segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Passos para Leitura Orante


1º Leitura: Ler o texto. Estar atento para as palavras, as repetições, o jeito como está escrito, quem aparece no texto, em que lugar, o que fazem, o que falam... “A Palavra está muito perto de ti: na tua boca” é chegar perto da Palavra de Deus; a Palavra está na boca. O que o texto diz? Ler, reler, tornar a ler, cada vez mais, conhecer bem o que está escrito, até assimilar o próprio texto.
2º Meditação: A meditação é o segundo degrau. Depois de ouvir e ler a Sagrada Escritura, de assimilá-la criativa e ativamente, vamos usar a imaginação, palavras, a repetição mental ou oral de uma palavra, uma frase, um versículo. Repetir de memória, com a boca, o que foi lido e compreendido. Vamos ruminar até que, da boca e da cabeça, passe para o coração. “A Palavra está muito perto de ti: na tua boca e no teu coração”. O que o texto me diz? Ruminar, trazer o texto para a própria vida e a realidade pessoal e social. O que Deus está me falando?
3º Oração: A meditação nos faz subir o terceiro degrau. A leitura e meditação se transformam em um encontro mais direto, íntimo e pessoal com Deus. Entramos em diálogo, em comunhão amorosa com Deus. Respondemos a Deus, pedimos que nos ajude a praticar o que a sua Palavra nos pede. O texto bíblico e a realidade de hoje nos motivam a rezar. O terceiro passo é a oração pessoal que pode desabrochar em oração comunitária, expressão espontânea de nossas convicções e sentimentos mais profundos. “A Palavra está muito perto de ti: ... no teu coração”. O que o texto me faz dizer a Deus? Rezar – suplicar, louvar, dialogar com Deus, orar com um salmo.
4º Contemplação: É o transbordamento do coração em ação transformadora. “Para que ponhas em prática” (Dt 30,14). Contemplar não é algo intelectual, que se passa na cabeça, mas é um agir novo que envolve todo nosso ser. É contemplativa a pessoa que tem o “jeito novo” de ser, viver, ver e assumir a vida, conforme o projeto daquele que é o nosso único Mestre e que nos diz: “Vocês são todos irmãos” (Mt 23,8). A Leitura Orante se torna uma atitude continuada no dia-a-dia por uma ação transformadora – pessoal, comunitária, social, mundial. A partir deste texto como devo olhar a vida, as pessoas, a realidade... o que devo fazer de concreto? O que ficou em meu coração e me desperta para um novo modo de ser e agir?

sábado, 29 de janeiro de 2011

As 3 peneiras de Sócrates

Certa vez, um homem chegou até Sócrates e disse: -Escuta, tenho que contar-te algo importante a respeito de teu amigo! -Espere um pouco, interrompeu o sábio, fizeste passar aquilo que me queres contar pelas três peneiras? -Que três peneiras? -Então, escuta bem! A primeira é a peneira da VERDADE. Estás convicto de que tudo o que queres dizer-me é verdade? -Não exatamente, somente o ouvi dos outros. -Mas, então, certamente o fizeste passar pela segunda peneira? Trata-se da peneira da BONDADE. O homem ficou ruborizado e respondeu: -Devo confessar que não. -E pensaste na terceira peneira? Vendo se me seria útil o que queres falar-me a respeito do meu amigo? Seria esta a peneira da UTILIDADE. -Útil? Na verdade, não. -Vês? - disse-lhe o sábio - Se aquilo que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que guardes somente para si.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Simpósio Internacional de Missiologia prepara participantes para CAM 4


Teve início na segunda-feira, 24, o Simpósio Internacional de Missiologia, em Caracas, Venezuela. Com o tema “Secularização presente e futuro, desafio para a Missão”, o Simpósio tem o objetivo de refletir o enfoque temático para o 4º Congresso Americano Missionário (CAM4-Comla9), que acontecerá também na Venezuela, na cidade de Macaíbo, entre os dias 22 a 27 de janeiro de 2013.

sábado, 22 de janeiro de 2011

É o momento Senhor

É o momento Senhor, de orientar a minha vida,
É a hora de dar um sentido a minha existência;
Estou a ponto de descobrir novos caminhos.
Estou Senhor, ante você, aberto/a como a praia ao mar,
Estou na procura de tuas pegadas,
Quero deixar atrás os meus caminhos
e entrar nos teus caminhos.
Aqui estou Senhor,
Como Maria quando era jovem e te digo:
“Eis a serva do Senhor,
Que se faça em mim segundo a tua palavra...”.
Estou com um coração disponível e te digo:
quero fazer a tua vontade.
Senhor que você quer de mim?
Qual é o teu projeto para minha vida?
Por onde você quer que eu caminhe?
Como me comprometer e ser fiel?
Quero Senhor, te escutar e te dar uma resposta.
Quero Senhor, deixar tudo, ficar livre para te seguir.
Quero arriscar meu caminho com o teu, deixar meus medos,
dar abertura a minha fé jovem.
Quero Senhor ser fiel ao teu projeto.
Você me olhou primeiro, e você me quer servidor/a de teu Reino.
Tu és a força por meio do teu Espírito,
Eu sei que é possível realizar o teu projeto e ser feliz.
Senhor, quero fazer de tua Pessoa e teu Evangelho,
Projeto de vida que dê sentido a minha existência.
Aqui estou para fazer a tua vontade.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Escola de preparação para animadores vocacionais - ESPAV

Acontece no Centro Missionário José Allamano, Zona Norte de São Paulo, entre os dias 9 e 22 de janeiro, a Escola de Preparação para Animadores Vocacionais (ESPAV). Orientada pelo Instituto de Pastoral Vocacional (IPV) a Escola tem como objetivo preparar homens e mulheres comprometidos pastoralmente com a animação vocacional em toda a Igreja do Brasil.
Os conteúdos ministrados estão organizados em quatro módulos distintos formando um programa unitário e coerente de pastoral: 1º Antropologia da Vocação; 2º Teologia e Eclesiologia da Vocação; 3º Itinerário Vocacional; e 4º Planejamento e Metodologia do Serviço de Animação Vocacional (SAV).
Os temas são abordados com uma metodologia teórico-prática o que permite uma maior partilha e interação entre os participantes que trazem suas experiências. Segundo os organizadores, a Escola capacita para melhorar o Serviço de Animação Vocacional respondendo às exigências atuais.
Este ano participam 95 pessoas provenientes de diversas dioceses, congregações religiosas e associações laicais.
Equipe de Coordenação e Assessoria IPV

Trabalho e oração

Um velho pescador, bom cristão, gravou num dos remos de sua canoa a palavra “trabalho”, e no outro, a palavra “oração”.
Certo dia, ele conduzia para a outra margem do rio um desses jovens que não rezava mais e tinha abandonado suas práticas religiosas. Ao ver a palavra oração num dos remos, falou ao velho, em tom de ironia.
- Você ainda é dos tempos antigos! Para que rezar? Não basta trabalhar? Eu não perco mais tempo com rezas.
O barqueiro nada respondeu e, como única resposta, parou de movimentar o remo onde estava escrito a palavra oração, movimentando somente o outro, onde se lia a palavra trabalho.
Logo apareceu o resultado: o barco começou a girar em torno de si mesmo. Não seguia para a frente, a fim de atingir a outra margem do rio.
Assim o jovem percebeu que, para chegar ao outro lado, era necessário manejar os dois remos.

domingo, 16 de janeiro de 2011

A vida humana como peregrinação

A vida humana é uma autêntica peregrinação. A palavra peregrino refere-se a alguém que caminha cruzando os campos. Nascer é a nossa primeira experiência de peregrinos, e, ao nascer, todos temos algo de heróis. A morte, por sua vez, será a nossa última etapa do caminho. Partir e chegar é o enredo da nossa existência cujo movimento nos conduz ao Criador, origem e meta de toda a criação.
Qual o sentido desta nossa peregrinação? O segredo da felicidade humana está na experiência exultante de se sentir amado, gratuita e infinitamente, pelo nosso Criador. Um sentido de presença amorosa e mística faz a pessoa livre, feliz, esperançosa e solidária. Benditos sejam os mestres humildes que, na volta dos caminhos da vida, nos fazem acessível á essa lição elementar de sabedoria. Posso mencionar muitos nomes. Cito aqui dona Magda, camponesa que, nos seus 74 anos, percorria léguas toda Semana Santa para participar das celebrações no interior de Minas. Conversando com ela, perguntei admirado:
- Dona Magda, a senhora parece que vive pensando em Deus o dia todo!
- Mas é claro, seu padre! Só não penso em Deus quando estou dormindo. Ao levantar, coloco os meus pés no chão, e faço esta oração: Meu Deus, faz que todos os meus passos no dia de hoje sejam dados no seguimento de Jesus!
Todo dia lembro desta bela oração. Dona Magda é um modelo de peregrina. Pés curtidos, pele calejada e queimada pelo sol, chinelos, léguas, pobreza, liberdade, amor e uma fé que transporta montanhas! Confesso: sinto inveja de pessoas assim.
Faz bem pensar, de vez em quando, no humilde e luminoso início do nosso existir. Sentir a admiração de sermos um milagre da criação divina. Imagina! Passar do nada para o ser! Há maravilha maior? Um ser tão rico que é chamado a peregrinar para a eternidade em relação com tanta coisa, pessoa e o próprio Deus trino.
A criação toda é um tu em constatne relação com o eu que somos cada um de nós. Alguém único e ao mesmo tempo parte de um todo. Somos parte do grande corpo da Criação. [...] Como é bonito refletir e saborear toda esta vocação à fraternidade e à comunicação.
Ao captarmos a vida como um dom, cresce em nós a confiança em Deus. A confiança dá a medida do nosso amor. Confiança que desvanece os medos e aviva a coragem para prosseguir a caminhada. Quem contempla o Deus presente a cada passo da nossa vida aprende a saborear o seu amor ao partilhá-lo com as outras criaturas. Tanta alegria e tantas maravilhas não podem ser aprisionados para si. Como anunciar aos outros esse amor, esse sentido para a criação? É este o desafio da evangelização, sempre atual e sempre novo.
A nossa peregrinação termina com a morte. A melhor definição da morte foi-me dada por uma pessoa que, sentindo-a perto, a descreveu como um novo nascimento.
- Quando a criança está no ventre materno ela se sente bem e protegida; ela não quer nascer. Não sabe que está perdendo algo muito melhor. Assim considero a nossa morte. Mesmo na doença e com sofrimentos, eu gosto da vida e amo minha família e meus amigos. Tenho, porém, certeza de que vou nascer para uma vida melhor, para a qual não há palavras para descrever. Por isso não tenho medo da morte.
Manuel E. Iglesias, sj
Extraído do livro: Onde estás, Senhor?

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Questão de interesse

Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e caneta. E Escreveu: “Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres”.
Morreu antes de fazer a pontuação.
A quem deixava ele a fortuna?
Eram quatro concorrentes.
O sobrinho fez a seguinte pontuação: “Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres”.
A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito: “Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres”.
O alfaiate pediu cópia do original e puxou a brasa pra sua sardinha: “Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres”.
Ai, chegaram os pobres da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação: : “Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres”.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Meu Deus, se os homens te conhecessem!

Durante o processo de beatificação de Santo Inácio de Loyola, um senhor se apresentou e declarou que, na sua adolescência, havia conhecido o homem de Deus. Que este ficara hospedado em sua casa e dividido o quarto com ele. Chegada a hora de deitar, Inácio lhe dissera:
- João, vai dormir, que eu tenho ainda algo para fazer
O rapaz se deitava e fingia dormir, mas contemplava admirado como seu companheiro de quarto ficava rezando, ajoelhado, durante várias horas. A única coisa que ele conseguia escutar do santo eram estas palavras:
- Meu Deus, meu Deus, se os homens te conhecessem!
Eram palavras que ele não esqueceu depois de tantos anos. Elas expressam o desejo que invadia o coração daquele homem convertido. Um desejo parecido explica a dimensão missionária da Igreja e a vida de tantos cristão que conhecemos.
Este "conhecer" por dentro Jesus Cristo deveria ser a tarefa primordial de todos nós, a nossa súplica constante e a fonte de toda sabedoria. "Dar conhecer" a Jesus é a missão fundamental da Igreja e de todo batizado. Quando este "conhecimento" fica descuidado, formal ou apenas racional a qualidade de vida cristã se enfraquece ou morre.
São João da Cruz se lamentava de que Cristo fosse muito pouco conhecido, mesmo pelo que se diziam seus amigos. E Santa Teresa de Ávila queria "trazer sempre diante dos olhos seu retrato e imagem, já que não o posso trazer esculpido na minha alma como eu gostaria".
É bom experimentar a alegria de ver Jesus Cristo conhecido e amado por tantas pessoas e culturas! Essa experiência nos anima e estimula a evangelizar.
Manuel E. Iglesias, sj
Extraído do livro: Onde estás, Senhor?

sábado, 8 de janeiro de 2011

Um ano aberto à esperança

Maria nos esperava no limiar de um novo ano, e vai nos acompanhar [...] "Maria, que concebeu o Verbo encarnado por obra do Espírito Santo e que depois, em toda a existência, se deixou guiar por sua ação interior, será contemplada e imitada no decorrer deste ano sobretudo como a mulher dócil à voz do Espírito, mulher do silêncio e da escuta, mulher da esperança, que sonha acolher como Abraão a vontade de Deus esperando contra toda esperança (Rm 4,18). Ela leva à sua expressão plena o andeio dos pobres de Javé, resplandecendo como modelo para quantos se confiam, com todo o coração, às promessas de Deus" (TMA, n. 48).
Uma das realidades mais bonitas da vida cristã é sentir que Deus nos ama, se comunica conosco, está presente e agindo em cada instante da nossa vida. É isso que faz a diferença entre uma vida cristã rotineira e formal e uma vida cristã impregnada de vida e de sentido. [...]
Dias atrás, tive oportunidade de ler o que um jovem desejava ao discernir a sua vocação sacerdotal: "As comunidades cristãs precisam de padres que possa ajudá-las a sentir e viver a presença de Deus".
Durante este ano precisamos pedir a Deus esta graça: "Será importante redescobrir o Espírito como aquele que constrói o Reino de Deus no curso da história e prepara a sua plena manifestação em Jesus Cristo, animando os homens no mais íntimo deles mesmos e fazendo germinar dentro da existência humana os germens da salvação definitiva que acontecerá no fim dos tempos" (TMA, n. 45). Jesus ressuscitado, a quem o ano que passou procuramos conhecer melhor e seguir, a todos traz a consolação do seu Espírito que, como apóstolos após a ressurreição, quer nos avivar a fé e a vida, nos congregar sempre mais e nos enviar em missão ao mundo. Companheiro de todos os nosso caminhos, Jesus e o seu Espírito estarão conosco todos os dias nos confirmando, instruindo e recordando a sua mensagem de vida. Ele vai iluminar os acontecimentos que nos esperam e nos comunicar a força para sermos suas testemunhas.
Tomara que seja este um ano de esperança! Podemos ter certeza de que o nosso Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo vai nos conceder a graça de que, na medida da sua bondade e da abertura do nosso coração, possamos ser neste ano agentes renovados de esperança, num mundo cheio de contrastes, sombras e anseio de vida.
Manuel E. Iglesias, sj
Extraido do livro: Onde estás, Senhor? ed. Loyola

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Cultura Vocacional nas Paróquias


Quando falamos do “Serviço de Animação Vocacional”, ou propriamente na “Pastoral Vocacional”, pensamos imediatamente em “Promoção Vocacional” e isto nos faz erroneamente pensar que a Animação Vocacional se reduz ao serviço de promover as vocações específicas: “sacerdotais, religiosas e missionárias”. O trabalho vocacional é mais amplo e exigente, pois indica que se deve percorrer um longo itinerário vocacional que começa no batismo de todo cristão, e que a primeira vocação da qual somos chamados é a vocação à vida.
Toda vocação nasce a partir do batismo, como já afirmavam as reflexões do 2º Ano Vocacional do Brasil (2003). Se é verdade que toda vocação nasce do batismo, ela deveria ser cultivada no seio da família e da comunidade eclesial, que tem a missão de ajudá-la na confirmação dos sacramentos. Isto exige cultivo, terreno fértil, oração da família e da comunidade, de modo que todas as vocações encontrem seu lugar e missão. Refiro-me às vocações específicas ao ministério ordenado e à vida consagrada, bem como às vocações laicais do matrimônio e dos vários serviços e ministérios a serviço da vida e da missão.
Pelo batismo somos chamados como “discípulos e missionários de Jesus Cristo em favor da vida”, já nos recordou a Conferência de Aparecida.
É bom lembrar que antes do Concílio Vaticano II a animação vocacional estava reduzida à “Obra das Vocações Sacerdotais”. Tudo girava em torno da figura do padre. Após o concílio, com a redescoberta do conceito “Povo de Deus”, o significado da vocação foi melhor compreendido. Passou se criar uma consciência vocacional, embora tenhamos um longo caminho para percorrer e somos interpelados por Deus.
Na Exortação Apostólica “Pastores Dabo Vobis” (cf. PDV, 34), de João Paulo II, lemos: “o cuidado que a Igreja deve ter com as vocações não é uma simples parte de uma pastoral global, mas uma dimensão conatural e essencial de toda a evangelização”. João Paulo II, no início do Terceiro Milênio, volta a surpreender afirmando que a Igreja não deve apenas promover e animar as vocações para o presbiterato, mas deve motivar e incentivar cada uma, ou seja, todas as vocações (cf. NMI, 46).
Neste sentido a animação vocacional é um dever de toda a comunidade cristã, a qual, pelo testemunho de uma vida plenamente cristã, se torna mediadora da vocação divina (cf. OT, 2). Dentro desta perspectiva, a paróquia, e todas as comunidades que a ela estão ligadas, deve se comprometer com o serviço de animação vocacional, mesmo que haja uma Equipe Vocacional Paroquial (EVP), ou Pastoral Vocacional, responsável. Na animação vocacional deverão estar presentes todas as pessoas da comunidade, considerando o fato que a Igreja é “mysterium vocationis”, ou seja, Povo de Deus convocado e reunido pela Trindade (cf. PDV, 34).
A animação vocacional procura incentivar a ação de toda a Igreja, de toda a comunidade e de suas pastorais e movimentos afins, no sentido de mediar o chamamento divino dirigido a todas as pessoas.
Na maioria das paróquias a animação vocacional está restrita apenas a alguns momentos fortes. Para se criar uma consciência vocacional temos que desenvolver uma atividade vocacional permanente. Por isso é grande a urgência “que se difunda e se radique a convicção de que todos os membros da Igreja, sem exceção, tem a graça e a responsabilidade do cuidado pelas vocações” (cf. PDV, 41).
Quando o pároco se torna o primeiro animador vocacional a paróquia passa a redescobrir o valor de se despertar e cultivar uma “cultura vocacional”.
Portanto, uma paróquia toda “vocacionalizada” será uma paróquia onde as pessoas terão o prazer de participar na alegria e colaborar com entusiasmo nos vários serviços e ministérios. Uma pastoral que sente-se vocacionalizada é uma pastoral que age por convicção e fé de que foi chamada para o serviço na Igreja e não simplesmente para ocupar mais um espaço. Uma pastoral, ou movimento eclesial, que tem a consciência vocacional do chamado divino gera testemunho de vida, amplia a ação pastoral, atrai e cultiva as vocações específicas para o sacerdócio presbiteral e para a vida consagrada, sem mencionar a qualidade da participação dos fiéis nas celebrações e eventos programados no âmbito paroquial.
Lembremos que um dos méritos do Concílio Vaticano II foi pensar a Igreja a partir de uma nova eclesiologia, dando assim suporte a uma ação de maior comunhão e de maior participação de todas as pessoas batizadas. Somos frutos do Concílio Vaticano II, somos a “Igreja, Povo de Deus, a serviço da vida” (cf. Tema do 2º Congresso Vocacional do Brasil).
Fazer animação vocacional na paróquia supõe, antes de mais nada, uma conscientização vocacional de que todas as pastorais e movimentos são chamados a despertar uma “Cultura Vocacional”, a qual podemos denominar de “vocacionalização” das pastorais e movimentos. As paróquias que estão investindo neste campo colherão seus frutos: adolescentes e jovens que optam pela orientação vocacional são acompanhados pela Pastoral Vocacional e, destes, alguns poderão ingressar nos seminários e casas religiosas, outros bem orientados vocacionalmente buscarão a vocação do matrimônio, permanecendo engajados na comunidade e fazendo da paróquia o lugar da comunhão e da partilha.
Relaciono a seguir dez dicas vocacionais para os párocos e suas paróquias:
1. Ter presente uma questão eclesial: Que tipo de paróquia queremos no século XXI?
2. Trabalhar para que o Serviço de Animação Vocacional (SAV) não seja mais uma “pastoral setorial”, mas a coluna vertebral de toda a paróquia.
3. Criar uma Equipe Vocacional Paroquial (EVP) – Pastoral Vocacional.
4. Empenhar-se com todas as forças para uma “consciência vocacional” em todas as pastorais e movimentos.
5. Aprofundar o conceito teológico de vocação, avaliando sempre que tipo de teologia e de espiritualidade sustenta a prática das pastorais e movimentos na paróquia.
6. Estar em sintonia com a mentalidade dos jovens para transmitir a mensagem vocacional. Realizar um esforço neste sentido e ir até eles (cf. desafios das “novas praças vocacionais” – cf. Documento final do 2º Congresso Vocacional do Brasil – estudos da CNBB 90).
7. Empenhar-se na conscientização da vocação da família através das visitas familiares e atividades afins – motivar o trabalho da Pastoral Familiar.
8. Interação entre a Pastoral Vocacional e as outras pastorais, especialmente: Pastoral da Juventude, Pastoral Familiar, Pastoral Catequética e Pastoral Litúrgica.
9. Acolher os jovens vocacionados. Muitos serão frutos destas pastorais. Levar a sério o “Itinerário Vocacional” até o ingresso em um seminário ou casa de formação.
10. Despertar na paróquia a oração pelas vocações e a atualização de bons conteúdos vocacionais podendo ser utilizados materiais específicos, caso das “celebrações vocacionais”.
Pe. Geraldo Tadeu Furtado, rcj

domingo, 2 de janeiro de 2011

Epifania: a manifestação de Deus

O tempo de Natal é recheado de momentos de alegrias, festas, viagens, trocam cartões, presentes, abraços efusivos, há celebrações, ceias, encontros de famílias....caminhada à procura de Jesus. Estes gestos são comuns e a maior parte deles materializa o verdadeiro significado do mesmo e o tornam sofisticado, comercializado, banalizado.
O Natal é a festa da luz As trevas opressoras dos filhos de Deus, antes ofuscantes, deixam-se iluminar pela luz de Deus, todo poderoso, que se faz criança e propõe à humanidade mudança de coração, que se dá através do chamado para caminhar e seguir um novo rumo.
O chamado remete-se à vocação... um caminho a seguir....O Natal mostra diversos caminhos e encontros surpresos, que despertam alegrias e grandes anúncios: “o anjo anunciou a Maria”...Maria foi ao encontro de Izabel...José e Maria caminharam a Jerusalém, ao Egito, a Belém...,os pastores caminharam até ao menino Deus e entoaram hinos de glória...os magos seguiram a estrela e encontraram Jesus.
A festa conclusiva do Natal, é chamada de Epifania, palavra de origem grega, que significa, manifestação de Deus a todos os povos e nações. No Brasil é popularmente conhecido como festa de Santo Reis, por destacar a visita dos Reis Magos do Oriente, ao presépio do menino Jesus.
Sabe-se que os sacerdotes aguardavam a vinda do Messias, que chegou.. ”uma luz surgiu, caminho novo”..eles ficaram indiferentes ao acontecimento. Então o sinal de Deus é observado em terras longínquas do oriente, outros povos, que nem sabiam da vinda do Messias, acreditaram e seguiram, guiados pela estrela, que é o próprio Jesus, foram até Belém e lá prostraram-se, diante do menino e o adoraram, entregando-lhe, ouro(realeza) incenso(a divindade) e mirra(a dor).
Os Magos, que deixaram tudo e puseram-se a caminho, até encontrarem Jesus, revigorados e transformados, retornam para casa por outro caminho, fazendo silêncio sobre o local onde estava o menino Deus, por causa da perseguição de Herodes, o que se confirma, que quem encontra Jesus, busca novos caminhos, nova vida e acata a mensagem de paz e amor.
No relato da Epifania, descobre-se diversas etapas do nosso caminho à procura de Jesus:
- humildade e disponibilidade de aceitar o convite...
- sensibilidade ao observar os sinais de Deus...
- atitude de esperança e coragem, diante dos desafios....
- despojamento de si e dos pertences...
- acolhida à diversidade cultural...
- prática do silencio.
Constata-se portanto, que houve um chamado de Deus aos 3 Reis Magos do Oriente, que acreditaram, largaram tudo e seguiram...e que Deus continua chamar a humanidade para o verdadeiro encontro consigo e com ELE,verificando ainda que toda vocação despertada, é sempre uma manifestação de Deus.
Que todos tenhamos um ano de Paz com a visão epifânica.
Marlene Costa Garcez - Balsas/MA

O quarto sábio

Gaspar, Melquior, Baltazar e Artaban montaram seus camelos e partiram numa viagem, com destino desconhecido, tendo como guia uma estrela cintilante que havia aparecido no céu ocidental e com o objetivo de render homenagem ao recém nascido Rei dos reis.
Os reis magos venderam tudo que possuíam para comprar presentes dignos de um rei. Gaspar, Melquior e Baltazar compraram ouro, incenso e mirro. Artaban escolheu pedras preciosas, um rubi, esmeraldas e diamantes.
À medida que viajavam, Artaben contemplava as pedras preciosas na palma de sua mão e pensava: "Como espero por esse dia em que conhecerei meu Rei e lhe darei esses presentes. Será o maior dia da minha vida".
Gemidos e lamentos interroperam esse devaneio. Alguém estava sofrendo! Rapidamente, guardou as gemas na sua bolsa, desceu do camelo e saiu em busca daquele que sofria. Encontrou o homem numa vala, quase nu, sangrando e ferido. Assaltantes o haviam atacado e deixado lá para morrer.
O coração de Artaban se comoveu com o homem. Ele gentilmente o colocou sobre seu camelo e o conduziu par uma pousada próxima. Cuidava dele com tanta devoção que se esqueceu da estrela, da viagem e do Rei recém nascido. Quando teve certeza de que o homem estava se recuperando e de que havia quem cuidadesse dele, começou a se prepar para continuar sua viagem. O dono da pousada parou-o na porta exigindo o pagamento pela estada do homem. As pedras preciosas eram tudo que Artaban possuía. Sem hesitar, pegou o rubi dentro de sua bolsa e o entregou ao dono da pousada. E correu em busca de seus companheiros de viagem, dizendo a si próprio: "Não importa o rubi. Meu Rei não vai me levar a mal porque me desfiz dele para salvar a vida de um homem".
Ele procurou, procurou, mas não conseguiu achar a trilha dos outros reis magos, e a estrela havia desaparecido do céu. Por fim, morto de cansaço, Artaban sentou-se num cepo e rezou: "Meu Rei dos reis, deixei minha casa, minha família e meu país para encontrá-lo. Agora estou perdido e sozinho num desero sem rastro. Guie meus passos, Senhor, de forma que eu possa encontrá-lo e oferecer-lhe meus presentes preciosos".
Levantando-se, montou seu camelo e partiu de novo. Dia após dia, cansado, prosseguiu viagem, sem os amigos de companhia e sem a estrela para orientá-lo, passando por cidades agitadas, aldeias sujas e oásis cercados de palmeiras, determinado a encontrar seu Rei. No fundo do seu coração ele sabia que algum dia, em algum lugar, de alguma forma iria encontrá-lo.
Uma vez, exausto e com sede, sentou-se para descansar à beira de um poço. À distância, avistou uma caravana vindo em sua direção. Talvez os viajantas tivessem notícias de seu Rei! Mas, quando eles se aproximaram, viu que se tratava de um comboio de morte, comerciantes de escravos arrastando sua carga humana através do deserto. Eles não teriam notícia alguma a lhe dar.
Os viajantes também pararam no oásis para descansar, e Artaban olhou para os escravos descarnardos e amendrontaos com grande compaixão e amor, sabendo que estavam condenados à servidão eterna. Percebendo sua misericórdia e bondade, os escravos reuniram-se à sua volta com lamentos de partir o coração: "Por favor, senhor, compre-nos todos, compre-nos todos e livre-nos das mãos desses homens brutais. Se o senhor nos comprar, o serviremos pelo resto de nossas vidas!".
O coração de Artaban derreteu. Pegou as esmeraldas e os diamantes de dentro de sua bolsa. Era um altro preço a pagar pela liberdade. Como que compelido por uma força que o transcendia, ele se levantou e se aproximou dos caravaneiros. "vou comprá-los, todos eles".
Perplexos, os comerciantes de escravos perguntaram: "O que você tem a oferecer como pagamento". Artaban abriu a mão e as jóias reluziram ao sol do deserto: "Este é o preço, é uma gratificação digna de um rei".
Os comerciantes pegaram o resgate e disseram: "Os escravos são todos seus, todos eles". Artaban virou-se para os escravos e disse alegremetne: "Vocês estão livres! Agora vocês pertecem a si próprios, não a mim. Vão para casa e vivam em paz".
Quando todos já haviam partido, Artaban ficou sozinho e confuso a beira do poço. "Será qe fiz a coisa certa... Meu coração me diz que estou certo, mas agora nada mais tenho para dar ao meu Rei"
O sol se pôs e a escuridão tomou conta do deserto. Artaban levantou o rosto manchado de lágrimas e contemplou o céu estrelado que se debruçava sobre ele. Então exclamou surpreso: "Lá estã ela! Será possível... Certamente aquela é a estrela do Rei recem nascido. Preciso segui-la. Mas não, é muito tarde. Nada tenho a lhe oferecer. É tarde demais, tarde demais para eu conhecer o meu rei".
Abaixou a cabeça e soluçou com o coração despedaçado. Até que uma voz misteriosa vinda das trevas lhe disse: "Não é tarde, não, Artaban. Você chegou a hora certa. Quero que você saiba que seus presentes foram os primeiros que recebi desde que nasci. Dos quatro reis magos que sairam em minha busca, você foi o primeiro a encontrar-me, o primeiro a me homenagear e o primeiro a me presentear".
Adaptação da história "O quarto sábio" de Henry Van Dyke

sábado, 1 de janeiro de 2011

A partir do próximo amanhecer

Hoje “me dei um tempo” para pensar na vida. Na minha vida!!!
Decidi então que a partir do próximo amanhecer, vou mudar alguns detalhes para ser a cada novo dia, um pouquinho mais feliz.
Para começar, não vou mais olhar para trás. O que passou é passado, se errei, agora não ou conseguir corrigir.
Então, para que remoer o que passou?
Refletir sobre aqueles erros sim e então fazer deles um aprendizado para o “meu hoje”...
Nem todas as pessoas que amo, retribuem meus carinhos como “eu” gostaria... E daí?
A partir do próximo amanhecer vou continuar a amá-las, mas não vou tentar mudá-las.
Pode ser até que ficassem como eu gostaria que fossem e deixassem de ser as pessoas que eu amo. Isso eu não quero.
Mudo eu... Mudo meu modo de vê-las. Respeito seu modo de ser.
Mas não pense que vou desistir de meus sonhos!!! Imagine!!! A partir do próximo amanhecer, vou lutar com mais garra para que eles aconteçam.
Mas vai ser diferente. Não vou mais responsabilizar a mais ninguém por minha felicidade.
EU VOU SER FELIZ!!!
Não vou mais parar a minha vida porque o que desejo não acontece, porque uma mensagem não chega, porque não ouço o que gostaria de ouvir. Vou fazer meu momento...Vou ser feliz agora... Terei outros dias pela frente!!!
Nunca mais darei muita importância aos problemas que não tenho conseguido resolver.
A partir do próximo amanhecer, vou agradecer a Deus, todos os dias por me dar forças para viver, APESAR dos meus problemas.
Chega de sofrer pelo que não consigo ter, pelo que não ouço ou não leio. Pelo tempo que não tenho e até de sofrer por antecipação, pensando sempre, apenas no pior.
A partir do próximo amanhecer, só vou pensar no que tenho de bom. Meus amigos, nunca mais precisarão me dar um ombro para chorar. Vou aproveitar a presença deles para sorrir, cantar, para dividir felicidade.
A partir do próximo amanhecer vou ser eu mesmo. Nunca mais vou tentar ser um modelo de perfeição. Nunca mais vou sorrir sem vontade ou falar palavras amorosas por que acho que sei o que os outros querem ouvir.
A partir do próximo amanhecer vou viver minha vida, SEM MEDO DE SER FELIZ.
Vou continuar esperando. Não, não vou esquecer ninguém. Mas...
A partir do próximo amanhecer, quando a gente se encontrar, com certeza, vou te dar “aquele” abraço bem apertado, e com toda sinceridade dizer...
ADORO VOCÊ e tenho muito amor para lhe dar.
Autor desconhecido