Foto: arquivo Apostolinas |
No começo tinha sido João a fixar o olhar em Jesus; agora é o Mestre que o fixa em Pedro. A vocação é todo um jogo de olhares, de percepções cruzadas, de entendimentos secretos, de olhos que procuram e se comunicam, às vezes desafiando-se e confrontando-se. Vocação significa olhar fixo a uma realidade específica, que é aquele mistério no qual estão escondidas todas as identidades humanas: o mistério do Filho, à imagem do qual todos fomos criados, e da sua Páscoa de morte e ressurreição, na qual fomos redimidos. E, ao mesmo tempo, vocação significa sentir sobre si o olhar fixo do Pai, que em cada ser humano procura por seu Filho, numa imagem sempre nova, inédita, original, única e que não pode se repetir... É um olhar criativo e amoroso, que alcança a pessoa humana onde ela estiver; mas é também um olhar livre e libertador; que pode ser evitado ou ignorado, assim como conseguiu fazer o jovem rico, que nem o acolheu, ficando depois triste; como aquela pessoa que não percebe olhar algum sobre si.
Eis o que é uma vocação crista: um novo nascimento, ou o verdadeiro nascimento, com nome e identidade novos, que somente Deus pode revelar. Tudo isso não pode ser entendido como uma automática dedução de simples considerações a respeito dos próprios gostos e tendências, ou capacidades e talentos, acrescentando discretas pressões da parte do ambiente e o conforto com testes psicológicos. O crente sabe identificar-se somente em Deus e na sua fantasia.
Então crer significa acolher o nome pronunciado por Deus, que vai além daquilo que se acredita saber si. Ser chamado quer dizer acreditar que dentro deste nome está presente todo o amor de Deus pela pessoa
Amadeo Cencini – Revista Rogate março 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário