terça-feira, 14 de junho de 2016

Vocação Religiosa: Livres para testemunhar o Reino por meio do amor e da fraternidade

“A vida consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua Igreja, por meio do Espírito.” Exortação Apostólica Vita Consecrata do Papa João Paulo II.

A vocação religiosa se enraíza no próprio Evangelho, verdade suprema que nós livres para testemunhar o Reino por meio do amor e da fraternidade; a partir da narração do Evangelho vemos que Jesus dirigiu a todos um chamado a crer Nele e a viver os seus ensinamentos: todos são chamados a viver uma vida santa a exemplo de Jesus. As multidões eram atraídas por Ele, e, ainda hoje são multidões que o seguem, que se comprometem e querem viver o seu projeto de santidade.
Mas alguns foram chamados por Ele de modo diferente, para permanecer com Ele, os reuniu em comunidade para estar com Ele, para aprender Dele a sua mesma forma de vida. Assim, é no Evangelho onde encontramos o fundamento da Vocação Religiosa. Seguir Jesus Cristo na vivência radical dos valores do Reino; ser anunciador constante da presença do Reino no mundo. É para isso que Jesus Cristo convoca discípulos e discípulas que estejam dispostos a deixar tudo, a fazer uma opção e livre. Livremente deixar pai, mãe, irmãos, filhos, bens da terra.
Na liberdade, a pessoa chamada à vocação religiosa, se torna seguidora do único Mestre – Jesus de Nazaré. As exigências do Mestre em vez de ser uma pesada cruz passa a ser uma condição e consequência desta opção maior; é nesta direção que a pessoa vai orientar toda a sua vida, as energias do seu ser; cria novos laços e vai aprendendo a relativizar tantos aspectos que não se identificam com esta opção de vida e com o único absoluto.
Isto significa que o compromisso do discípulo é com a causa do Reino. É testemunhar com a própria vida os valores do Reino, vivendo os conselhos evangélicos, recebe uma nova e especial consagração que compromete a assumir no a forma de vida praticada pessoalmente por Jesus, e por Ele proposta aos discípulos.
A vocação Religiosa é a expressão da radicalidade da fé batismal que se concentra no anuncio explícito do Reino, supõe uma resposta ativa que embora seja exigente atrai e entusiasma. Eis porque se pode afirmar que a Vida Religiosa Consagrada é, por si mesma, evangelizadora, (cf. Puebla 721).
Seguir a Cristo nesta vocação é compartilhar da sua missão: O Espírito Santo é aquele que inspira os cristãos ao seguimento de Cristo. Ele é o doador dos diversos carismas para o bem da Igreja, através das Congregações e Institutos Religiosos, todos eles direcionados a realizar um serviço em favor dos que sofrem, dos menos favorecidos, para que possam alcançar condições de vida dignas como filhos e filhas do mesmo Pai, pois somos realmente livres quando lutamos para levar o amor e a liberdade a todas as pessoas que estão carentes ou privados deste direito que é de todos.
Toda consagração é para a missão. Ser religiosa ou ser religioso quer dizer estar a serviço de Deus, reservados para a inteira disponibilidade ao serviço de Deus.
As pessoas consagradas serão missionárias, antes de mais, aprofundando continuamente a consciência de terem sido chamadas e escolhidas por Deus, para quem devem, orientar toda a sua vida e oferecer tudo o que são e possuem, libertando-se dos obstáculos que poderiam retardar a resposta total de amor. Desta forma, poderão tornar-se um verdadeiro sinal de Cristo no mundo. Também o seu estilo de vida deve fazer transparecer o ideal que professam, propondo-se como sinal vivo de Deus e como persuasiva pregação, ainda que muitas vezes silenciosa, do Evangelho.
Irmã Eunívea da Silva e Irmã Renilda Teixeira Pereira, 
Congregação de São Carlos Borromeu


domingo, 12 de junho de 2016

Era bombeiro e resgatou centenas de vidas, agora é sacerdote e salvará almas

Durante duas décadas, o capitão do Departamento de Bombeiros de Nova Iorque (FDNY), Toma Colucci, lutou contra o fogo e salvou centenas de vidas. Depois que se aposentou, o bombeiro de 60 anos decidiu seguir o chamado de Deus que tinha sentido algum tempo atrás e há alguns dias foi ordenado sacerdote.

Em declarações ao NYDailyNews, o Pe. Colucci disse que quis ser sacerdote desde que era jovem, mas mudou de opinião quando entrou para o Corpo de Bombeiros em 1985. Nunca se casou e, “quando faltava pouco para me aposentar, pensei novamente em ser sacerdote”.
O atentado contra as Torres Gêmeas no dia 11 de setembro de 2001, no qual morreram cinco de seus companheiros, influenciou em sua decisão. “Como bombeiro, vi muito sofrimento e miséria por incêndios e tragédias como o atentado de 11 de setembro. Mas assim como vi o pior da humanidade, vi o também melhor dela. Disso se trata Cristo”.
“Você vê que acontecem coisas ruins e se pergunta ‘por que Deus permite isto?’ Mas, às vezes as tragédias nos aproximam de Deus. Percebi que queria ajudar as pessoas esses dias”, manifestou.
Colucci se aposentou em 2005, depois de ficar ferido na cabeça devido a uma explosão de gás. Passou por duas operações no cérebro e inclusive um sacerdote teve que lhe dar a extrema unção. Nesses momentos, aproximou-se de Deus e, quando ficou completamente curado, tomou a decisão de ser monge beneditino. Em seguida, ingressou no seminário de Nova Iorque, junto com outros 14 homens que, segundo o bombeiro, constituíram o grupo mais numeroso dos últimos anos.
“Isso mostra que as pessoas estão escolhendo a vocação. Há um novo interesse pela Igreja”, expressou.
O porta-voz da Arquidiocese de Nova Iorque, Joseph Zwilling, indicou que “todos os novos sacerdotes têm grandes histórias, mas a de Tom Colucci é realmente inspiradora. Espero que anime outros homens a considerar a vocação do sacerdócio”.
A cerimônia de ordenação aconteceu na Catedral de St. Patrick e foi presidida pelo Cardeal Timothy Dolan, Arcebispo de Nova Iorque. Nesse dia, Colucci usou uma camisa de FDNY por baixo de seus paramentos e levou uma medalha de São Floriano, padroeiro dos bombeiros. Ao final da missa, seus companheiros fizeram uma saudação especial ao novo sacerdote.

Fonte: Acidigital

quarta-feira, 8 de junho de 2016

CNBB apresenta subsídio para o Mês Vocacional 2016

“Misericordiosos como o Pai” (cf. Lc 6, 36) é tema para o Mês Vocacional 2016, celebrado em agosto. A atividade proposta pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) busca motivar a oração pelas vocações nas comunidades, paróquias e dioceses, além de conscientizar adolescentes e jovens ao chamado de servir a Igreja.
Sobre a temática deste ano, o bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo (SP) e referencial da Pastoral Vocacional, dom José Roberto Fortes Palau, explica que toda vocação à vida consagrada é fruto da misericórdia divina. “É fruto do olhar misericordioso de Jesus; é dom de Deus para a Igreja. Aliás, como enfatiza o papa Francisco, toda vocação nasce, cresce e é sustentada pela Igreja. De modo particular, a experiência de São Paulo destaca, sobremaneira, a importância da Igreja para o nascimento e a perseverança vocacional”, sublinha.
Material de apoio
Para animar o Mês Vocacional, a Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados (CMOVIC) e a presidência nacional da Pastoral Vocacional/SAV propõem subsídio, editado pelas Edições CNBB, com roteiros catequéticos, disponível para download
Ao todo, o subsídio contém três sugestões de encontros com os temas: 
1º) “A Vocação Nasce na Igreja”
2º) “A Vocação Cresce na Igreja”
3º) “A Vocação é Cultivada na Igreja”.
O material traz, ainda, roteiro oracional, cantos e reflexões do papa Francisco sobre as vocações e indica, também, três roteiros para auxiliar nas missas dominicais do Mês Vocacional:
7 de agosto – vocação ministério ordenado: diáconos, padres e bispos; 
14 de agosto – vocação matrimonial; 
21 de agosto – vocação à vida consagrada; 
28 de agosto – vocação dos leigos.
O presidente nacional da Pastoral Vocacional, padre Elias Aparecido da Silva, ressalta que a data é um importante momento para a promoção vocacional nas comunidades.
“Precisamos aproveitar nossas assembleias reunidas, grupos já formados, momentos de oração comunitária e até mesmo os atos devocionais para insistentemente propor que todos rezem pelas vocações, para que o Senhor da messe envie santas e numerosas vocações, e ainda provocar nossos adolescentes e jovens para que respondam com generosidade ao chamamento de Deus”, sugere o sacerdote.

A BUSCA do amado - "vistes o amado de minha alma?"

Amar significa dizer-se prontos para viver o aprendizado quotidiano da busca. A dinâmica da busca atesta que ninguém se basta a si mesmo, exige encaminhar-se para um êxodo profundo de si mesmo, atraído por aquela "terra sagrada que é o outro", para fundir-se na comunhão. O outro, porém, é mistério, está sempre além dos nossos desejos e das nossas expectativas, não é previsível, não requer posso, mas cuidado, proteção, é espaço de florescimento para a sua liberdade. Se isto vale para a criatura humana, quanto mais para Deus, mistério de suma liberdade, de relação dinâmica de
plenitude cuja grandeza nos supera, e cuja fragilidade manifestada por meio da cruz nos desarma.
O amor do Cântico dos Cânticos é luta e fadiga, exatamente como a morte (Ct 8,6), não é idealizado, mas cantado na consciência das suas crises e das suas perdas. A busca comporta cansaço, pede para levantar-se e para colocar-se a caminho, requer assumir a obscuridade da "noite". A noite é ausência, separação ou daquele que o coração ama; e o quarto da esposa, de lugar de repouso e de sonhos, se muda em prisão e lugar de pesadelos e tormentos (cf Ct 3,1). A esposa, protagonista principal do drama, busca o amado, mas ele está ausente. É necessário buscá-lo sair "pelas ruas e pelas praças" (Ct 3,2). Desafiando os perigos da noite, devorada pelo desejo de reabraça-lo, a esposa põe a eterna pergunta: "acaso vistes, vós, o amado de minha alma?" (Ct 3,3). É a pergunta lançada no coração da noite, que suscita a alegria da recordação dele, renova a ferida de uma distância insustentável. A esposa está sem dormir.
distanciamento
A noite volta protagonista no capítulo 5 do Cântico: a jovem está no seu quarto, o seu amado bate e pede para entrar, mas ela demora e ele vai embora (Ct 5,2-6). Dinâmica de incompreensão entre os dois ou sonho que se muda em terrível pesadelo? O texto prossegue com uma nova busca que tem o sabor de grande prova, não apenas emotiva e afetiva, mas também física, porque a esposa enfrenta a noite sozinha vem atingida pelos guardas, ferida e privada do seu amado (Ct 5,7). O amor desafia a noite e os seus perigos, é maior do que todo medo: "No amor hão há medo. Ao contrário, o perfeito amor lança fora o medo" (1Jo 4,18).
A mulher na busca do esposo age por um conhecimento pessoal do seu sentir. Perscruta a sua intimidade e se descobre "doente de amor" (Ct 1,5; 5,8). Esta doença significa a "alteração" da própria condição, o fato de que em virtude do encontro com o amado se sente irreversivelmente marcada, "alterada", isto é, se torna, dedicada, consagrada ao outro que preenche de sentido os seus dias. Tal é a condição de qualquer um que ama verdadeiramente.
Somente quem supera o labor da noite com o nome do amado nos lábios e o seu rosto impresso no coração, certo do vínculo que o une, pode saborear a refrescante alegria do encontro. O fogo do amor põe em relação de fusão os dois enamorados que, unidos pelo inverno da solidão, saboreiam a primavera da comunhão competindo mutuamente para celebrar com paixão e poesia a beleza do outro.
Contemplai, aos consagrados e às consagradas sobre os sinais da beleza, n.8

sábado, 4 de junho de 2016

O sentido da vida

No caminho da vida não existem só flores e nem só espinhos. Somos um misto de grandes alegrias e tristezas, fruto do sucesso e do insucesso, de amigos e inimigos, de luzes e trevas, de ganhos e perdas, que na somatória só fica o que somos capazes de assumir sem medo e com fé.
O realismo da vida me leva a viver cada momento com aquilo que é. Recordo uma frase do então papa João XXIII: “Encontramo-nos na terra emprestados, mas não devemos perder o gosto de viver”. É difícil compreender que a cada dia da vida o tempo não se repete e o que tempo que temos é curto e passa rápido. Viver o provisório, com suas causas e coisas, depende do grau de confiança que deposito e a prontidão em aceitar acertos e desacertos.
Em um texto no blog do jornalista Ronaldo Nezo eu li: “Um pensador certa feita disse: ‘Quando a alma chora, olho da janela do meu quarto e do, alto do meu prédio, não vejo a beleza da cidade. Vejo apenas a chance de silenciar meus tristes ais; de calar minhas lágrimas; de penetrar e me perder no esquecimento. Caro amigo, estar no mundo é estar sujeito aos prazeres e desprazeres da vida. Ainda que se apele para a razão, nossas emoções muitas vezes falam mais alto. E se provocam sorrisos, não raras vezes também nos fazem chorar. Quem deseja viver intensamente, terá dias em que o sorriso vai brotar fácil em seus lábios; mas também deve aceitar que lágrimas não desejadas vão descer pela sua face. Nessas horas, muitas vezes a vida perde o sentido”.
Ninguém esta isento de problemas financeiros, de perda de emprego, de traição amorosa, depressão, de frustração nas escolhas feitas, sentimentos de que não valeu a pena o que fez ou deixou de fazer, vontade de que tudo se acabe, que mundo não seja mundo e sim fim de tudo. Nestas horas parece que deixar de viver é a única saída, afinal a vida não nos pertence, é o maior presente de Deus.
Talvez o que está faltando de fato é um espaço maior para que o Deus da vida seja a direção de tudo e não as coisas de Deus que tomaram conta da vida. O coração humano não precisa de coisas, quantas coisas sobrando e quantos mendigando um pouco de atenção, de amor e de afeto, proporcionando um caminho novo de que vale apena viver.
Nestes momentos em que não vemos mais por onde e como caminhar, resta-nos um olhar que vem do coração, de uma força superior às nossas, um olhar com os olhos de Deus; e isso só é possível pela fé. Uma fé que faz ver além das aparências, que faz brotar uma esperança viva capaz de dissipar as trevas, e devolver a luz e contemplar a beleza de amar e ser amados. As coisas passam, só amor permanece. O gosto de viver retorna quando somos capazes de ver a vida como presente de Deus e que só Ele tem o poder de tirá-la. Nada deste mundo pode dominar o direito de viver e viver com dignidade. O vazio, a falta de sentido, o desgosto da vida desaparecerá, quando somos capazes de orar e fazer da vida uma oração e não somente fazer uma oração na vida. O gosto de viver será sempre vivo, quando as cruzes são pontes a atravessar e as vitórias lições para toda a vida e os joelhos calejados de tanto orar.
Por Dom Anuar Battisti – Arcebispo de Maringá (PR)