Temos informações
sobre Santo Antão pela obra de Santo Atanásio (patriarca de Alexandria, nascido
pelo ano 295) chamada "Vida". Segundo
alguns, Atanásio escreveu essa obra por ocasião de seu primeiro desterro no
deserto, na Tebaida, encontrando-se entre os monges, 356-362; segundo outros,
tê-la-ia escrito em sua volta definitiva a Alexandria, depois de 366.
Atualmente já ninguém discute que tenha sido efetivamente Santo Atanásio o
autor da "Vida".
Santo Antão teria
nascido entre 250 e 260. Como lugar de origem, seria a aldeia de Coma, no Egito
médio, perto da antiga Heracleópolis. Seus pais eram camponeses abastados. Além
de Antão, tinham uma filha. À morte dos pais, o jovem Antão, de uns 18 a 20
anos, vendeu a propriedade, por amor ao Evangelho, distribuiu o dinheiro aos
pobres, reservando apenas algo para sua irmã menor. Posteriormente distribuiu
também isso, consagrando sua irmã ao estado de virgem cristã.
Segundo um costume da
época, Antão retirou-se à vida solitária, perto de sua aldeia natal. Esta é a
etapa de sua formação monástica, de sua apaixonada dedicação à Escritura e à
oração; é também o período de seus primeiros encontros com o demônio. Depois de
um certo tempo, buscando uma confrontação mais direta com o demônio, foi viver
num cemitério abandonado, encerrando-se num mausoléu. Ali sofreu ataques
violentíssimos dos demônios, mas sem se deixar amedrontar, perseverou em seu
propósito.
Aos 35 anos toma uma
firme decisão: vai para o deserto. A "Vida" assinala esse passo como
algo totalmente insólito nessa época. Santo Antão cruza o Nilo e passa a morar
na montanha, em um fortim abandonado. Ali passou quase vinte anos, não se
deixando ver por ninguém, entregue absolutamente à prática da vida ascética.
Aos cinquenta e cinco
anos, pressionado pelos que queriam imitar sua vida, atendeu o pedido de seus
discípulos, abandonando o isolamento do deserto. Com isto, nasceu uma forma
curiosa de eremitas, os discípulos viviam solitários, cada um em sua cabana,
mas todos em contato e sob a direção espiritual de Antão. Nesta etapa conta-se
também a descida de Santo Antão e de seus discípulos a Alexandria, por ocasião
da perseguição de Maximino Daia (311), para confortarem os mártires de Cristo
ou ter a graça de sofrerem eles próprios o martírio.
Voltando à solidão,
encontrou-a povoada demais para seus desejos. Fugindo então à celebridade,
Santo Antão chega ao que a "Vida" chama "Montanha interior"
(a "Montanha" exterior, ou Pispir havia sido até então sua
residência, e nela permanece com seus discípulos), o Monte Colzim, perto do Mar
Vermelho. Apesar de tudo, de vez em quando visita seus irmãos em Cristo, e
estes vão a ele. A "Vida" coloca neste tempo a maioria dos prodígios
que lhe são atribuidos.
A pedido dos bispos e
dos cristãos, empreende uma segunda viagem a Alexandria, para prestar seu apoio
à verdadeira fé na luta contra a heresia ariana.
Passou os últimos
anos de sua vida em companhia de dois discípulos. Profetizou sua morte, dou
suas pobres roupas e rogou a seus acompanhantes que não revelassem a ninguém o
lugar de sua sepultura. Gratificado com uma última visão de Deus e de seus
santos, morreu em grande paz em 17 de janeiro de 365.
Foi enterrado em um cova não marcada conforme
seu pedido, mas em 561 suas relíquias foram descobertas e trasladadas para
Alexandria em Constantinopla. Suas relíquias são conservadas na igreja de Santo
Antonio de Viennois, na França, onde os seus discípulos construíram um hospital
e numerosas casas para abrigar os doentes abandonados. Mais tarde, se tornaram
uma congregação e receberam o nome de "Ordem dos Hospedeiros
Antonianos", que atravessou os séculos, vigorosa e prestigiada.
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