A Vida Religiosa é uma aventura de amor. Ela nos lança nesta grande
aventura no seguimento de Jesus. Tal aventura é marcada por uma atitude de
fundo que consiste em reconhecer o outro e a outra na sua diferença, respeitada
e amada. Delicadeza atenta para evitar qualquer comportamento possessivo ou
dominador.
O que caracteriza nossa
escolha é o desejo de seguir a Jesus, assumindo as mesmas opções que Ele nas
grandes decisões que marcam sua vida toda e significam um amor radical. Jesus
vive no celibato, e, livremente, nós escolhemos vivê-lo com Ele. Se todos os
cristãos devem segui-lo, todos não são obrigados a escolher o celibato como
caminho. Tal opção é reservada aos que respondem a um convite especial, que não
se prevalece de favor especial, pelo contrário, inclui a possibilidade de viver
uma solidariedade e fraternidade mais ampla.
Escolher o celibato
para amar é privilegiar as relações para com Deus e para com os outros. Fazer
profissão religiosa numa congregação é confessar a prioridade do amor,
lembrando-se do amor primeiro que deslancha todo o processo. Maneira singular
de organizar a própria vida afetiva e relacional, de maneira que ela esteja
aberta a todos, negando e excluindo todo fechamento, isolamento e exclusão de
quem quer que seja. Para tanto, a Vida Religiosa é vivenciada em comunidade,
onde exerce a relação fraterna no perdão mútuo, cada vez que este é necessário. Enquanto a vida conjugal
participa da sucessão de gerações, a Vida Religiosa visa com a graça de Deus,
apontar o termo das gerações no tempo: um Reino de irmãs e irmãos conforme o
Amor Primeiro que quer congregar todos os homens e mulheres na glorificação
deste Reino esboçado a cada dia. Podemos dizer que a Vida Religiosa é o grande
Útero onde se fecunda o mundo novo, entregue ao Reino.
Escolher o celibato,
para amar, significa que a sexualidade humana, apesar dos condicionamentos que
pesam sobre ela, é o lugar de exercício de muita liberdade. Sendo assim, a Vida
Consagrada livre, disponível, comunitária manifesta o Amor de Deus para a
Humanidade, o Primeiro Amor. Mas a resposta pessoal da/o religiosa/o a este Amor, sempre
esboçado, não se reduz a um discurso, mas se realiza em atos. A exigência deste
amor do próximo, a sua qualidade é a única que permite e mantém uma saída de si
necessária à experiência do impossível. Ela nos convoca ao que é impossível
humanamente, sem a força de Deus. Voltar ao Primeiro Amor é mergulhar no
apaixonamento de Deus por tudo que existe e que vive. Esse tudo está grávido de
muitas potencialidades aparentes tornando-se possibilidades de Deus. Essa
convicção permite entrar em diálogo com todo o universo, aproximar-nos daqueles
que estão procurando encontrar um sentido para sua própria vida. Permite-nos
contemplar todo ser humano, desde sempre vocacionado ao encontro com Deus,
pronto e apto a entender a proposta de amor salvador. Voltar ao Primeiro Amor é
esperar e preparar o futuro da presença de Deus no coração de cada presença
humana.
Assim, recebendo a
nossa vida, onde a vida de Deus se dá, consagrando a nossa vida a Deus, onde
Jesus entrega a sua vida, participamos do Amor que une Pai e Filho no Espírito
desde o início.
Ir. Ana Roy, AS
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