Quarenta anos depois do nascimento da Pia Sociedade de São Paulo, Paulinos, e de boa parte das outras instituições que formam a "Família Paulina", pe. Tiago Alberione escrevia: "A noite que dividiu o século passado do atual foi decisiva, para especificar a missão e o espírito particular com que nasceria e viveria a Família Paulina" (AD 13). Na realidade, era exatamente a noite entre 31 de dezembro de 1900 e 1º de janeiro de 1901: noite que se tornou plena de todas as esperanças do novo século. Fechava-se o 1800, um século que tinha visto surgir novas orientações sociais e políticas, que tinha abalado dinastias e nações, que havia impulsionado a técnica em direção a incríveis progressos; e abria-se o 1900 com enormes interrogações de difícil solução: a cultura, o mundo operário, os resultados do progresso técnico e científico...
O velho século se fechava em oração, e em oração se abria o novo. A maior parte das comunidades cristãs, a convite de Leão XIII, tinha vivido essa noite diante do Santíssimo Sacramento.
Também em Alba, a catedral estava lotada de gente. Aí estavam, obviamente, também os clérigos do seminário, no qual Tiago Alberione entrara fazia poucos meses, depois da triste experiência da dimensão do seminário de Bra. Tinha dezesseis anos. Não se contentou com a breve adoração eucarística: "A oração durou quatro horas depois da missa solene..." (AD 19).
Nessa longa oração, ressoaram em sua mente as palavras profundas e convincentes de um dos maiores mestres do pensamento social católico, José Toniolo, que o jovem Alberione tinha podido conhecer e ouvir em recente congresso; e a aproximação do pensamento dele com as indicações do papa Leão XII foi imediata: "Tanto um (Leão XIII) como o outro (Toniolo) falavam das necessidades da Igreja, das novas manifestações do mal, do dever de opor imprensa a imprensa, organização a organização, da necessidade de fazer o Evangelho penetrar nas massas, das questões sociais..." (AD 14).
"Uma luz particular veio da hóstia... - É sempre o Fundador que escreve e, por discrição, escrevia de si na terceira pessoa. - ... Pareceu-lhe compreender o coração do grande papa; ... pareceu-lhe claro tudo o que Toniolo afirmava sobre o dever de ser apóstolo hoje, utilizando-se dos meios empregados pelos adversários. Sentiu-se profundamente obrigado a preparar-se para fazer alguma coisa pelo Senhor e pelos homens do novo século, com quem viveria" (AD 15).
Esta foi a noite decisiva, a noite da inspiração: "Essa foi decisiva para a missão específica e para o espírito particular em que nasceria e viveria e para o espírito particular em que nasceria e viveria a Família Paulina..." (AD 13). "A partir daí, esses pensamentos - objeto de meditação do jovem Alberione, naquela noite - dominaram o estudo, a oração, toda a formação; e a ideia, antes muito confusa, se tornava mais clara, e com o passar dos anos tornou-se também concreta" (AD 21).
Como foi concretizada, na evolução espiritual e organizacional do fundador, a sua missão de fazer alguma coisa pelos homens do novo século? é interessante ler, antes de tudo, o que escreveu um desconhecido cronista da nossa história. A anotação é de fevereiro de 1923, menos de dez anos depois do surgimento : "Já em 1903-1904, o nosso superior, percebendo muito claramente que muitos escritores difundiam péssimas doutrinas na sociedade e nas almas... sentiu o desejo de opor-se a esse crescimento de erros, com uma imprensa e uma propaganda de homens de comprovada virtude, de doutrina profunda, de ilimitada devoção à Santa Sé: os Missionários da Boa Imprensa" (Acenos históricos gerais, p.6).
E o próprio Fundador escreve: "Vagando com a mente no futuro, pareceu-lhe que, no novo século, almas generosas sentiriam a mesma coisa que ele estava sentindo..." (AD 17); e um pouco adiante, graças a uma nova iluminação: "Pensava primeiramente em uma organização católica de escritores, técnicos, livreiros, revendedores católicos; e em dar direcionamento, trabalho, espírito de apostolado... Mas em breve, com uma luz maior, por volta de 1910, deu um passo definitivo: escritores, técnicos, propagandistas, mas religiosos e religiosas" (AD 23).
Nascia em seu coração a Família Paulina.
Fonte: Catequese Paulina, p. 73-75.
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