quinta-feira, 17 de abril de 2014

Salmo do Silêncio

   Aqui estou, Senhor como grão de areia no deserto.
   Aqui estou, Senhor, descalça, à tua espera.
   Aqui estou, Senhor, de coração aberto, à escuta.
   Aqui estou, Senhor, procurando paz na tua resposta.
   Aqui estou, Senhor, como o coração da Virgem Maria, janela aberta, de par em par, para que o sol do teu ser se torne fecundo e penetre o meu ser e a nossa comunidade com a tua presença.
   Quero estar contigo, sentado, a teus pés, sem pensar, nem procurar, sensível ao que me advém.
   Quero estar gratuitamente contigo, aqui e agora, atento à tua Palavra, totalmente presente nela.
    Quero unificar o meu ser com o teu, a minha vida com a tua.
    Tu és, Jesus, Boa Nova, que alegra o coração.
    Tu és, como o silêncio das noites frias que gota a gota empapa a terra ressequida.
    Jesus, quero unificar o meu ser como pessoa.
    Quero ser pessoa: «ser» e não «ter». Ser na sua pureza.
    Quero abandonar o ruído que me atordoa e escraviza.
    Quero cortar as amarras que cercam a minha liberdade.
    Quero quebrar, rasgar, forçar, abrir cadeias.
    Quero que ponhas o teu coração terno no pó e no nada da minha pobreza.
    Quero conhecer, saborear a tua misericórdia para adoçar o meu coração de pedra.
    Quero que a luz do teu Evangelho ilumine o meu ser e o arranque da noite escura.
    Dá-me, Senhor, o autodomínio, o controle e a vigilância, pois desejo ser servidora do teu Reino.
    Quero ser livre e, às vezes, ainda me sinto manipulada.
T: Aqui estou, Senhor, na tua presença, para que a tua Palavra me ilumine e me faça regressar às origens, ao paraíso. E, assim possa descobrir o silêncio fecundo do teu misterioso amor por mim. 

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