sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Maria e os evangelizadores

Jairo e Ana vieram do interior de Minas para a capital, logo depois que se casaram. Ela trabalha como auxiliar de enfermagem, e ele, em escritório de contabilidade. Foram morar em bairro popular, perto de uma grande favela. Então, sentiram um apelo de Deus para evangelizar naquela região. Lá não havia comunidade, nem capela. Os poucos católicos frequentavam a paróquia no bairro vizinho. Então, começaram a visitar as famílias. Convidaram umas pessoas para rezar e refletir com a bíblia. Reuniam-se debaixo de um pé de Ipê. Quando chovia, se amontoavam em alguma casa. Com o tempo, o trabalho frutificou, apesar de muitas dificuldades. Surgiram lideranças, começou a catequese e o grupo de jovens, a comunidade construiu um salão para reunião e oração. No mês de agosto, celebraram os três anos da comunidade em volta do Ipê amarelo florido. Era o sinal da esperança que os animava.
O Papa Francisco, na Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho” propõe cinco atitudes para os evangelizadores, que a gente encontra em Jairo, Ana e nos líderes de sua comunidade (EG 24).
1) Ir na frente: a comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (1 Jo 4, 10). Por isso, ela vai à frente, vai ao encontro, procura os afastados e chega às encruzilhadas dos caminhos para convidar os que estão à margem.
2) Envolver-se: com obras e gestos, os evangelizadores entram na vida diária dos outros, encurtam as distâncias, abaixam-se e assumem a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo. Contraem assim o “cheiro de ovelha”, e estas escutam a sua voz.
3) Acompanhar: a comunidade evangelizadora acompanha a humanidade em todos os seus processos, por mais duros e demorados que sejam.
Conhece e suporta as longas esperas. A evangelização exige muita paciência, e evita deter-se nas limitações.
4) Frutificar: o missionário mantém-se atenta aos frutos, porque o Senhor a quer fecunda. Cuida do trigo e não perde a paz por causa do joio. Encontra o modo para que a Palavra se encarne na situação concreta e dê frutos de vida nova, apesar de imperfeitos.
5) Festejar: os evangelizadores, cheios de alegria, sabem sempre festejar: celebram festeja cada pequena vitória, cada passo dado. E se alimentam da liturgia.
Estas cinco atitudes dos evangelizadores já se encontram em Maria, a mãe de Jesus.
- Ela sai na frente, indo ao encontro de Isabel. Em Caná, toma a iniciativa, quando percebe que falta o principal da festa.
- Maria se envolve inteiramente na missão de educar Jesus. Quando este se torna adulto e parte em missão, ela acompanha discretamente seu filho. Diante da cruz, Maria assume a missão de ser mãe do discípulo amado e de toda a comunidade dos seguidores de Jesus. E, assim a vemos no Cenáculo e em Pentecostes. 
- O resultado não podia ser outro. Porque Maria tem fé, está presente, atua decididamente, escuta a Palavra e a medita no coração, ela frutifica. Bendito é o fruto de seu ventre, diz Isabel! Quantas coisas boas Maria plantou e colheu durante sua existência. 
- Por fim, ela é uma mulher alegre, que sabe festejar. Seu cântico de louvor começa com uma explosão de alegria: “Minha alma engrandece o Senhor. E se alegra meu espírito em Deus, meu Salvador”.
Que Maria nos inspire para evangelizar com generosidade, ousadia, persistência e alegria. Que o Senhor Jesus desperte nosso coração, mobilize nossos pés e nos leve por caminhos novos, a serviço da humanidade. Maria, nossa mãe e companheira, vai com a gente.
Autor: Afonso Murad - Publicado na Revista de Aparecida

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