quarta-feira, 1 de abril de 2015

Apaixonados por Jesus e pelo Reino

O seguimento de Jesus Cristo é uma aventura apaixonante. Quando ele nos encontra no caminho, provoca uma reviravolta em nossa existência. Seu olhar amoroso nos cativa e seduz. Seu jeito de ser e agir nos faz sair da apatia e nos impulsiona a ações concretas. Sua firmeza, ternura e paixão pela vida e por Deus tocam o nosso coração e nos fascinam.
O coração jovem é terreno fértil para o cultivo da paixão por Jesus Cristo e por sua causa. É certo, também, que, no desejo de firma uma relação de amor com Jesus, nem sempre o fazemos de forma saudável. Ou nos relacionamos com Jesus de forma distante e comercial, ou cultivamos uma relação meio desconectada com a vida.
Se aprendemos a ver Jesus como alguém que resolve nossas crises e lida com nossos problemas pessoais, estabelecemos uma relação comercial com ele, ou seja, de barganha. Por exemplo: "Jesus, se você me conceder isso, eu faço aquilo". Outras pessoas cultivam uma relação com Jesus muito "doce", desconectada da realidade, como se ele fosse um calmante para certos momentos. Certa vez, falando a um grupo de educadores, uma pessoa disse: "Depois que encontrei Jesus, eu não tive mais problemas". Em tom de brincadeira, eu respondi: "Engraçado, depois que eu encontrei Jesus, tive mais problemas!". Sim, porque seguir Jesus é um projeto ousado, que pode custar a vida. Quem escolhe segui-lo de coração sincero, vai encontrar perseguição, rejeição e muitos desafios. Quem o segue deve estar disposto a lutar pela causa dos empobrecidos, pela justiça e pela fraternidade. Certamente, estar com ele e de coração aberto provoca em nós muita alegria.
É muito comum em nossos dias a presença de grupos e movimentos que tentam fazer de Jesus uma figura pop. Então aparecem músicas, ritmos, movimentos e orações que buscam tornar Jesus tão popular que nos levam a perder algumas dimensões  de sua pessoa e de sua mensagem. É claro que Jesus é popular. Mas uma relação com ele, baseada apenas no sentimentalismo, pode empobrecer a experiência, desconectar-se da vida e não ter efeito duradouro. É como bolha de sabão.
Cultivar uma paixão por Jesus é estar em sintonia com seu coração. É gostar de sua pessoa e deixar-se atrair por seus ensinamentos. Consiste em mergulhar na contemplação do seu jeito especial de lidar com as pessoas e com o Pai. É ser capaz de experimentar o perdão e a misericórdia; é fazer de cada pessoa um santuário da vida e de Deus. É cultivar relações saídas; comprometer-se com a causa da justiça, da verdade e Ada paz. É praticar a solidariedade, sobretudo com os empobrecidos. É cuidar do planeta e da vida. É buscar andar na luz e preferir a luz em vez da escuridão. Apaixonar-se por Jesus é deixar que ele modele o coração, é desejar ficar com ele, a fim de ser formado por ele. Deixar, pouco a pouco, a vida e as atitudes serem pautadas pelo seu jeito de ser e agir.
Na prática, isso faz muita diferença. Jesus se torna para nós inspiração, guia e luz a orientar nossos passos e projeto. Não é uma solução fácil das nossas necessidades, mas um modelo de vida, um chamado incessante, um compromisso a assumir. Ele se faz realmente caminho, verdade e vida. Desta maneira, Jesus acaba se tornando a razão de ser de nossa existência.
Se você tem intenção de segui-lo mais de perto na sua comunidade, na família, na vida religiosa ou sacerdotal, lembre-se de que haverá muitos momentos de alegria e profundo contentamento. Jesus preenche o coração e dá sentido à vida. Mas é bom saber que também haverá momentos de dúvida, de incertezas e de luta interior. Isso tudo faz parte da caminhada.
Quem se apaixona por Jesus deve se apaixonar pelo Evangelho e se tornar portador da boa noticia num mundo que valoriza os acontecimentos trágicos e negativos. Nosso povo anseia p
or notícias boas: emprego, salário digno, saúde, educação para todos, pás benfazeja. Cultivar a paixão pelo evangelho é tomar a mensagem de Jesus como critério iluminador de nossas decisões e de nossa prática de vida. O Evangelho tornar-se luz, inspiração e critério de discernimento para os projetos humanos. A Boa-Nova de Jesus se transforma em alimento cotidiano que anima e dá coragem para lutar contra as injustiças que geram morte e para dar sentido às diferentes experiências da vida.
E a paixão pelo Reino de Deus? Quem se apaixona pelo Reino dá a vida por ele. O Reino é uma situação na qual todos podem desfrutar a vida em plenitude, mesmo em meio às lutas e aos sacrifícios do dia-a-dia. O Reino acontece misturado com as experiências cotidianas, de forma simples, escondida, mas transformadora. Não é algo que temos de esperar de braços cruzados. É uma construção da comunidade, dos grupos, da sociedade. Não é obra só nossa. Precisamos contar com a graça de Deus e a força de Jesus.
Em cada pequeno gesto de perdão, acolhida, partilha, sinceridade, fidelidade e transparência, experimentamos o Reino. Apesar disso, não se esgota nem termina aí. O Reino de Deus é dinâmico, pois, enquanto acontece, vai se construindo.
O Reino acontece perto de você, no seu coração, no seu bairro, na sua casa, no trabalho, na vida. Ser apaixonado pelo Reino é acreditar numa sociedade em que todos tenham direito aos recursos necessários para viver, e viver com dignidade.  O Reino é como o fermento (cf Mt 13,33); como o grão de mostarda (cf Mt 13,31-32); como a semeadura da semente (cf Mt 13,1-23); como o terreno com o joio e o trigo (cf Mt 13,24-30) 36-43); como o tesouro e a pérola (cf Mt 13,44-46); como a rede lançada ao mar (cf Mt 13,47-50).

Para conhecermos bem Jesus e sua proposta e desenvolvermos a paixão por ele, pelo Evangelho e pelo Reino, podemos nos servir de algumas fontes importantes, como a Palavra de Deus, os acontecimentos e as coisas do cotidiano, o mundo dos pobres e a oração.
Autor: Vanderlei Soela
Extraído do livro: Cativados pelo amor – Editora Paulus

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