e a liberdade do homem que no amor responde a Deus”. Ou seja, ela é um dom e um diálogo de amor entre Deus e o ser humano e não se limita a uma escolha profissional, mas está intimamente ligada a uma pergunta chave: qual o sentido da vida?
A partir dessa definição de vocação, podemos ressaltar duas palavras: dom e diálogo.
A vocação é um dom, um presente que recebemos de Deus. Sendo assim, ela não é finalizada única e exclusivamente ao bem da pessoa chamada, mas é sempre em vista de uma missão. Na base desse dom (da vocação), há um diálogo. Esse diálogo acontece num contexto de liberdade: a pessoa chamada é livre para dizer NÃO. Por isso mesmo, o diálogo exige da pessoa chamada a consciência do que seja liberdade e a coragem para entrar em um processo contínuo de discernimento: “hoje [...] eu lhe proponho a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Escolha, portanto, a vida” (Dt 30,19).
O chamado ou eleição divina se manifesta em nosso dia-a-dia através de nossa livre e amorosa resposta e adesão ao projeto de Deus, por meio do seguimento a Jesus Cristo. Desta forma, é importante ter presente que não somos nós que escolhemos seguir a Jesus Cristo, mas somos escolhidos pelo Pai.
Portanto, não é demais relembrar que a vocação nunca é finalizada na pessoa, mas é sempre em vista de uma missão e para uma comunidade concreta. O aspecto da realização pessoal existe, fomos criados e chamados à vida para sermos felizes, mas essa realização não tem um fim em si mesmo. Vocação é dar a vida pela defesa da vida (cf. Jo 10,11; 15,13), ou seja, viver a vocação é a capacidade de saber amar e requer da pessoa: doação, disponibilidade, entrega e muitas vezes renúncia a tendências e desejos bons e não só a contra valores; leva a pessoa a ser atenta e disponível às necessidades da comunidade e de sua missão; não é fruto de uma escolha pessoal, mas um encargo e revela que a vontade de Deus é algo irreversível, pode haver resistência, mas aos poucos a pessoa termina por aceitar a proposta de Deus, até chegar ao ponto de abandonar completamente seus projetos e interesses pessoais.
São muitos os caminhos do “Sim” vocacional. Para alguns este “sim” se realizará como cristão leigo(a) (matrimônio, solteiro) e na vivência dos vários serviços e ministérios não ordenados presentes na comunidade; outros darão sua resposta na vida consagrada (vida religiosa, institutos seculares); alguns encontrarão no ministério ordenado (diácono, presbítero, bispo) o seu caminho. Os caminhos não importam, todos são formas amorosas e criativas que Deus encontrou para vivermos com Ele no amor. Eles nos diferenciam teologicamente, mas têm igual dignidade, pois, nascem da mesma raiz: o Batismo, fonte de todas as vocações e ministérios.
Ir. Clotilde P. de Azevedo, ap

Um comentário:

  1. O blog está lindo. Pensava que vocês iam ficar só no msn e no orkut, mas como estou vendo vocês já estão bem avançadas (mais do que eu)... rsrsrs... estou seguindo vocês no blog e no twitter... vou marcar presença lá e aqui... gostei muito... um grande abraço!!!

    ResponderExcluir