Numa pequena aldeia situada no alto das montanhas, vivia um sapateiro. Era véspera de Natal quando algo totalmente fora do comum lhe sucedeu. Teria sonhado ou realmente aconteceu... Enquanto o sapateiro dizia suas orações matinais, ouviu um estranho lhe falando: "Pedro, vim dizer-lhe que Deus está satisfeito com você. O Senhor Jesus vai vistá-lo hoje em sua loja".
O sapateiro não se conteve de felicidade. Espanou, limpou e varreu a loja. Mesmo levando uma vida modesta, preparou um guisado para ter o que oferecer ao seu visitante. Então vestiu suas melhores roupas e saiu para o trabalho, o coração batendo forte pela expectativa. Uma mulher de má reputação entrou na loja. Pedro a cumprimentou de modo afável, mas a idéia do Senhor Jesus chegar e contrá-la ali deixou-o ansioso. Procurou esconder a ansiedae e conversou educadamente, até que a mulher se preparou para partir.
Novamente só e aguardando seu Senhor, começou a imaginar como se sentiria encontrando-o frente a frente. "Como será que ele é..." Perdido em seus pensamentos, não percebeu que estavam a porta uma mãe acompanhada de sua filhinha: "Bom dia Pedro".
Ele levantou os olhos: "Você me assustou. Por um momento, pensei que fosse outra pessoa. Por favor entre. É ótimo vê-la". Pedro reparou na palidez e magreza da criança. Naquele ano, a comida escasseara na aldeia. "Venha cá menina, sente-se. Você quer uma maça... Ela lhe fará muito mais bem a você doque a mim".
A garota voltou-se excitada para a mãe. "Veja, uma maça" e seus olhos brilharam de uma maneira que denunciava fome. Quando elas sairam da loja, a garota carregava debaixo do braço um novo par de sapatos, presente de Natal.
Voltaram felizes para casa, deixando o sapateiro sozinho e pensativo, esperando seu Senhor. Ele murmurava para si mesmo enquanto trabalhava: "Será possível que o Senhor virá a minha casa hoje".
Durante todo o dia, várias pessoas passaram por sua loja. Finalmente, um bêbado entrou cambaleando aos gritos e gargalhadas. "Pedro, me dê uma vodca, andei bebendo tanto vinho que já perdi o gosto por ele. Agora quero vodca".
"Venha sente-se, meu amigo. Não tenho vodca, mas o que tenho vou dividir com você. Posso ofercer-lhe água potável e um prato que preparei hoje apra um convidado muito especial. Sente-se e coma comigo".
Pedro e o bêbado fizeram a refeição juntos. Gostavam da companhia um do outro, cada um à sua maneira. Quando o bêbado partiu, ele se sentia confortado e capaz de enfrentar os problemas da vida com mais coragem.
O tempo passou. O crepúsculo cedeu lugar à escuridão, e por fim era meia-noite. Ninguém mais veio visitar a loja do sapateiro. Seu entusiasmo foi por água abaixo. Ele se sentia traído e decepcionado. Jesus não tinha vindo. E agora era hora de dormir. Ele se ajoelhou para fazer suas orações noturnas. "Senhor, por que o Senhor não veio hoje... Passei o dia inteiro ansioso esperando pelo Senhor". Então ouviu uma voz que lhe sussurava: "Pedro, vim à sua casa não só uma vez, mas várias vezes ao longo do dia".
Aquela noite, Pedro foi dormir com o coração cheio de alegria e paz.
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