segunda-feira, 28 de abril de 2014

Maria e a ressurreição: da dor à alegria pascal

Lena tem um filho de 11 anos, chamado Zezinho. Faz dois anos, os médicos descobriram que o menino estava com câncer. Logo que diagnosticado, começaram o tratamento com quimioterapia e outros recursos. A criança emagreceu muito, perdeu os cabelos, ficou pálida. Parecia que ia morrer. Lena sentiu uma dor imensa, vendo o filho sofrer. Fez tudo o que podia. Rezava muito, preparava a alimentação adequada. Acompanhava-o ao hospital, quando podia.  Estava ao seu lado dando carinho e força. Felizmente, depois de muito sofrimento, Zezinho está curado. No dia do seu aniversário, Lena fez um bolo de chocolate e convidou os parentes, os vizinhos e os colegas de Zezinho. Não tinham dinheiro para fazer festa. Mas aquele simples bolo caseiro tinha o sabor de vitória da vida sobre a morte. A alegria deles foi imensa! Riam, gargalhavam, se abraçavam, cantavam e agradeciam a Deus. É assim! Quem já passou por situações extremas de dor e sofrimento, vendo a morte de perto, prova imenso contentamento quando supera esta situação.
O sofrimento e alegria de Lena nos fazem imaginar como foram intensas a dor e o contentamento de Maria, a mãe de Jesus, diante de sua missão, paixão, morte e ressurreição. No começo, foi aquela surpresa, ao ver o seu filho pregar a Boa nova do Reino de Deus, curar os doentes, acolher os marginalizados, partilhar a mesa com os pobres e pecadores. Maria, como mãe, educadora e seguidora de seu Filho, estava lá, discretamente, acompanhando tudo e aprendendo. Meditando no coração, fazendo comunidade com os outros.
Depois, veio a terrível experiência do conflito de Jesus com as autoridades religiosas e políticas de seu tempo: os escribas e fariseus, na Galiléia; o conselho do Sinédrio e Pilatos, em Jerusalém. Jesus foi condenado à morte. Desprezado pela multidão, abandonado pelos seus próprios discípulos, experimentou intenso sofrimento e solidão. Viu a morte de perto, mas dela não escapou. Teve a dolorosa e vergonhosa morte de cruz, reservada aos bandidos e aos agitadores contra o império romano. Maria acompanhou tudo. Mas, ela não podia fazer nada. Diferentemente de Lena, estava em situação de impotência. Ela acompanhou o doloroso caminho do calvário, com outras mulheres. E ao final, estava lá firme, ao pé da cruz, com Madalena e o discípulo amado. Seu gesto silencioso dizia: “Eu estou aqui, meu filho. Apesar de todo o fracasso, eu acredito em você e na causa”. Como Jesus viveu o momento mais radical da fé: crer e esperar contra toda a esperança! Na noite escura da sexta-feira da paixão, a morte venceu!
Maria e os outros seguidores de Jesus provaram por um tempo a amargo sabor do fracasso, a angústia da morte. Tudo tinha acabado! E eis que, surpreendentemente, eles provaram que Jesus está vivo! Não é um morto que foi reavivado. Mas sim o Cristo que está glorificado junto Pai. E também perto da comunidade, dando-lhe alegria, esperança e sentido para viver. Maria, as mulheres, os discípulos, todos sentem um contentamento imenso! Como Jesus já havia dito, ao pressentir a sua morte: “Vocês vão gemer e se lamentar (..), ficarão angustiados. Mas esta angústia se transformará em alegria. Quando uma mulher dá a luz, fica tão alegre que até esquece das dores de parto” (Jo 16,20-21). E assim aconteceu. Quando eles provaram Jesus ressuscitado, foram tomados de um contentamento que ninguém conseguiu tirar deles (cf. Jo 16,22).
Maria é nossa companheira na dor e na alegria, nas situações de morte e de ressurreição, no fracasso e na vitória. Na páscoa, rezemos com Maria esta nova versão da Oração da Alegria Pascal: 
Maria dos Céus, alegrai-vos, aleluia.
Pois o Senhor, que concebeste em teu corpo, aleluia.
Venceu a morte e está entre nós, aleluia.
Alegrai-vos com todos os seguidores de Jesus, aleluia.

Pois ele ressuscitou verdadeiramente, aleluia. 
Autor: Afonso Murad - Blog Mãe nossa

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