Na carta mensal, enviada aos
párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil, dom
Eduardo Pinheiro da Silva, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a
Juventude da CNBB, apresenta reflexão sobre a “Vida Consagrada”, celebrada
mundialmente, no
dia 2 de fevereiro.
O bispo diz que, por meio da
Pastoral Juvenil, nascem diferentes vocações entre os jovens. “A Pastoral
Juvenil é, intrinsecamente, Pastoral Vocacional, ou não é “Pastoral”! Em seu
bojo, todo serviço aos jovens deve se tornar um apelo cativante, possível e
concreto de seguimento a Jesus Cristo, nas mais variadas vocações”, explica dom
Eduardo.
Leia íntegra da Carta
Brasília, 1º de Fevereiro de 2015.
Caros párocos e demais responsáveis pela evangelização da
juventude no Brasil.
“Ele será um sinal de contradição” (Lc 2, 34)
No Templo, no dia em que Jesus é apresentado, Simeão
profetisa que aquele Menino que veio como “Luz para iluminar as nações” se
tornará, por isto, “sinal de contradição”. Também o jovem, pelo seu jeito
dinâmico de ser nesta fase da vida, carrega em si esta marca que, quando bem
entendida e valorizada, traz benefícios para todos. É importante reconhecer
isto e garantir-lhe condições de seu desenvolvimento sadio.
“Nunca percam a esperança e a utopia, vocês são os profetas
da esperança, são o presente da sociedade e da nossa amada Igreja e por sobre
todo são os que podem construir uma nova Civilização do Amor. Joguem a vida por
grandes ideais. Apostem em grandes ideais, em coisas grandes; não fomos
escolhidos pelo Senhor para coisinhas pequenas, mas para coisas grandes!” Com
estas palavras o Papa Francisco se dirigiu à Pastoral da Juventude em seu 11º.
Encontro Nacional, que aconteceu em Manaus, no final do mês passado, com a
presença de jovens de todas as partes do país. Mensagem animadora a todos os
jovens e, ao mesmo tempo, questionadora aos adultos responsáveis pela sua vida,
educação e evangelização. Se, por um lado, a decisão por uma vida significativa
depende do próprio jovem, por outro, exige dos adultos e das estruturas
eclesiais condições favoráveis para uma alegre e consistente resposta.
Por isso, nos perguntamos:
“Nossas comunidades paroquiais e os projetos juvenis estão
se empenhando para ajudarem os jovens a não perderem ‘a esperança e a utopia’ e
a se tornarem verdadeiros ‘profetas do presente’? Ou temos perdido ricas
ocasiões de formação de líderes para a Igreja e para a sociedade? O que se faz
urgente renovar em nossa oferta às novas gerações para que as mesmas se sintam
mais atraídas, corresponsáveis e capacitadas na construção da Civilização do Amor?”
“Além disso, o que estamos fazendo de concreto para que os
jovens sejam incentivados a pensar e a apostar ‘em grandes ideais, em coisas
grandes’, como expressou o Papa?” Não dá para ignorar que neste pedido do Papa
Francisco há um forte convite vocacional aos jovens: “fomos escolhidos pelo
Senhor para coisas grandes”! A pastoral juvenil é, intrinsicamente, pastoral
vocacional, ou não é “pastoral”! Em seu bojo, todo serviço aos jovens deve se
tornar um apelo cativante, possível e concreto de seguimento a Jesus Cristo,
nas mais variadas vocações. “A dinâmica pastoral paroquial tem se debruçado
neste assunto, buscando com criatividade novas formas de vivência da cultura
vocacional no meio da juventude?”
Com a Festa da Apresentação de Jesus no Templo, no dia 2 de
fevereiro, celebramos também o “Dia Mundial da Vida Consagrada”. A Vida
Consagrada, reconhecida como uma das formas de radicalidade de entrega na
dinâmica do Evangelho, é acolhida pela Igreja e, como Jesus, se apresenta como
“luz para as nações” nas periferias existenciais da humanidade e “sinal de
contradição” na sociedade, ousando o novo, profetizando a vitória da vida sobre
a morte! A Igreja reconhece a novidade do Espírito Santo que presenteia o mundo
com homens e mulheres dispostos à entrega radical da vida à missão
evangelizadora de Jesus Cristo.
Sabendo que a Igreja precisa dos consagrados, quais “pontas
de lança” e profetismo que abrem caminhos em vista da vida do povo, ela se
compromete com a dinâmica vocacional, sinal de sua vivacidade e atualização no
tempo. Assim sendo, como nossas paróquias e comunidades têm se organizado para
envolver os jovens nesta perspectiva de Vida Consagrada?
Estamos iniciando, a pedido do Papa, o “Ano da Vida
Consagrada”. Não seria nada mau se, durante este ano, com relação a este tema
nossas paróquias fossem mais criativas, junto aos fiéis, à catequese e às
organizações juvenis. Eis aqui algumas sugestões:
- fazer levantamento das Comunidades Religiosas
presentes no território paroquial;
- confeccionar e expor um mural ou vídeo sobre estas
Congregações;
- esclarecer sobre a diferença entre consagrados
leigos e consagrados religiosos;
- convidar os consagrados para falarem aos jovens;
- divulgar folhetos e outros subsídios sobre os
Fundadores (as) e as atividades do carisma;
- pesquisar e estudar a vida dos santos que pertencem
às Comunidades Religiosas;
- organizar visitas dos jovens nas Casas Religiosas e
em suas Obras Sociais;
- celebrar os aniversários de Profissão Religiosa dos
consagrados e consagradas locais;
- esclarecer sobre a importância e a identidade desta
vocação específica na Igreja;
É claro que, acima de tudo, a animação vocacional entre os
jovens se dá pela experiência concreta de convivência com pessoas entusiasmadas
pela própria opção de vida consagrada, afinal de contas, “A vida consagrada não
cresce, se organizarmos belas campanhas vocacionais, mas se as jovens e os
jovens que nos encontram se sentirem atraídos por nós, se nos virem homens e
mulheres felizes! De igual forma, a eficácia apostólica da vida consagrada não
depende da eficiência e da força dos seus meios. É a vossa vida que deve falar,
uma vida da qual transparece a alegria e a beleza de viver o Evangelho e seguir
a Cristo.” (Carta Apostólica do Papa Francisco para a proclamação do Ano da
Vida Consagrada, 21/11/2014).
Nossa Senhora da Candelária, Mãe da Luz, fortaleça nossos
queridos e queridas consagradas com a renovação do ardor missionário e com o
aumento de suas vocações; e auxilie nossas paróquias e iniciativas juvenis a
ousarem convites cativantes aos jovens para esta vocação específica da vida
cristã.
Com estima,
Dom Eduardo Pinheiro da Silva,
sdb
Presidente da Comissão
Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário