terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Mensagem 53º Dia Mundial de Oração pelas Vocações - 2016

Tema: «A Igreja, mãe de vocações»
 (17 de Abril de 2016 - IV Domingo da Páscoa)
Amados irmãos e irmãs!
Como gostaria que todos os batizados pudessem, no decurso do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, experimentar a alegria de pertencer à Igreja! E pudessem redescobrir que a vocação cristã, bem como as vocações particulares, nascem no meio do povo de Deus e são dons da misericórdia divina! A Igreja é a casa da misericórdia e também a «terra» onde a vocação germina, cresce e dá fruto.
Por este motivo, dirijo-me a todos vós, por ocasião deste 53º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, convidando-vos a contemplar a comunidade apostólica e a dar graças pela função da comunidade no caminho vocacional de cada um. Na Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, recordei as palavras de São Beda, o Venerável, a propósito da vocação de São Mateus: «Miserando atque eligendo» (Misericordiae Vultus, 8). A acção misericordiosa do Senhor perdoa os nossos pecados e abre-nos a uma vida nova que se concretiza na chamada ao discipulado e à missão. Toda a vocação na Igreja tem a sua origem no olhar compassivo de Jesus. A conversão e a vocação são como que duas faces da mesma medalha, interdependentes continuamente em toda a vida do discípulo missionário.
O Beato Paulo VI, na Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, descreveu os passos do processo da evangelização. Um deles é a adesão à comunidade cristã (cf. n. 23), da qual se recebeu o testemunho da fé e a proclamação explícita da misericórdia do Senhor. Esta incorporação comunitária compreende toda a riqueza da vida eclesial, particularmente os Sacramentos. A Igreja não é só um lugar onde se crê, mas também objecto da nossa fé; por isso, dizemos no Credo: «Creio na Igreja».
A chamada de Deus acontece através da mediação comunitária. Deus chama-nos a fazer parte da Igreja e, depois dum certo amadurecimento nela, dá-nos uma vocação específica. O caminho vocacional é feito juntamente com os irmãos e as irmãs que o Senhor nos dá: é uma con-vocação. O dinamismo eclesial da vocação é um antídoto contra a indiferença e o individualismo. Estabelece aquela comunhão onde a indiferença foi vencida pelo amor, porque exige que saiamos de nós mesmos, colocando a nossa existência ao serviço do desígnio de Deus e assumindo a situação histórica do seu povo santo.
Neste Dia dedicado à oração pelas vocações, desejo exortar todos os fiéis a assumirem as suas responsabilidades no cuidado e discernimento vocacionais. Quando os Apóstolos procuravam alguém para ocupar o lugar de Judas Iscariotes, São Pedro reuniu cento e vinte irmãos (cf. Act 1, 15); e, para a escolha dos sete diáconos, foi convocado o grupo dos discípulos (cf. Act 6, 2). São Paulo dá a Tito critérios específicos para a escolha dos presbíteros (cf. Tt 1, 5-9). Também hoje, a comunidade cristã não cessa de estar presente na germinação das vocações, na sua formação e na sua perseverança (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 107).
A vocação nasce na Igreja. Desde o despertar duma vocação, é necessário um justo «sentido» de Igreja. Ninguém é chamado exclusivamente para uma determinada região, nem para um grupo ou movimento eclesial, mas para a Igreja e para o mundo. «Um sinal claro da autenticidade dum carisma é a sua eclesialidade, a sua capacidade de se integrar harmonicamente na vida do povo santo de Deus para o bem de todos» (Ibid., 130). Respondendo à chamada de Deus, o jovem vê alargar-se o próprio horizonte eclesial, pode considerar os múltiplos carismas e realizar assim um discernimento mais objectivo. Deste modo, a comunidade torna-se a casa e a família onde nasce a vocação. O candidato contempla, agradecido, esta mediação comunitária como elemento imprescindível para o seu futuro. Aprende a conhecer e a amar os irmãos e irmãs que percorrem caminhos diferentes do seu; e estes vínculos reforçam a comunhão em todos.
A vocação cresce na Igreja. Durante o processo de formação, os candidatos às diversas vocações precisam de conhecer cada vez melhor a comunidade eclesial, superando a visão limitada que todos temos inicialmente. Com tal finalidade, é oportuno fazer alguma experiência apostólica juntamente com outros membros da comunidade, como, por exemplo, comunicar a mensagem cristã ao lado dum bom catequista; experimentar a evangelização nas periferias juntamente com uma comunidade religiosa; descobrir o tesouro da contemplação, partilhando a vida de clausura; conhecer melhor a missão ad gentes em contacto com os missionários; e, com os sacerdotes diocesanos, aprofundar a experiência da pastoral na paróquia e na diocese. Para aqueles que já estão em formação, a comunidade eclesial permanece sempre o espaço educativo fundamental, pelo qual se sente gratidão.
A vocação é sustentada pela Igreja. Depois do compromisso definitivo, o caminho vocacional na Igreja não termina, mas continua na disponibilidade para o serviço, na perseverança e na formação permanente. Quem consagrou a própria vida ao Senhor, está pronto a servir a Igreja onde esta tiver necessidade. A missão de Paulo e Barnabé é um exemplo desta disponibilidade eclesial. Enviados em missão pelo Espírito Santo e pela comunidade de Antioquia (cf. Act 13, 1-4), regressaram depois à mesma comunidade e narraram aquilo que o Senhor fizera por meio deles (cf. Act 14, 27). Os missionários são acompanhados e sustentados pela comunidade cristã, que permanece uma referência vital, como a pátria visível onde encontram segurança aqueles que realizam a peregrinação para a vida eterna.
Dentre os agentes pastorais, revestem-se de particular relevância os sacerdotes. Por meio do seu ministério, torna-se presente a palavra de Jesus que disse: «Eu sou a porta das ovelhas (...). Eu sou o bom pastor» (Jo 10, 7.11). O cuidado pastoral das vocações é uma parte fundamental do seu ministério. Os sacerdotes acompanham tanto aqueles que andam à procura da própria vocação, como os que já ofereceram a vida ao serviço de Deus e da comunidade.
Todos os fiéis são chamados a consciencializar-se do dinamismo eclesial da vocação, para que as comunidades de fé possam tornar-se, a exemplo da Virgem Maria, seio materno que acolhe o dom do Espírito Santo (cf. Lc 1, 35-38). A maternidade da Igreja exprime-se através da oração perseverante pelas vocações e da acção educativa e de acompanhamento daqueles que sentem a chamada de Deus. Fá-lo também mediante uma cuidadosa selecção dos candidatos ao ministério ordenado e à vida consagrada. Enfim, é mãe das vocações pelo contínuo apoio daqueles que consagraram a vida ao serviço dos outros.
Peçamos ao Senhor que conceda, a todas as pessoas que estão a realizar um caminho vocacional, uma profunda adesão à Igreja; e que o Espírito Santo reforce, nos Pastores e em todos os fiéis, a comunhão, o discernimento e a paternidade ou maternidade espiritual.
Pai de misericórdia, que destes o vosso Filho pela nossa salvação e sempre nos sustentais com os dons do vosso Espírito, concedei-nos comunidades cristãs vivas, fervorosas e felizes, que sejam fontes de vida fraterna e suscitem nos jovens o desejo de se consagrarem a Vós e à evangelização. Sustentai-as no seu compromisso de propor uma adequada catequese vocacional e caminhos de especial consagração. Dai sabedoria para o necessário discernimento vocacional, de modo que, em tudo, resplandeça a grandeza do vosso amor misericordioso. Maria, Mãe e educadora de Jesus, interceda por cada comunidade cristã, para que, tornada fecunda pelo Espírito Santo, seja fonte de vocações autênticas para o serviço do povo santo de Deus.
Cidade do Vaticano, 29 de Novembro – I Domingo do Advento – de 2015.
Franciscus

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Jovens o que querem fazer das suas vidas?

O Papa Francisco falou sobre sua recente viagem à África na Audiência Geral desta quarta-feira, na Praça de São Pedro. Por sua vez, convidou os jovens a pensar em sua vocação e sobre a possibilidade de o Senhor os chamar para ser missionários e evangelizar em qualquer lugar do mundo.

Os missionários são “homens e mulheres que deixaram tudo, a pátria, desde jovens e se foram, em uma vida de muito trabalho, às vezes dormindo sobre a terra, toda a vida”, disse Francisco.
Em seguida, contou uma anedota que lhe ocorreu na República Centro-Africana: “Em um momento encontrei em Bangui uma religiosa italiana, via-se que era anciã: ‘Quantos anos tem?’, perguntei-lhe. ‘81’. ‘Ah, não muito… dois a mais do que eu, não muito’. Estava com uma menina e a menina, em italiano, chamava a freira de ‘vovó’. 81 anos e estava ali desde que tinha 23 ou 24 anos. Toda a vida. E, como ela, muitos. ‘Mas eu não sou daqui, sou do país vizinho, do Congo, mas vim em canoa com esta menina’”.
“Assim são os missionários, valentes. ‘E o que você faz, irmã?’. ‘Eu sou enfermeira e depois estudei um pouco e me tornei parteira, ajudei a nascer 3.280 crianças”.
“Uma vida inteira pela vida dos outros. Como ela, existem tantos outros, religiosos, padres, missionários que ‘queimam’ suas vidas para anunciar Jesus Cristo. Isto é muito bonito”.
O Papa continuou improvisando: “Eu gostaria de dizer uma coisa aos jovens… há poucos porque a natalidade na Europa parece que é um luxo. Natalidade 0%, natalidade 1%. Mas, me dirijo aos jovens: pensem no que farão de suas vidas, pensem nesta religiosa e em tantas como ela, que deram a vida e muitos morreram ali. A missionariedade não é fazer proselitismo, porque esta irmã me disse que até os muçulmanos vão até elas porque sabem que as freiras são boas enfermeiras que curam bem e não fazem catequese para convertê-los, a não ser testemunho, e a quem quiser, dão catequese. Testemunho: esta é a grande missionariedade heroica da Igreja, anunciar Jesus Cristo com a própria vida”.
“Dirijo-me aos jovens: o que pensam, o que querem fazer com sua vida? É o momento de pensar e pedir ao Senhor que te faça sentir a vontade dele, mas não excluam por favor esta possibilidade de ser missionários para levar o amor, a humanidade, a fé a outros países. Não para fazer proselitismo, isso o fazem outros que procuram outra coisa. A fé se prega primeiro com o testemunho e depois com a palavra, lentamente”.
Na catequese, o Pontífice relembrou os três países do continente africano que visitou durante seis dias, Quênia, Uganda e República Centro-Africana, de onde retornou a Roma na segunda-feira, 30 de novembro.
Francisco afirmou que o Quênia “representa bem o desafio global de nossos tempos: tutelar a criação reformando o modelo de desenvolvimento de modo que seja justo, inclusivo e sustentável”.
Sobre a capital, Nairóbi, (onde esteve), afirmou que “convivem a riqueza e a miséria, e isto é um escândalo, não só na África, mas aqui também, a convivência entre riqueza e miséria é uma vergonha para a humanidade”.
Ao repassar os atos que celebrou, sublinhou que se encontrou com muitos jovens. “Em cada ocasião animei-os a tomar como um tesouro a grande riqueza desse país: riqueza natural e espiritual, constituída dos recursos da terra, das novas gerações e dos valores que formam a sabedoria do povo”.
“Neste contexto assim dramaticamente atual, tive a alegria de levar a palavra de esperança de Jesus Ressuscitado: ‘Sejam firmes na fé, não tenham medo’ era o lema da visita. Uma palavra que é vivida cada dia por tantas pessoas humildes e singelas, com uma nobre dignidade”.
De Uganda, explicou que sua visita se celebrou no contexto dos 50 anos de canonização dos mártires deste país, pelo Papa Paulo VI. O lema foi “Vocês serão minhas testemunhas’’ e “toda a visita se desenvolveu no ardor do testemunho animado pelo Espírito Santo”.
“Testemunho no sentido explícito é o serviço dos catequistas, aos quais agradeci e animei por seu compromisso, que frequentemente corresponde também a suas famílias”.
“Testemunho como o da caridade, que pude tocar com a mão na Casa do Nalukolongo, e que vê comprometidas tantas comunidades e associações no serviço aos mais pobres, incapacitados e doentes”.
“Testemunho dos jovens que, apesar das dificuldades, guardam o dom da esperança e procuram viver segundo o Evangelho e não segundo o mundo, indo contra a corrente”.
“Testemunhos dos sacerdotes, dos consagrados e consagradas que renovam dia a dia seu ‘sim’ total a Cristo e se dedicam com alegria ao serviço do povo santo de Deus”.
Francisco disse que “todo este testemunho multiforme, animado pelo Espírito Santo, é levedura para toda a sociedade”.
Em relação à República Centro-Africana, o Santo Padre revelou que esta visita era, na verdade, a primeira de suas intenções, “porque o país está tentando sair de uma fase difícil, de conflitos violentos e muito sofrimento para a população”.
“Foi por isso que quis abrir, uma semana antes, a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia em um país que sofre muito, como sinal de fé e esperança para aquele povo e simbolicamente para todos os povos africanos mais necessitados de resgate e consolo”.
Fazendo referência às palavras do Evangelho “passar À outra borda”, Francisco explicou que “significa deixar para trás a guerra, as divisões, a miséria, e escolher a paz, a reconciliação, o progresso”.
“Mas isto pressupõe um ‘passo’ que se dá nas consciências, nas atitudes e nas intenções das pessoas”.
O Papa recordou que na última Missa, no estádio do Bangui, “renovamos o compromisso de seguir Jesus, nossa esperança, nossa paz, Rosto da divina misericórdia”.
“Esta última Missa foi maravilhosa, estava cheia de jovens, um estádio jovem, mas mais da metade da população da República Centro-Africana são menores, têm menos de 18 anos, é uma promessa para ir adiante”.
Na última parte da Audiência, ao saudar os peregrinos de língua italiana, fez um convite a viver o Advento. “No domingo passado, iniciamos o Tempo de Advento. Exorto todos a viver este tempo de preparação ao nascimento do Jesus, Rosto do Pai misericordioso, no contexto extraordinário do Jubileu, com espírito de caridade, maior atenção a quem está na necessidade, e com momentos de oração pessoal e comunitária”.
“Dirijo uma saudação aos jovens, enfermos e recém-casados. Que o Deus da paz os de estímulo, queridos jovens, para ser promotores de diálogo e compreensão; ajude vocês, queridos enfermos, a olhar a cruz de Cristo para aprender a confrontar com serenidade o sofrimento; e favoreça a vocês, queridos esposos recém-casados, o crescimento da paz e do amor em suas novas famílias”.
Fonte: Aci Digital

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Dizer teu nome Maria

Dizer teu nome, Maria,
é dizer que a pobreza
compra os olhares de Deus.
Dizer teu nome, Maria,
é dizer que a promessa
vem com leite de mulher.
Dizer teu nome, Maria,
é dizer que a nossa carne
veste o silêncio do Verbo.
Dizer teu nome, Maria,
é dizer que o Reino chega
caminhando com a história.
Dizer teu nome, Maria,
é dizer ao pé da cruz
e nas chamas do Espírito.
Dizer teu nome, Maria,
é dizer que todo nome
pode estar cheio de graça.
Dizer teu nome, Maria,
é chamar-te toda Sua,
causa da nossa alegria.
(Dom Pedro Casaldáliga)