sábado, 30 de outubro de 2010

A Ponte

Dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho entraram em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida, trabalhando lado a lado, repartindo ferramenta e cuidando um do outro. Durante anos percorreram uma estreita, porém comprida, estrada que corria ao longo do rio, para, ao final de cada dia, atravessá-lo e desfrutarem um da companhia do outro. Apesar do cansaço, faziam-no com prazer, pois se amavam. Mas agora tudo havia mudado. O que começou com um pequeno mal entendido, finalmente, explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas de semanas de total silêncio.
Numa manhã, o irmão mais velho ouviu bater à sua porta. Ao abrí-la, notou um homem, com uma caixa de ferramentas de carpinteiro em sua mão, que lhe perguntou:
- Estou procurando por trabalho, talvez você tenha um pequeno serviço aqui e ali. Posso ajudá-lo?
- Tenho - afirmou o fazendeiro - Veja aquela fazenda além do riacho. É de meu vizinho, na realidade, meu irmão mais novo. Brigamos e não quero mais encontrá-lo. Vê aquela pilha de madeira perto do celeiro? Quero que você construa uma cerca bem alta ao longo do rio, para que eu não mais precise vê-lo.
- Acho que entendo a situação. Mostra-me bem o local da obra, que certamente farei um trabalho que o deixará satisfeito.
Como precisava ir à cidade, o fazendeiro ajudou o carpinteiro a localizar o material necessário, e partiu.
O operário trabalhou arduamente durante todo aquele dia, medindo, cortando e pregando. Já anoitecia, quando terminou a obra, ao mesmo tempo em que o fazendeiro retornava. Seus olhos, porém, não acreditavam no que viam. Não havia qualquer cerca! Em seu lugar erguia-se uma ponte que ligava um lado do riacho ao outro. Era realmente um belo trabalho, mas que o deixou descontente. Por essa razão desabafou.
- Você é muito atrevido, por ter construído essa ponte após tudo que lhe contei!
No entando, as surpresas não haviam terminado. Ao erguerseus olhos para a ponte, viu seu irmão aproximando-se da outra margem, correndo para ele de bra~ços abertos. De repente, num só impulso, foram um na direção do outro, abraçando-se e chorando, no meio da ponte. Emocionado, viram o carpinteiro arrumar suas ferramentas e partir.
- Não vá, espere! - pediu o mais velho - Fique conosco mais alguns dias, tenho muitos outros serviços para você
O carpinteiro, sorrindo, respondeu:
- Adoraria ficar. Mas tenho muitas outras pontes para construir.
Fonte: Lições de Vida e Sabedoria, editora São Cristovão, p. 160-162.

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