quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Conversando sobre Equipe Vocacional Paroquial

Antes de falar do que seja uma Equipe Vocacional é importante ter presente duas afirmações: “O dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade dos fiéis” (OT 2, PDV 41); a “Igreja, que por nata constituição é ‘vocação’, é geradora e educadora de vocações” (PDV 35). A preocupação, portanto, com as vocações é de responsabilidade de toda a comunidade cristã e, como já foi dito outras vezes, a Animação Vocacional é uma dimensão da pastoral diocesana. Mas, você deve concordar que quando um trabalho é de todos acaba não sendo de ninguém; é sempre necessária a presença de alguém que torne presente e viva a necessidade de se fazer isso ou aquilo. Também na questão vocacional não é diferente, ser animador(a) vocacional não é uma “obra do acaso”, é vocação! Portanto, alguns cristãos dentro da comunidade eclesial, sentem-se chamados(as), vocacionados(as), a serem voz do Deus que chama para ocuparem-se das vocações. Estes são os animadores(as) vocacionais, pessoas “chamadas para chamar”.
Se desejamos dar uma definição poderíamos dizer que a Equipe Vocacional Paroquial é composta por um grupo de cristãos que trabalham espiritual, formativa e materialmente por todas as vocações na comunidade eclesial.Em uma Equipe Vocacional Paroquial (EVP) todos devem estar conscientes e ter clareza da motivação pela qual estão juntos: o amor e o trabalho pelas vocações. A clareza e a consciência são importantes, mas não bastam. Muitas vezes, encontramos animadores(as) vocacionais que fazem de tudo na comunidade eclesial menos animação vocacional. É necessário que o grupo tenha prazer não só em trabalhar junto, mas também em estar junto partilhando experiências, amizade, esperanças, sofrimentos, enfim, serem companheiros de estrada. Para isso, é necessário e importante “gastar” tempo com momentos e atividades que ajudem e facilitem a integração das pessoas com momentos de oração, visitas, celebrações de datas importantes para as pessoas, retiros, lazer e partilha de vida. Uma ressalva se faz muito importante: se paramos o processo de constituição e formação da equipe na dimensão antropológica, teremos um belo e ardoroso grupo para qualquer instância da sociedade, mas o objetivo é formar uma equipe consciente de pertencer a uma comunidade eclesial, por isso, o que qualificará este grupo virá exatamente da palavra cristão. Isso significa ter pessoas conscientes de sua vocação batismal, de serem discípulos-missionários de Jesus Cristo e pertencentes a uma comunidade eclesial.
Você pode perguntar: “onde fica o amor e a consciência de ser chamado para trabalhar pelas vocações?”. Sua pergunta tem fundamento, porém, não devemos esquecer que o amor por algo ou alguém, muitas vezes, esta latente e pode ser despertado. Sendo assim, será o processo de formação e trabalho na equipe que irá despertando esse desejo e amor pela causa vocacional a ponto da pessoa “vestir a camisa da animação vocacional”. O importante é sempre chamar, outra regra de ouro da PV/SAV.
Outro elemento de nossa definição do que seja EVP é a consciência de pertença a uma Igreja local, ou seja, de comunhão com as demais estâncias evangelizadoras da paróquia como também da diocese. A EVP auxilia na organização e amadurecimento vocacional de toda a Igreja. Segundo pe. Valnei essa “Igreja deve ser sempre vista em seu caráter de totalidade, como um todo presente no mundo e não algo restrito ao território da paróquia em que habitamos. Sendo assim, não é possível pensar uma EVP fechada no espaço físico de sua paróquia, mas sim uma equipe aberta, que se relaciona com as demais paróquias, trocando experiência com as demais equipes vocacionais ou auxiliando na estruturação do serviço vocacional nas paróquias onde não existe esse apostolado. Isso acontece principalmente onde há uma Equipe Vocacional Diocesana organizada”.
Composição da equipe
- sendo o pároco o primeiro responsável pela existência da EVP, isso irá requerer dele formação na área vocacional e a indicação de uma pessoa nomeada como animador vocacional que o auxilie na formação desta equipe. Mas, alguém que tenha, de preferência, “espírito de liderança, capacitado ou aberto à capacitação para o trabalho de animação vocacional, reconhecido oficialmente na comunidade para iniciar a estruturação de uma equipe vocacional”;
- na medida do possível a equipe seja compostas por pessoas de diferentes opções vocacionais (casais, jovens, religiosas, solteiras, diáconos permanentes) e atuação pastoral (apostolado da oração, RCC, pastorais sociais, família, juventude, crisma, batismo, etc). A presença de pessoas que atuam em outras pastorais facilita o trabalho de integração do SAV, principalmente com as pastorais afins (jovens, catequese, família e crisma);
- também pode ser membro da equipe alguém que ainda não tenha nenhuma atuação pastoral, em geral são pessoas que têm mais disponibilidade e tempo;
- o número de membros pode variar dependendo da realidade da paróquia, às vezes, pode exigir a criação de uma equipe central pequena que anima, articula e coordena pequenas equipes vocacionais presentes nas comunidades ligadas a paróquia.
Organização interna
- que haja um tempo prévio de formação vocacional aos membros da equipe, de forma que estes possam ter o mínimo de clareza de sua função na equipe e na comunidade eclesial;
- seja criada uma pequena organização interna com a escolha de um coordenador, secretário e tesoureiro;
- é importante que a equipe tenha e mantenha atualizado seu livro ata. O livro ata ajuda manter viva a caminhada percorrida, podendo assim evitar atropelos como o contínuo recomeçar como se nada tivesse sido feito anteriormente;
- escolher um representante da equipe no Conselho de Pastoral Paroquial e outro para a Equipe Vocacional Diocesana, não sendo possível duas pessoas que seja a mesma pessoa, o importante é ser representado- planejar e programar as atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano, como também os momentos de avaliação que podem ser anuais ou semestrais;
- planejar as reuniões, formações e retiro da equipe;
- montar um calendário com: os aniversários de vida ou casamento dos membros da equipe; aniversário de ordenação do pároco ou profissão de alguma religiosa que atua na comunidade eclesial. Estes são momentos vocacionais importantes na vida das pessoas e uma equipe vocacional deve recordar e rezar por eles.
Alguns critérios
Antes de apresentar alguns critérios gostaria de transcrever um alerta importante que o pe. Valnei Pamponet nos faz: “Se a composição da EVP não levar em conta certos critérios básicos, se correrá o risco de formar uma equipe vocacional contraditória, que muitas vezes se propõe fazer um serviço sem possuir maturidade suficiente para realizá-lo. Ter critérios na seleção de membros é um meio de organizar bem uma equipe e ao mesmo tempo evitar uma série de problemas para a Igreja. [...] O que indicamos como critério não é algo absoluto, mas são antes de tudo propostas [...] não pretendemos falar de critérios infalíveis e indispensáveis, mas apresentamos propostas que deverão ser avaliadas pela comunidade e comprovada sua aplicabilidade. Essa abertura para se verificar as possibilidades concretas da comunidade, no entanto, não pode ser pretexto para organizar uma equipe de qualquer forma com qualquer pessoa. Entre a não-existência de uma equipe e a existência de uma EVP desastrosa, a primeira opção muitas vezes é mais aceitável”.
- personalidade: adulto que aprende com a vida a lidar a com seus erros e fracassos;
- vida e prática de fé: é necessária adesão a Deus por meio do seguimento a Jesus Cristo, ou seja, ter feito a experiência do encontro pessoal com Ele;
- cultivo da espiritualidade: Jesus é o centro de seu ser e agir;
- consciência de ser mediador, um “instrumento” nas mãos de Deus: busca ser como Maria entregue nas mãos de Deus;• Amor a Igreja e ao povo: amar significa, muitas vezes, ter a coragem de ser crítico;
- coerência: acredita e ama sua vocação e as vocações;
- pessoa com capacidade de escuta e diálogo;
- comunicador: envia mensagens claras e objetivas;
- disponibilidade: a PV/SAV requer tempo para as atividades, na medida do possível que não seja uma pessoa já bastante comprometida na comunidade cristã.
Ir. Clotilde Prates de Azevedo, ap

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