segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Oração da pessoa livre

Tua presença está gravada em cada fibra de meu ser. 
E teu amor transborda os limites de minha humana realidade. 
Sabes, como ninguém, quando sou fiel ou infiel a mim mesmo; 
e somente sob a luz do teu olhar o ser humano 
pode chegar a saber algo sobre a verdade de seu ser.
A que dimensão da minha existência 
dirigirei o olhar que não cegue o esplendor de teu mistério?
Para onde poderei fugir da profundeza de ti, que me invade? 
Se vôo nas asas da contemplação, és tu o êxtase que me surpreende; 
se o desânimo ou a depressão cravam suas frias garras nos ombros da minha alma, 
ali me aguardas tu, lembrando-me que todo mal tem limites. 
Se com fervor e entusiasmo me entrego à minha obra diária de continuar tua criação,
 tu me sorris na alegria da obra acabada; se perturbado pela sede ou a fadiga chego a dizer: 
"Minha vida não tem sentido, pois o fracasso mordeu a raiz do meu agir no mundo",
neste momento mesmo tu avivas em mim uma brasa de esperança 
partilhando com teu amor minhas horas difíceis. 
Eu te agradeço tua forma respeitosa de ser meu Deus 
e minha premente necessidade de ser criatura tua.
Conhecias as metas de minha vida antes que eu fosse concebido. 
Meus temores, retrocessos e contradições, 
minhas traições e covardias faziam parte deste avançar no ventre do mistério 
do qual tu me haverias de chamar para um novo e definitivo nascimento.
Meus dias estavam sob teus desígnios de liberdade, 
tecendo uma grinalda de louvores à tua sabedoria.
Quão inútil me seria querer compreender-me a mim mesmo! 
Que tolice pretender ser o autor do meu próprio destino! 
Quando é tão evidente que o ser humano não possui as chaves de seu projeto vital e
com frequência age contra a sua mais feliz realização.
Guia-me, Senhor, até que consiga escapar do meu eu fracionado disperso 
e minha vida floresça em cantos de comunhão e de unidade. 
Que a utilidade e a beleza do meu peregrinar por este mundo 
seja unicamente ajudar os meus irmãos a ler em suas vidas a obra do teu amor, 
que trabalha sem violentar no escondido de seus corações.
Seja esta minha súplica definitiva: 
"Se alguma vez tu deixares de ser o desejo de todas as batidas do meu coração, 
abrasa-me com tua presença escrita em cada fibra do meu ser".
Fonte: Viver e conviver, pe. Canísio Mayer

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