Em um encontro promovido pelo Instituto de Pastoral Vocacional (IPV), no dia 18 de maio, em São Paulo (SP), com o objetivo de relacionar os temas "Vocação" e "Politica", o teólogo e economista Jung Mo Sung abordou a necessidade de entendermos como funciona a sociedade antes de tomarmos decisões e partidos, especialmente diante de tantas pessoas de boa vontade, mas que acreditam ilusoriamente que mudarão o mundo com seus "achismos".
Na explanação, realizada no auditório da livraria Paulinas, Jung Mo Sung insistiu no fato de que, ao professarmos a fé em Jesus Cristo, somos chamados a ser cristãos. Entretanto, advertiu de que a vocação cristã não significa vocação para a política partidária, visando assumir cargos legislativos e executivos na sociedade.
Para Mo Sung a vocação do cristão para a atuação política deve ser acompanhada de um olhar atento ao redor, para a realidade em que se vive. Se há o desejo de ingressar na política para a mudança do quadro social, é necessário fazer uma análise da sociedade em que se vive, com suas subdivisões e organização política, que envolve os poderes executivo, legislativo e judiciário, cada qual com sua competência específica. O mesmo serve para as diferentes esferas de governo: municipal, estadual e federal. Em outras palavras, aceitar o fato de que fazemos parte de uma realidade histórica, e para mudá-la é necessário compreendê-la.
Crítico de uma vocação política idealista, Jung Mo Sung lembrou que Jesus, em seu itinerário e no contexto de revolução que estava implantando, tinha consciência plena de que ele não veio depois do nada. Em outras palavras, Jesus estava inserido em um contexto histórico, vem depois de João Batista para anunciar a boa notícia. Jesus pregava "que o tempo já se cumpriu e o Reino de Deus está próximo" (cf. Mc 1,14-15). Cristo tinha clareza do tempo, ou seja, daquele momento histórico, e apresentava a proposta de conversões. Ao anunciar a boa notícia, Jesus não era um idealista, pois ensinava ao povo o caminho a seguir. Para Mo Sung, Jesus não nos chama à vocação política, mas sim primeiro à vocação cristã, que significa vocação à vida plena. Por vocação cristã entende-se o acreditar que o Reino está próximo, por isso exige-se uma atitude de conversão cotidiana, de compreensão da sociedade em que se está inserido e de como atuar nela.
Segundo Jung Mo Sung, o cristão deve ter consciência de que se envolver na política em nome do amor, com ingênua boa vontade, mais atrapalha do que ajuda. É fundamental entender as alianças que estão por trás de uma ação política e a realidade na qual se está envolvido. E Mo Sung alertou de que deve-se observar se ao promover campanhas comunitárias, por exemplo, o cristão não está provocando no grupo auxiliado a reprodução de dependências. Em especial neste ano, em que nos aproximamos das eleições municipais, Mo Sung advertiu que as comunidades precisam estar abertas a todas as propostas, porém saber que a fé não nos dá um caminho único, mas aponta a direção com muitos caminhos. E que o cristão não é obrigado a fazer campanha política, mas é chamado a se interessar pela política em busca de que ela melhore a vida das pessoas.
Maike Leo Grapiglia - Revista Rogate
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