quarta-feira, 30 de setembro de 2015
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
“Nunca tivemos uma geração tão triste”
Augusto Cury, o
famoso psiquiatra que tem livros publicados em mais de 70 países e dá palestras
para multidões no Brasil e lá fora, lançou recentemente uma versão para
crianças e adolescentes do seu best-seller Ansiedade
- Como Enfrentar o Mal do Século. O autor conversou com a gente sobre os
desafios de se criar os filhos hoje e não poupou críticas à maneira como a
família e a escola têm educado os pequenos. Confira!
Excesso
de estímulos
"Estamos
assistindo ao assassinato coletivo da infância das crianças e da juventude dos
adolescentes no mundo todo. Nós alteramos o ritmo de construção dos pensamentos
por meio do excesso de estímulos, sejam presentes a todo momento, seja acesso
ilimitado a smartphones, redes sociais, jogos de videogame ou excesso de TV.
Eles estão perdendo as habilidades sócio-emocionais mais importantes: se
colocar no lugar do outro, pensar antes de agir, expor e não impor as ideias,
aprender a arte de agradecer. É preciso ensiná-los a proteger a emoção para que
fiquem livres de transtornos psíquicos. Eles necessitam gerenciar os
pensamentos para prevenir a ansiedade. Ter consciência crítica e desenvolver a
concentração. Aprender a não agir pela reação, no esquema 'bateu, levou', e a
desenvolver altruísmo e generosidade."
Geração
triste
"Nunca
tivemos uma geração tão triste, tão depressiva. Precisamos ensinar nossas
crianças a fazerem pausas e contemplar o belo. Essa geração precisa de muito
para sentir prazer: viciamos nossos filhos e alunos a receber muitos estímulos
para sentir migalhas de prazer. O resultado: são intolerantes e superficiais. O
índice de suicídio tem aumentado. A família precisa se lembrar de que o consumo
não faz ninguém feliz. Suplico aos pais: os adolescentes precisam ser
estimulados a se aventurar, a ter contato com a natureza, se encantar com
astronomia, com os estímulos lentos, estáveis e profundos da natureza que não
são rápidos como as redes sociais."
Dor
compartilhada
"É
fundamental que as crianças aprendam a elaborar as experiências. Por exemplo,
diante de uma perda ou dificuldade, é necessário que tenham uma assimilação
profunda do que houve e aprender com aquilo. Como ajudá-las nesse processo? Os
pais precisam falar de suas lágrimas, suas dificuldades, seus fracassos. Em vez
disso, pai e mãe deixam os filhos no tablet, no smartphone, e os colocam em
escolas de tempo integral. Pais que só dão produtos para os seus filhos, mas
são incapazes de transmitir sua história, transformam seres humanos em
consumidores. É preciso sentar e conversar: 'Filho, eu também fracassei, também
passei por dores, também fui rejeitado. Houve momentos em que chorei'. Quando
os pais cruzam seu mundo com os dos filhos, formam-se arquivos saudáveis
poderosos em sua mente, que eu chamo de janelas light: memórias capazes de
levar crianças e adolescentes a trabalhar dores perdas e frustrações."
Intimidade
"Pais que não cruzam seu mundo com o dos filhos e só atuam como manuais de regras estão aptos a lidar com máquinas. É preciso criar uma intimidade real com os pequenos, uma empatia verdadeira. A família não pode só criticar comportamentos, apontar falhas. A emoção deve ser transmitida na relação. Os pais devem ser os melhores brinquedos dos seus filhos. A nutrição emocional é importante mesmo que não se tenha tempo, o tempo precisa ser qualitativo. Quinze minutos na semana podem valer por um ano. Pais têm que ser mestres da vida dos filhos. As escolas também precisam mudar. São muito cartesianas, ensinam raciocínio e pensamento lógico, mas se esquecem das habilidades sócio-emocionais."
"Pais que não cruzam seu mundo com o dos filhos e só atuam como manuais de regras estão aptos a lidar com máquinas. É preciso criar uma intimidade real com os pequenos, uma empatia verdadeira. A família não pode só criticar comportamentos, apontar falhas. A emoção deve ser transmitida na relação. Os pais devem ser os melhores brinquedos dos seus filhos. A nutrição emocional é importante mesmo que não se tenha tempo, o tempo precisa ser qualitativo. Quinze minutos na semana podem valer por um ano. Pais têm que ser mestres da vida dos filhos. As escolas também precisam mudar. São muito cartesianas, ensinam raciocínio e pensamento lógico, mas se esquecem das habilidades sócio-emocionais."
Mais
brincadeira, menos informação
"Criança
tem que ter infância. Precisa brincar, e não ficar com uma agenda
pré-estabelecida o tempo todo, com aulas variadas. É importante que criem
brincadeiras, desenvolvendo a criatividade. Hoje, uma criança de sete anos tem
mais informação do que um imperador romano. São informações desacompanhadas de
conhecimento. Os pais podem e devem impor limites ao tempo que os filhos passam
em frente às telas. Sugiro duas horas por dia. Se você não colocar limite, eles
vão desenvolver uma emoção viciante, precisando de cada vez mais para sentir
cada vez menos: vão deixar de refletir, se interiorizar, brincar e contemplar o
belo."
Parabéns!
"Em vez de
apontar falhas, os pais devem promover os acertos. Todos os dias, filhos e
alunos têm pequenos acertos e atitudes inteligentes. Pais que só criticam e
educadores que só constrangem provocam timidez, insegurança, dificuldade em
empreender. Os educadores precisam ser carismáticos, promover os seus
educandos. Assim, o filho e o aluno vão ter o prazer de receber o elogio. Isso
não tem ocorrido. O ser humano tem apontado comportamentos errados e não
promovido características saudáveis."
Conselho
final para os pais
"Vejo pais
que reclamam de tudo e de todos, não sabem ouvir não, não sabem trabalhar as
perdas. São adultos, mas com idade emocional não desenvolvida. Para atuar como
verdadeiros mestres, pai e mãe precisam estar equilibrados emocionalmente.
Devem desligar o celular no fim de semana e ser pais. Muitos são viciados em
smartphones, não conseguem se desconectar. Como vão ensinar os seus filhos e
fazer pausas e contemplar a vida? Se os adultos têm o que eu chamo de síndrome
do pensamento acelerado, que é viver sem conseguir aquietar e mente, como vão
ajudar seus filhos a diminuírem a ansiedade?"
Escrito por Liliane Prata em http://m.mdemulher.abril.com.br/cultura/claudia/nunca-tivemos-uma-geracao-tao-triste
acessado 10/09/2015 as 09:30
sábado, 26 de setembro de 2015
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
terça-feira, 22 de setembro de 2015
A espiritualidade dos cristãos leigos e leigas
A oração e a
contemplação são muito importantes. É preciso cultivar um espaço interior dinamizado por um espírito contemplativo que
dê sentido cristão ao compromisso e às atividades. Aí, é possível um encontro
significativo com o Deus de Jesus
Cristo, que nos permite descobrir que “somos depositários de um bem que
humaniza” (EG, n. 264), que nos ajuda a viver uma vida nova e, portanto, a
buscar esta vida nova para todos.
O verdadeiro
trabalhador da vinha nunca deixa de ser discípulo. Ele sabe que Jesus caminha,
fala, respira e trabalha com ele. Experimenta a importância de caminhar com
Jesus, e está convencido de que constrói o novo mundo à luz do Evangelho. A
experiência do encontro pessoal com Jesus, sempre renovada, é a única capaz de
sustentar a missão. Por isso, ele deve dedicar tempo à oração sincera, que leva
a saborear a amizade e a mensagem de Jesus (cf. EG, n. 266).
O encontro com
Jesus Cristo leva a uma espiritualidade integral que contempla a conversão
pessoal, o discipulado, a experiência comunitária, a formação bíblico-teológica
e o compromisso missionário (cf. DAp, n. 226; 278). Neste encontro com Jesus
Cristo vivo, descobre-se e vivencia-se o mistério trinitário. “Deus é amor”
(1Jo 4,16), e o Amor, segundo a tradição cristã, não se contenta consigo mesmo;
por isso,
envia o Filho,
no Espírito Santo, em missão para anunciar uma Boa-Nova a toda humanidade. A
natureza missionária da Igreja (cf. AG,
n. 2; 6) é fruto dessa vida trinitária revelada aos discípulos, os quais
participam da missão de Deus no mundo: conduzidos pelo Espírito Santo, são
seguidores de Jesus Cristo e testemunhas de sua ressurreição.
O amor que se
mostra na imagem comunitária da Santíssima Trindade, desde toda a eternidade,
desdobra-se na missão histórico-salvífica de Deus, da qual a Igreja, formada
por discípulos
missionários, participa como sacramento. A missão da Igreja é motivada pela
reintegração da humanidade em uma vida plena de amor. O amor de Deus busca
a face da
criatura, desfigurada nesse mundo pelo pecado, em vista de outro mundo
possível. “O Senhor ensina que haverá uma nova morada para o homem, onde
habitará
a justiça e cuja
felicidade preencherá e superará todos os desejos de paz que o coração humano
alimenta” (GS, n. 39).
Estudos da CNBB 107. n.75-78
domingo, 20 de setembro de 2015
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Abraão nosso pai na Fé
A fé desvenda-nos o caminho e acompanha os nossos passos na história.
Por isso, se quisermos compreender o que é a fé, temos de explanar o seu
percurso, o caminho dos homens crentes, com os primeiros testemunhos já no
Antigo Testamento. Um posto singular ocupa Abraão, nosso pai na fé. Na sua
vida, acontece um fato impressionante: Deus dirige-lhe a Palavra, revela-Se
como um Deus que fala e o chama por nome. A fé está ligada à escuta. Abraão não
vê Deus, mas ouve a sua voz. Deste modo, a fé assume um caráter pessoal: o
Senhor não é o Deus de um lugar, nem mesmo o Deus vinculado a um tempo sagrado
específico, mas o Deus de uma pessoa, concretamente o Deus de Abraão, Isaac e
Jacob, capaz de entrar em contacto com o homem e estabelecer com ele uma
aliança. A fé é a resposta a uma Palavra que interpela pessoalmente, a um Tu
que nos chama por nome.
Esta Palavra comunica a Abraão uma chamada e uma promessa. Contém, antes
de tudo, uma chamada a sair da própria terra, convite a abrir-se a uma vida
nova, início de um êxodo que o encaminha para um futuro inesperado. A
perspectiva, que a fé vai proporcionar a Abraão, estará sempre ligada com este
passo em frente que ele deve realizar: a fé « vê » na medida em que caminha, em
que entra no espaço aberto pela Palavra de Deus. Mas tal Palavra contém ainda
uma promessa: a tua descendência será numerosa, serás pai de um grande povo
(cf. Gn 13, 16; 15, 5; 22, 17). É verdade que a fé de Abraão, enquanto
resposta a uma Palavra que a precede, será sempre um ato de memória; contudo
esta memória não o fixa no passado, porque, sendo memória de uma promessa, se
torna capaz de abrir ao futuro, de iluminar os passos ao longo do caminho.
Assim se vê como a fé, enquanto memória do futuro, está intimamente ligada com
a esperança.
A Abraão pede-se para se confiar
a esta Palavra. A fé compreende que a palavra — uma realidade aparentemente efêmera
e passageira —, quando é pronunciada pelo Deus fiel, torna-se no que de mais
seguro e inabalável possa haver, possibilitando a continuidade do nosso caminho
no tempo. A fé acolhe esta Palavra como rocha segura, sobre a qual se pode
construir com alicerces firmes.
[...] Há ainda um aspecto da história de Abraão que é importante para se
compreender a sua fé. A Palavra de Deus, embora traga consigo novidade e
surpresa, não é de forma alguma alheia à experiência do Patriarca. Na voz que
se lhe dirige, Abraão reconhece um apelo profundo, desde sempre inscrito no
mais íntimo do seu ser. Deus associa a sua promessa com aquele «ponto» onde
desde sempre a existência do homem se mostra promissora, ou seja, a paternidade,
a geração duma nova vida: «Sara, tua mulher, dar-te-á um filho, a quem hás de
chamar Isaac» (Gn 17, 19). O mesmo Deus que pede a Abraão para se
confiar totalmente a Ele, revela-Se como a fonte donde provém toda a vida.
Desta forma, a fé une-se com a Paternidade de Deus, da qual brota a criação: o
Deus que chama Abraão é o Deus criador, aquele que «chama à existência o que
não existe » (Rm 4, 17), aquele que, «antes da fundação do mundo, (...)
nos predestinou para sermos adoptados como seus filhos» (Ef 1, 4-5). No
caso de Abraão, a fé em Deus ilumina as raízes mais profundas do seu ser:
permite-lhe reconhecer a fonte de bondade que está na origem de todas as
coisas, e confirmar que a sua vida não deriva do nada nem do acaso, mas de uma
chamada e um amor pessoais. O Deus misterioso que o chamou não é um Deus
estranho, mas a origem de tudo e que tudo sustenta. A grande prova da fé de
Abraão, o sacrifício do filho Isaac, manifestará até que ponto este amor originador
é capaz de garantir a vida mesmo para além da morte. A Palavra que foi capaz de
suscitar um filho no seu corpo «já sem vida (…), como sem vida estava o seio»
de Sara estéril (Rm 4, 19), também será capaz de garantir a promessa de
um futuro para além de qualquer ameaça ou perigo (cf. Heb 11, 19; Rm 4,
21).
Carta Enciclica Lumen Fidei,
n.8-11.
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
sábado, 12 de setembro de 2015
Igualdade na diversidade
Não se pode mais
falar de diferentes graus de perfeição, como se “alguns” fossem chamados a
maior e outros a menor perfeição. O Concílio foi muito claro na afirmação da
“vocação universal à santidade”, que advém de Cristo, fonte de toda a
santidade. Se nem todos são chamados aos mesmos caminhos, ministérios e trabalhos,
“todos, no entanto, são chamados à santidade” (LG, n. 32; cf. 39-40). Entre
todos os membros da Igreja “reina verdadeira igualdade quanto à dignidade e
ação comum a todos os fiéis na edificação do Corpo de Cristo” (LG, n. 32). Apesar
do crescimento da consciência da identidade e da missão dos leigos e leigas na
Igreja, que constituem a imensa maioria do povo de Deus, ainda há caminho a percorrer:
“A tomada de consciência desta responsabilidade laical, que nasce do batismo e
da confirmação, não se manifesta de igual modo em toda a parte; em alguns casos,
porque (os leigos) não se formaram para assumir responsabilidades impor tantes,
em outros por não encontrarem espaço nas suas Igrejas particulares para poderem
exprimir-se e agir, por causa de um excessivo clericalismo que os mantém à
margem das decisões” (EG, n. 102). - Estudos da CNBB
107, n. 71-72
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Vocação: estar no meio do povo, às margens do centro
Vocação é escolha. E é também escolha, dentre outras, de
caminhos. Ao falarmos de caminhos, percebemos uma coisa fundamental: não se é
vocacionado se não se caminha. Uma pessoa parada, que não anda, não escolhe e,
portanto, não chega a lugar algum. É alguém que não se arriscou e, dessa forma,
jamais terá aceitado ou abraçado sua vocação.
O vocacionado, por caminhar, acaba se machucando.
Inevitável! Não dá pra não ser assim. Porém, vale a pena. Tem que valer. Sonhar
é arte de ferir-se em nome da plenitude.
Vocação é, também, muito mais ouvir do que falar. Quem
fala demais, nunca vai descobrir sua vocação. Não descobre, porque não percebe.
Quem nos grita a vocação, além do sopro interior, é a boca do irmão. Saber
ouvir o clamor do outro nos indica o caminho a seguir. É como Maria chamando a
Jesus em Caná. É também como a outra Maria e a irmã Marta, que chamam Jesus
para salvar Lázaro, em Betânia. Quem ouve sabe que, por vezes, é preciso mudar
os rumos. O chamado sobrepõe-se à vontade própria. Um vocacionado deixa o
"eu" em segundo plano.
Aí vai outra coisa que penso sobre vocação: não é
possível ser vocacionado sem esvaziar-se de si. Não quer dizer que deva faltar
amor próprio. Jamais! Porém, o vocacionado não se vangloria e sabe que é
preciso se diminuir em favor de um algo maior. E isso vale para qualquer
vocação. Ou seja, se uma pessoa não saiu de seu mundinho, nunca terá descoberto
sua vocação. É preciso entender que só se enxerga a si mesmo quando sabemos ler
o espelho no olhar do outro.
Vocação a amar é universal. E a este chamado todo mundo
tem que responder. E não é "amorzinho". É amor pleno. Amor que rompe,
faz tremer e subjuga a ordem. Só pelo amor é que se descobre a vocação
verdadeira. Aquela que nos faz ver que, atendendo aos chamados, seremos
felizes.
Vocação é ter projeto, mas é também saber sentir os rumos
dos ventos. É entender que, às vezes, a missão é uma quarentena de deserto e
não uma vida inteira de leite e mel na Terra Prometida. Vocação é enfrentar
estruturas que matam, mesmo sabendo que o resultado pode ser a cruz. Vocação é
ter paciência, mesmo quando tudo parece ter sido destruído. É também aprender a
se virar numa terra estrangeira, mesmo que a saudade aperte. Sobretudo, é
aceitar chamados sem desculpas de "que não darei conta". Dessa forma,
seremos como Moisés, Jesus, Jó, José do Egito e Maria. Símbolos de vocação, que
nos ensinam, nos inspiram e nos provocam.
Afinal, não há vocação sem profundas provocações.
Provoque-se.
VINÍCIUS BORGES GOMES - Diocese de Oliveira
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
terça-feira, 8 de setembro de 2015
A luz da fé
Urge recuperar o caráter de luz que é próprio da
fé, pois, quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por
perder o seu vigor. De fato, a luz da fé possui um caráter singular, sendo
capaz de iluminar toda a existência do homem. Ora, para que uma luz seja tão
poderosa, não pode dimanar de nós mesmos; tem de vir de uma fonte mais
originária, deve porvir em última análise de Deus. A fé nasce no encontro com o
Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o
qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por
este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande
promessa de plenitude e se nos abre a visão do futuro. A fé, que recebemos de
Deus como dom sobrenatural, aparece-nos como luz para a estrada orientando os
nossos passos no tempo. Por um lado, provém do passado: é a luz duma memória
basilar — a da vida de Jesus –, onde o seu amor se manifestou plenamente
fiável, capaz de vencer a morte. Mas, por outro lado e ao mesmo tempo, dado que
Cristo ressuscitou e nos atrai de além da morte, a fé é luz que vem do futuro,
que descerra diante de nós horizontes grandes e nos leva a ultrapassar o nosso
« eu » isolado abrindo-o à amplitude da comunhão. Deste modo, compreendemos que
a fé não mora na escuridão, mas é uma luz para as nossas trevas.
Carta Enciclica Lumen Fidei, n. 2
domingo, 6 de setembro de 2015
Rumo a uma noção integral do sujeito cristão
Para vivenciar
uma noção integral do sujeito cristão, faz-se necessário dar passos no sentido
de superar antagonismos que estão enraizados em muitas mentalidades.
O primeiro é o
antagonismo entre a fé e a vida. Segundo esta noção, o mundo da fé é superior
e, até mesmo, oposto ao mundo da vida. Por fé, entende-se, segundo esta
concepção, tudo o que se relaciona ao mundo espiritual, ao culto e aos
sacramentos. No outro lado, estaria a vida comum de todos: o trabalho, as funções
e os compromissos
familiares, a
educação dos fi lhos, o mundo da política etc. (cf. GS, n. 43).
Jesus nos indica
que tudo, menos o pecado, pode ser mediação do amor de Deus. É precisamente no
mundo da vida que o amor de Deus se manifesta, como nos mostram os Evangelhos. Jesus
não frequentava apenas as sinagogas (espaço da “fé”), mas também atuava em
barcas, na margem do lago, nas casas, na cidade, nos caminhos. Diante do
Evangelho de Jesus, podemos dizer que não há nada propriamente profano, porque
tudo pode ser mediação desta manifestação da misericórdia maravilhosa de Deus,
que vai além de todo entendimento e transforma as pessoas.
Outro
antagonismo é o de Igreja-mundo. Segundo esta perspectiva, a Igreja seria uma
instância superior e, até mesmo, oposta ao mundo. Esta relação de
oposição e exclusão
não pertence ao
núcleo do Evangelho nem à perspectiva do Concílio Vaticano II. Ao contrário,
reconhecer o fato da Encarnação – o mistério de Deus conosco, comprometido com
nossa história a tal ponto de dar-nos o Filho, fazendo-se um de nós e assumindo
em tudo a humanidade, menos o pecado – faz-nos valorizar este único mundo e
esta única história que nos compete viver, unidos a todo o gênero humano. A
Igreja está comprometida com este mundo, como sacramento e sinal do amor e da
misericórdia de Deus para com todos (cf. LG, n. 1), e, nesta missão, peregrina
até que o Reino de Deus se manifeste plenamente em novo céu e nova terra.
Há também
antagonismos persistentes entre identidade eclesial e ecumenismo, missão e
acolhida do outro. O diálogo é uma postura inerente à natureza e missão da Igreja
no mundo e não simplesmente uma estratégia de evangelização. “O diálogo não só
foi iniciado, mas tornou--se uma expressa necessidade, uma das prioridades da Igreja”
(UUS, n. 31).
A dicotomia
entre Igreja e mundo e entre fé e vida está na raiz da atitude de valorização
unilateral dos ritos, em detrimento da responsabilidade social e da luta pela
justiça.
Se orientado por
esta divisão, o mesmo cristão, que valoriza os ritos, pode apresentar
comodismo, indiferença e até incoerência em sua vida de cidadão do mundo. O
Papa Francisco questiona que “apesar de se notar a participação de muitos nos
ministérios laicais, este compromisso não se refl ete na penetração dos valores
cristãos no mundo social, político e econômico; limita-se muitas vezes a
tarefas no seio da Igreja, sem um empenhamento real pela aplicação do Evangelho
na transformação da sociedade” (EG, n. 102). Tudo isto nos leva a considerar
que o cristão nunca pode ser visto isoladamente de seus enraizamentos básicos, enquanto
pessoa humana: sujeito relacionado com outros e inserido neste único mundo em
que vivemos, e de cujo destino inevitavelmente participamos. No entanto, lembra-nos
a Carta a Diogneto: “ (os cristãos) vivem na sua pátria, mas como forasteiros;
participam de tudo como cristãos e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria
é pátria deles, e cada pátria é estrangeira” (cf. cap.V).
Estudos da CNBB nº 107, n.62-68
sábado, 5 de setembro de 2015
sexta-feira, 4 de setembro de 2015
Mês da Bíblia
Neste mês de setembro, mês da Bíblia,
vamos reler alguns trechos da mensagem da XXI Jornada Mundial da Juventude
que fala sobre a importância da Palavra de Deus
na vida cristã e de modo especial na vida dos jovens
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
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