quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Por que tanto Amor fechado em suas casas?

Estou trabalhando para um Instituto de Estatística levantando informações sobre a população e queria partilhar com vocês alguns sentimentos que se fixaram à mim nesse último mês. A principio eu escolhi um setor para fazer esse levantamento de dados no bairro da Vila Brasilina, São Paulo, por ser próximo à paróquia Santa Ângela e São Serapião da qual eu participo como catequista de crisma e coordenadora do Grupo de Jovens. Achei que assim eu encontraria mais pessoas conhecidas o que talvez facilitasse o meu trabalho, mas as coisas não foram bem assim. De quase 300 casas que eu visitei reconheci no máximo 10 pessoas que participam da vida na paróquia, mais umas 10 que eu reconheci por ter visto passar pela paróquia nas catequeses, missas etc. Em 6 quarteirões do nosso bairro pelos quais eu já passei nesse trabalho, foram cerca de 200 domicilios, cerca de 700 moradores... e pouquissimos participam da vida na paróquia. Muitos conhecidos me perguntam se as pessoas tem me atendido mal. Na verdade não. Pelo contrário, foram pouquissimos os que me trataram com rispidez. A maioria das pessoas foram cordiais, gentis, e me trataram com Amor. Talvez nesse mês eu tenha tido um contato maior com o Amor do que durante boa parte da minha vida. É claro que sempre foi enorme o Amor que eu recebi da minha família, mas eu experimentei um Amor de pessoas que nem me conheciam! Um Amor gratuito de quem sabia que eu não poderia oferecer nada em troca. Vi pessoas boas amando pelo simples prazer de amar. Foram pessoas abrindo suas casas, se desculpando por não ter feito um bolo pra me receber, me oferecendo água, refrigerante, janta, bombom, experiências de vida, e Amor.... Muito Amor...! Pessoas da comunidade eclesial com histórias de vida que nós nem imaginamos quando nos fechamos às pessoas que nos buscam na paróquia. E eu tive com muitos um contato de no máximo 10 minutos. Muitos estrangeiros, muitos viuvos e viuvas, tantos doentes... Algumas mães solteiras, muitas delas bem novinhas. Foram poucas, mas ainda assim pessoas com baixa escolaridade (talvez por serem poucas se sintam ainda mais excluídas). Muitos velinhos, muito solitários... e que força pra viver mesmo nessa solidão! Teve outra coisa muito bonita que eu percebi e fiquei muito feliz com isso. O testemunho das pessoas que já participam da vida em nossa paróquia. Não sei como é a vida dessas pessoas na intimidade, e nem preciso saber... mas vi o testemunho mais lindo de todos que é o testemunho do Amor! Eu vi a nossa Igreja se extendendo pelo bairro nos rostos cheios de Amor, nos gestos cheios de Amor, no testemunho de Vida que só pode dar quem vive a Vida com Amor. Mas porque ainda não temos a maioria dessas pessoas participando da vida comunitária da paróquia? Por que tanto Amor fechado em suas casas? Acredito que estamos diante do nosso maior desafio, ser facilitadores para que essas pessoas da nossa comunidade se deem conta desse Amor que já existe nelas e percebam que esse Amor só pode vir de Deus. Deixo vocês com essa linda frase da Beata Madre Teresa de Calcutá: "Quem julga as pessoas não tem tempo para ama-lás" Vamos nos preocupar em viver com Amor e no Amor, porque ao final é só isso que importa!
Renata Morello

Um comentário:

  1. Renata seu testemunho é de uma pessoa que consegue manter o coração ligado com Deus em todos os momentos de sua vida... continue assim
    Clotilde

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