domingo, 28 de agosto de 2011

Um coração inquieto

Olá pessoal, eu me chamo Marina Cristina Santos, sou natural de Curitiba, Paraná. Conheci as Irmãs Apostolinas no ano de 2004, através do Cooperador Paulino, mas foi em São Paulo, na celebração da primeira profissão Religiosa da Ir. Lucivânia em 2009 que as conheci pessoalmente. Naquele mesmo ano iniciei o meu caminho vocacional com elas.

Depois de um tempo de caminho, recebi o convite para iniciar um tempo de experiência, podendo assim, conhecer mais de perto a comunidade, a vida e missão das Irmãs Apostolinas. E aqui estou eu!

Para mim, esse tempo de experiência, tem sido um verdadeiro Kairós, no qual pude não só conhecer mais de perto a vida e missão das Irmãs Apostolinas, mas também a oportunidade de conhecer a mim mesma. Pude também conviver com as irmãs e conhece-las na espiritualidade, na missão e no dia-a-dia, tendo assim a oportunidade de “experimentar” o jeito de ser Apostolina.

Agradeço a Deus, por dar-me um coração inquieto e por despertar-me o desejo de fazer algo por Deus e pelas pessoas. Desejo que também inquietava o coração de Bem Aventurado Tiago Alberione, fundador das Irmãs Apostolinas e da Família Paulina. Agradeço a cada uma das Irmãs, por seu testemunho e por ser presença de Deus no meu caminho, por me ajudar a me questionar, perceber os sinais de Deus na minha vida, para poder dizer meu sim sincero, convicto e feliz, onde Ele me chama, pela oportunidade desses seis meses de experiência e por poder dar continuidade durante os próximos meses.

Marina Cristina Santos

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A vocação do cristão leigo e leiga

A vocação humana e cristã não é vivida de forma "genérica", mas se concretiza nas chamadas vocações específicas: dos cristãos leigos e das cristãs leigas, da vida consagrada, e do ministério ordenado.
No tocante à vocação específica dos cristãos leigos e das cristãs leigas, precisamos lembrar que eles são membros vivos da comunidade eclesial. Apesar de tantos avanços na animação vocacional, nota-se ainda pouca atenção a este aspecto. Nossa atividade vocacional continua priorizando o presbítero e as vocações para a Vida Religiosa. Os cristãos leigos e as cristãs leigas são vistos como cristãos de segunda categoria, para os quais reservamos pouco ou quase nenhum tempo, nenhum espaço e nenhum investimento econômico.
Precisamos, portanto, superar toda forma de clericalismo, muitas vezes ainda subjacente na mentalidade tanto dos leigos como do clero. Devemos insistir no significado da vocação apostólica dos batizados e batizadas e reservar mais espaço para eles na nossa atividade vocacional. A vocação dos cristãos leigos e leigas é legítima e precisa adquirir cidadania dentro do serviço de animação vocacional. De fato, como nos lembrou o papa João Paulo II, o chamado divino não diz respeito apenas aos padres, às pessoas de vida consagrada, mas estende-se também aos cristãos leigos. Este também o são pessoalmente chamados por Deus, de quem recebem uma missão para a Igreja e para o mundo. Por essa razão o serviço de animação vocacional de uma Igreja local deve necessariamente estar voltado também para a promoção da vocação e da missão dos cristãos leigos e das cristãs leigas. E isso vale, sobretudo hoje, quando se tem cada vez mais consciência de que a comunidade cristã é o útero onde é fecundada toda vocação.
José Lisboa Moreira de Oliveira - extraído do livro "Qual o sentido da vocação e missão"

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O problema de um é problema de todos!

Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de comida que haveria ali. Ao descobrir que era ratoeira ficou aterrorizado. Correu ao pátio da fazenda advertindo a todos:
- Há ratoeira na casa, ratoeira na casa!
A galinha:
- Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.
O rato foi até o porco e disse:
- Há ratoeira na casa, ratoeira!
- Desculpe-me Sr. Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar. Fique tranqüilo que o senhor será lembrado nas minhas orações.
O rato dirigiu-se à vaca e disse:
- Há ratoeira na casa!
- O que? Ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!
Então o rato voltou para casa abatido, para encarar a ratoeira. Naquela noite, ouviu-se um barulho, como o da ratoeira pegando sua vítima.. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego. No escuro, ela não percebeu que a ratoeira havia pego a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher. O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal. Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco. A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar todo aquele povo.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Oração Vocacional

Senhor da Messe e Pastor do rebanho,
faze ressoar em nossos ouvidos teu forte
e suave convite: "Vem e Segue-me"!
Derrama sobre nós o teu Espírito, que Ele
nos dê sabedoria para ver o caminho e
generosidade para seguir tua voz.


Senhor, que a Messe não se perca por falta
de operários. Desperta nossas comunidades
para a Missão. Ensina nossa vida a ser
serviço. Fortalece os que desejam dedicar-se
ao Reino na diversidade dos
ministérios e carismas.


Senhor, que o Rebanho não pereça por falta de
Pastores. Sustenta a fidelidade de nossos bispos,
padres, diáconos, religiosos, religiosas e
ministros leigos e leigas. Dá perseverança a
todos os vocacionados. Desperta o coração
de nossos jovens para o ministério pastoral em tua Igreja.


Senhor da Messe e Pastor do Rebanho,
chama-nos para o serviço de teu povo.
Maria, Mãe da Igreja, modelo dos servidores
do Evangelho, ajuda-nos a responder SIM. Amém.

domingo, 21 de agosto de 2011

Família Paulina celebra 100 anos de presença na Igreja, em 2014

Em 2014, a Família Paulina completará 100 anos de presença na Igreja. Por ocasião do quadragésimo ano de fundação, o Bem-aventurado Tiago Alberione, fundador da Família Paulina, afirmou: “Dia 20 de agosto de 1914, uma hora de adoração ao Santíssimo Sacramento e a bênção da minúscula tipografia, iniciava-se a Família Paulina…”, com a fundação Padres e Irmãos Paulinos. A esta se seguiu a fundação de quatro Congregações femininas com finalidades próprias, diversas e independentes uma da outra: Irmãs Paulinas; Irmãs Discípulas do Divino Mestre; Irmãs Pastorinhas; Irmãs Apostolinas. Fundou também os Institutos: Santa Família (para casais); São Gabriel Arcanjo (Gabrielinos, para homens); Jesus Sacerdote (para padres diocesanos e bispos diocesanos); Nossa Senhora da Anunciação (Anunciatinas, para mulheres). Todos unidos entre si pelo mesmo ideal de santidade e apostolado: levar Jesus Cristo a todas as pessoas através das várias formas de comunicação social. Organizou, também, leigos e leigas para que estivessem estreitamente ligados à missão e à espiritualidade de suas fundações e, assim, nasce a União dos Cooperadores Paulinos.
Abertura oficial das atividades em preparação à celebração do centenário de fundação da Família Paulina, no Brasil, ocorreu no dia 20 de agosto, na parte da manhã com a apresentação do "Livro de Orações da Família Paulina" que foi reelaborado e reeditado de forma que pudesse expressar de forma mais fiel a intuição carismática do fundador no tocante a espiritualidade ; na parte da tarde foi celebrada uma missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), com a presença de 250 membros da Família Paulina e presidida por D. Angélico S. Bernardino, noviço do Instituto Jesus Sacerdote.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Juventude em Madrid - Ah, esses moços!

Nos dias 16 a 21 de agosto, será realizada em Madrid mais uma Jornada Mundial da Juventude. Promovida pelo Pontifício Conselho para os Leigos e pelas Conferências Episcopais e dioceses dos países escolhidos para sediar a Jornada, ela acontece a cada 2 ou 3 anos. Em 2008, foi em Sidney, na Austrália.

Madrid será tomada por uma grande multidão de jovens oriundos de todo o mundo; ali também chegará o Papa Bento XVI, no dia 18 de agosto. Mais de 16 mil jovens do Brasil já estão de malas prontas para viajar para a Espanha; levam no coração a esperança de que o Papa anuncie, no final do encontro, o Brasil como país sede da próxima Jornada. A Conferência dos Bispos do Brasil manifestou este desejo ao Papa.

Foi João Paulo II que teve a iniciativa das Jornadas Mundiais da Juventude, com o objetivo de estabelecer uma nova interação da Igreja Católica com a juventude; isso tem se mostrado eficaz pois, além dos jovens participantes nesses encontros, muitos outros são envolvidos por iniciativas promovidas nos respectivos países, antes, durante e depois das Jornadas. A mensagem passada em cada Jornada acaba alcançando um número incalculável de jovens.

Nos próximos dias, Madrid será a “capital mundial da juventude”! Vindos de cerca de 170 países, dos mais variados povos, culturas, raças e línguas, os jovens confraternizarão, partilharão experiências e alegrias, contando suas histórias e expressando a riqueza cultural e religiosa de seus povos.

No programa, terão celebrações religiosas e reflexões sobre o significado da fé cristã para o convívio social e para a edificação de seu futuro; mas também haverá muita manifestação cultural e oferta de oportunidades para descortinar horizontes novos na vida e para perceber o mundo a partir do horizonte que outros jovens têm. Será uma verdadeira experiência de globalização a partir de valores compartilhados, onde as diferenças não dividem nem distanciam, mas somam e ajudam a compreender que, no fundo, as buscas mais imperiosas, os desejos mais ardentes e os valores mais genuínos de cada um são os mesmos de outros jovens também, em todo o mundo.

Em Madrid, será facilmente perceptível que a humanidade é, de fato, uma única grande família, com laços comuns, na qual todos são chamados a se irmanar, respeitar e conviver em paz, ajudando-se reciprocamente na edificação de um mundo bom para todos. A ocasião é oportuna para uma reflexão sobre o que é oferecido hoje às novas gerações, em vista do seu futuro; afinal, é sobre elas que os adultos precisam investir, pensando no amanhã da sociedade e da humanidade.

Impressiona-me, por vezes, encontrar jovens sem projeto para a vida, que rejeitam a idéia de casar, constituir família, ter filhos... Impressiona-me ainda mais ver tantos jovens entregues ao consumo de drogas que matam, ou envolvidos em organizações à margem da lei e da sociedade, bem conscientes de que sua vida está sempre por um fio!

E quantas vidas em flor são queimadas, como “arquivos” incômodos ou inúteis, depois de terem sido usados inescrupulosamente?! A “mortalidade juvenil” é impressionante! Alguém observou que os recentes tumultos de Londres mostrariam a “frustração nihilista de jovens urbanos” (O Estado de São Paulo, 10.08, A14).

Vemos jovens sem perspectivas de futuro, movendo-se na vida em terrenos movediços, sem convicções nem bases para edificar a existência, para os quais o horizonte se fecha por inteiro sobre o instante fugaz de um gozo passageiro! Lembramos ainda de Amy Winehouse? É culpa dos jovens? Seria muito cômodo apenas criticar os jovens.

É preciso indagar sobre aquilo que lhes é oferecido na educação e na cultura que consomem todos os dias. Em quais fontes bebem para matar sua sede? As bases para os jovens edificarem suas vidas não são postas por eles, mas pela geração adulta e pelo ambiente em que vivem. Como os jovens são preparados para assumirem seu lugar na sociedade, no mundo do trabalho e das responsabilidades sociais? Dados do Centro de Atendimento ao Trabalhador (CEAT) mostram que de cada 4 empregos disponíveis, apenas um é efetivamente ocupado: os candidatos que se apresentam não estão preparados para assumir o posto em oferta! E é jovem a maioria dos candidatos! Sem dúvida, é preocupante. Boa parte deles pode estar perdendo o bonde da história. Olhemos ainda para um outro aspecto da realidade, que interessa aos jovens. Certezas duradouras estão fora de moda! Vivemos tempos de superficialidade, de coisas descartáveis, de modismos passageiros e novidades “vantajosas”, que suplantam a toda hora as convicções. As coisas valem na medida em que são consumíveis, de acordo com o apetite que podem despertar e satisfazer. O consumismo tomou conta também da cultura e dos comportamentos e se aplica ao próprio ser humano; e tende a invadir o campo das certezas morais e da religião. O subjetivismo e o relativismo produziram uma profunda crise de valores e de referenciais para os jovens. A norma é o politicamente correto, mesmo que esteja desprovido de verdade e de valores!

“Ah, esses moços, pobres moços!” Os jovens, por natureza, estão projetados para o futuro e têm o direito de sonhar com um mundo melhor, com perspectivas consistentes. Alimentar a sua esperança é tarefa da geração dos adultos, de toda a sociedade. As Jornadas da Juventude querem ser uma contribuição para isso, apontando para os jovens as bases sólidas do Evangelho de Cristo, para que possam edificar sobre elas seu futuro e se enraizar profundamente nos princípios que o Cristianismo: o respeito profundo pela dignidade de cada pessoa, a colaboração e a partilha, a fraternidade, a justiça e a paz. A Jornada de Madrid será uma amostra disso.

Card. Odilo P. Scherer - Arcebispo de São Paulo

Fonte: O SÃO PAULO, 03.08.2011

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Dimensões da vocação

Na dinâmica do itinerário da fé, a animação vocacional é feita sempre a partir de uma experiência e de uma visão de Igreja como povo de servidores e servidoras. A participação da comunidade é indispensável no momento da indicação e do acompanhamento das vocações, uma vez que se parte do princípio de que cuidar das vocações é uma responsabilidade de todos e de todas. Logo, o serviço de animação vocacional não se reduz a realizar iniciativas para promover a vocação do presbítero e da vida consagrada, mas estará voltado para o incentivo e o acompanhamento de todas as vocações e de todos os ministérios dos quais a comunidade tem necessidade para cumprir fielmente sua missão.
Tendo presente essa dinâmica, a animação vocacional deve, além do significado e do conceito de vocação, considerar também a questão das dimensões da vocação. Trata-se, sobretudo, de perceber aquilo que deve vir antes mesmo de uma opção por um tipo de vocação específica. As dimensões chamam a atenção para aquilo que é básico, ou seja, aquilo que deve ser considerado alicerce de toda e qualquer definição por um estado de vida, por um tipo concreto de resposta ao chamamento. Num contexto marcado pela fragilidade, pela presença do provisório, da incapacidade de encontrar a razão de viver e a força necessária para agir, convém não deixar de lado este aspecto tão importante.
Porque a vocação é comunhão com a Trindade, que se traduz concretamente na experiência de verdadeira irmandade, vemos a necessidade de insistir sobre as três dimensões essenciais da mesma (antropológica, cristã e específica).
As dimensões são aspectos inseparáveis, complementares, que marcam profundamente a vida e a opção do vocacionado e da vocacionada.
José Lisboa Moreira Oliveira - extraído do livro "Qual o sentido da vocação e missão"

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Semana Vocacional - Ouro Fino

A Semana Vocacional da Família e Juventude está acontecendo na paróquia S. Francisco de Paula e N.Sra de Fátima, na cidade de Ouro Fino/MG, com a participação das irmãs Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia (ir. Graça e ir. Rita), irmãs Pastorinhas (ir. Juliana) e as irmãs Apostolinas (ir. Susana e ir. Clotilde).
Todas as manhãs acontece o encontro com os jovens e adolescentes das escolas públicas que pertencem a paróquia. Onde reflete-se sobre o primeiro chamado vocacional que recebemos: a vida. Na parte da tarde acontece às visitas as famílias com a colaboração de algumas pessoas da comunidade. A noite nas comunidades urbanas acontecem os momentos orantes, ora terço, ora celebrações e via sacra.
A semana se concluirá com um grande encontro de jovens e famílias a partir das 15 às 19:30h no sábado dia 13.

Queremos deixar uma pequena história para você refletir e ficar em sintonia conosco:

"Ajuntaram-se, um dia, os animais numa assembléia a fim de se queixarem de que os homens tiravam tudo deles. 'Tiraram de mim meu leite', disse a vaca; 'de mim os ovos', disse a galinha; 'de mim a carne, pra fazer linguiça', disse o porco grunhindo e até a baleia: 'e a mim me caçam pra tirar meu óleo'. E assim por diante, até que veio a lesma: 'eu tenho algo que os homens gostariam de pedir ou tirar, se eles pudessem, algo de que eles gostam doidamente e existe em mim sobrando: eu tenho TEMPO".

Uma vocação cultivada e feliz só é possível acolhendo o tempo de Deus em nossa vida.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

“Vivendo a fraternidade a serviço da juventude e das vocações”

Olá pessoal. Sou Ariel, padre da Fraternidade dos Padres Operários Diocesanos, nascido na cidade de Tucumán, norte da Argentina. Atualmente trabalho na Paróquia São Pedro e São Paulo, em São Bernardo do Campo-SP, na Diocese de Santo Andre. Quando me pergunto: como cheguei a morar nestas terras? Como nasceu minha caminhada vocacional? Porque viver o sacerdócio nesta família concreta? Porque o trabalho com a juventude e as vocações?, recordo, isto é, passa pela minha mente e pelo coração, um monte de experiências vividas.

Quando alguém me pergunta por que sou padre, a pergunta seguinte, geralmente é: na tua família tem outros padres ou religiosos? Seguida de uma pergunta afirmação: tua família é muito católica e praticante não é!! Parece que a vocação sacerdotal só nasce em famílias envolvidas totalmente na vida de fé Católica. Se isso fosse uma verdade, Deus não continuaria chamando nos dias de hoje jovens de famílias pertencentes a Igrejas diferentes, com pessoas não praticantes e, as vezes, desestruturadas.

Acredito que posso começar a responder a tantas perguntas lembrando uma cena cômica de minha primeira infância. Meu pai e minha mãe, tentando explicar que Deus era meu Pai e, ao mesmo tempo, o Pai de meu pai. Coisa difícil de responder à uma mente curiosa de criança que não se conforma com qualquer resposta. Por outro lado, lembro a oração do Anjo da Guarda rezada todas as noites, apreendida de meus pais, para tirar o medo da escuridão. Acredito que meus pais nem imaginavam que esses ensinamentos, às vezes frustrantes para eles, poderia ser o começo de um relacionamento fecundo com Deus. Não me lembro muito de ter participado de muitas missas em família. De fato, minha família não era muito assídua a vida em comunidade.

Mais tarde, lembro de ter participado de um time de futebol chamado “Los Pumas” (onças), onde apreendi a desenvolver minhas capacidades: jogar em equipe, sonhar com uma conquista, treinar para ficar mais preparado e o conselho de um “tio”, chamado Mario, que com carinho entregava seu tempo à essas crianças que, por serem da periferia, não tinham muitas oportunidades. Essa experiência foi marcante na maneira de como viver as coisas no futuro. Se devo procurar as raízes de minha opção pela vida em fraternidade e o trabalho em equipe, com certeza posso encontrá-la na participação do time.

Logo, como culturalmente manda os bons costumes, me preparei e fiz a primeira comunhão, tentei fazer a crisma, sem conseguir na primeira tentativa por causa de outros interesses. Mas, tudo isso sem muito incentivo familiar. Lembro de ter participado de algumas missas por insistência das catequistas e para ficar mais calmo quando tinha problemas de consciência ao ficar muito danado. Mas, o que marcou minha vida de fé, já na adolescência, foram as aulas de religião na escola. O professor Manuel, era diferente, tinha uma linguagem diferente. Ele nos apresentava uma religião ligada à vida, as problemáticas sociais, mostrando qual era a vontade de Deus para nós como pessoas e para a sociedade marcada por tanta desigualdade. Comecei a perceber que a pobreza e a desigualdade não era vontade de Deus e isso me enchia de indignação. Foi surgindo o desejo de fazer alguma coisa. Não podia ficar do mesmo jeito.

Nesse tempo recebi o convite para participar do grupo missionário composto por jovens, que nas férias de verão e de inverno visitava as comunidades das montanhas que eram muito excluídas. Nesta experiência, das visitas missionárias, fui descobrindo outra realidade. Pessoas mergulhadas na pobreza, excluídas, exploradas e sem oportunidades. A comunidade nos acolhia com o coração aberto e expressava o desejo de serem acompanhadas mais de perto pelo padre, que era distante das pessoas e não conseguia acompanhar esses desejos de mudança. A falta do padre sentida por essas comunidades levou-me, pela primeira vez, a me perguntar se Deus não me chamava a ser padre. Mas imediatamente tentava atirar longe essas idéias “doidas”. De fato eu queria estudar para ter um bom emprego, ter minha esposa, meus filhos.

Nesse tempo, fui me envolvendo, cada vez mais, com a vida da comunidade, entrosando-me na pastoral da juventude paroquial e no Centro de Estudantes da escola. A vida em comunidade e a participação social, começou a ocupar quase todo meu tempo. Sentia-me realizado. Esse envolvimento me ajudou a conhecer-me mais, a fortalecer os vínculos de amizade, a namorar de uma maneira mais consciente, conhecer minha fé, fazer experiência de oração, encaminhar minha indignação social e a mudar meu projeto inicial de vida que era muito influenciado pelo entorno e a mídia. Pensava ter minha família, mas minha vida teria que orientar-se de outra maneira. Agora desejava estudar serviço social para transformar a realidade, aperfeiçoar meu trabalho pastoral a até, dedicar-me à política. No meio disso a pergunta pela possível vida sacerdotal foi crescendo e até comecei a pensar seriamente, que minha vida estaria orientada para o serviço do povo. Mas como: sendo padre o leigo? Qual seria minha presença no meio social? Mas esse serviço social foi orientando-se para a juventude, e na capacitação de lideranças, de “agentes multiplicadores” como dizíamos insistentemente na época.

Quando foram surgindo às inquietações, tive a graça de ser acompanhado pelo padre responsável da Pastoral Vocacional da paróquia que acompanhava mais outros três jovens. Tínhamos o coração inquieto, questionados diante de tantas dúvidas vocacionais. O tempo de discernimento foi fecundo e diante das opções que tínhamos me arrisquei a aprofundar o discernimento no seminário. Pensava comigo mesmo, “se não der certo, se Deus não me chama para ser padre, volto e continuo minha caminhada de serviço na comunidade e na sociedade”. De fato, dos colegas que estavam em discernimento fizemos diferentes opções. Eu entrei no seminário; outro optou por preparar-se estudando serviço social; outro se dedicou às ciências biológicas e, o último, decidiu preparar-se seriamente para formar uma família a curto prazo. O acompanhamento vocacional foi decisivo para nossa caminhada, isto é, para que cada um pudesse descobrir a que Deus nos estava chamando, que em definitivo, é o caminho da felicidade e da realização pela consagração ao projeto divino.

Para ingressar no seminário da Fraternidade dos Padres Operários Diocesanos, família pela qual cresci na fé e me identifiquei vocacionalmente, tive que deixar minha cidade para morar em Buenos Aires. O tempo de seminário foi um tempo intenso de descobertas e de construção de um “sonho”, de pessoa, de Igreja e da mesma Fraternidade. Foram muitas experiências que me fizeram crescer, primeiramente como cristão e, logo, no discernimento vocacional específico. Dentre elas posso citar a convivência no seminário, a faculdade, as paróquias de pastoral, o “choque” cultural, a participação em reivindicações sociais, o acompanhamento espiritual e dos formadores, a resignificação do relacionamento com a própria família na distancia, as crises vocacionais, os conflitos na pastoral, a fraternidade com os padres, os momentos de oração pessoal e comunitária e finalmente, a identificação com um projeto de Igreja e de sociedade encontrado nos Padres Operários.

Quando acabei os estudos pelo ano 2003, comecei a etapa pastoral na paróquia Montserrat de Tucumán até a ordenação diaconal em 19 de março de 2004. Logo depois da ordenação tive a graça de ser convidado a trabalhar no Brasil, mais especificamente na paróquia São Geraldo Magella, em São Bernardo do Campo na Diocese de Santo Andre. Na paróquia, situada na periferia e com 15 comunidades, fui preparando-me para a ordenação presbiteral. O tempo de preparação para a ordenação foi como uma experiência de “transfiguração”, porque tive a graça de ver materializado na vida das comunidades uma Igreja ministerial, comprometida com os mais pobres, sem medo de ser criativa nas propostas, preocupada com a coerência de vida e animada pelo testemunho e o sangue do Pe. Leo Commissari, padre da diocese de Imola, Itália, assassinado pelos traficantes pelo seu compromisso com a juventude. Por outro lado, o contato com consagrados e consagradas no Instituto de Pastoral Vocacional nas formações, escolas vocacionais e reuniões, me ajudaram a acreditar na possibilidade real de comunhão das vocações a serviço do Reino. Tudo foi me ajudando de um jeito ou outro a ver no dia a dia aquilo que tinha vislumbrado no tempo de seminário. Por isso, posso dizer que realmente foi uma experiência de “transfiguração”, de confirmação do caminho vocacional escolhido. Esta experiência foi tão marcante que decidi celebrar e viver a ordenação presbiteral no Brasil. A ordenação aconteceu no dia 19 de março de 2005, pelas mãos de Dom Jose Bertanha, bispo de Registro.

Em ano 2008 aconteceu a divisão da paróquia e, desde 2009 estamos na atual paróquia. Além da vida paroquial hoje tenho a graça de trabalhar com a juventude, na formação de lideranças; no seminário diocesano com a formação humana afetiva; na formação dos leigos dando aulas no Instituto de teologia para leigos da diocese. Hoje, após seis anos de vida como padre, também com a passagem de momentos difíceis, posso dizer que “opto novamente” por ser padre e ser Padre Operário Diocesano. Que a leitura desta partilha da experiência de discernimento vocacional na minha vida, anime e encoraje você nessa bonita experiência de procurar a vontade de Deus para tua vida. Que Deus te abençoe.

Pe. Ariel Alberto Zottola - Padre Operário Diocesano


sábado, 6 de agosto de 2011

O padre diocesano

A impressão, que por vezes, se tem é que padre diocesano é padre de segunda categoria, ao passo que o religioso padre, esse, sim, é o autêntico e é de primeira categoria. Ora, não existe padre de primeira e segunda categoria. Se quiséssemos ser bem exatos, diríamos até que o autêntico padre é o diocesano, ao passo que o religioso padre é, em primeiro lugar, religioso, e só num segundo tempo ele é padre. É um padre que nasceu na história para suprir o padre diocesano que tinha perdido o seu rumo ou tornou-se deficiente. Já não é mais o caso hoje. O Vaticano II, na Cristus Dominus 28, até dirá que, na cura das almas, os primeiros são os sacerdotes diocesanos, porque eles, estando incardinados ou dedicados numa Igreja particular, consagram-se inteiramente ao serviço dela, a fim de pastorearem uma parte do rebanho do Senhor.
No Vaticano II só se fala do padre diocesano. Nenhuma vez aparece a expressão padre secular. Padre diocesano é o padre incardinado em uma Igreja particular, em uma Diocese, consagrado totalmente a ela, posto ao serviço dela, para pastoreá-la, em íntima união com o bispo e os demais membros do Presbitério. Bispo e presbitério formam profunda unidade.
A incardinação é a expressão do vínculo jurídico, teológico, espiritual, esponsal, pastoral, do padre com a Igreja particular, com a Diocese. A incardinação traz consigo uma total consagração à Igreja particular ou Diocese, para servi-la em união com o bispo e os demais integrantes do Presbitério. Isto supõe a consciência da própria Diocese ou Igreja particular, o conhecimento de sua realidade geográfica e cultural, as riquezas e carências no campo social, econômico, político, religioso, a sua história vivida por seus bispos, padres, diáconos, religiosos(as), consagrados(as), fiéis cristãos leigos, e um grande amor por esta porção do Povo de Deus. Isto supõe sentir-se chamado, vocacionado por Deus, aqui e agora, nas atuais circunstâncias históricas desta Igreja particular, desta Diocese, para aí ser pastor. Estamos dentro de uma comunidade, a comunidade diocesana, que deve ser sentida como a nossa comunidade.
O conhecimento da história da Igreja particular ou da Diocese, da vida e da realidade (história passada e presente) deve ser, para o padre diocesano, motivação constante, a fim de crescer na vida de oração, sentir-se estimulado a buscar, mas e mais, o seu próprio aprofundamento dentro das exigências evangelizadoras e pastorais da Igreja particular ou Diocese, e se doar, sempre mais, para Jesus seja conhecido, amado e seguido por esta porção do Povo de Deus que, em união com o bispo diocesano e os demais membros do Presbitério, lhe foi confiado.
D. Aloísio Lorscheider
Extraído do livro "Identidade e espiritualidade do padre diocesano"

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O caldeiro

Um caldeireiro foi contratado para consertar um enorme sistema de caldeiras de um navio a vapor que não estava funcionando bem. Após escutar a descrição feita pelo engenheiro quanto aos problemas e de haver feito umas poucas perguntas, dirigiu-se à sala de máquinas. Olhou, durante alguns instantes, para o labirinto de tubos retorcidos. A seguir, pôs-se a escutar o ruído surdo das caldeiras e o silvo do vapor que escapava. Com as mãos apalpou alguns tubos. Depois, cantarolando suavemente só para si, procurou em seu avental alguma coisa e tirou de lá um pequeno martelo, com o qual bateu apenas uma vez em uma válvula vermelha. Imediatamente, o sistema inteiro começou a trabalhar com perfeição e o caldeireiro voltou para casa.

Quando o dono do navio recebeu uma conta de R$ 2.000,00 queixou-se de que o caldeireiro só havia ficado na sala de máquinas durante quinze minutos e solicitou uma conta pormenorizada.

Eis o que o caldeireiro lhe enviou:

Total ................: R$ 2.000,00
Martelada ..........: R$ 0,50
Onde martelar ....: R$ 1.999,50