terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A erosão das fontes de sentido


Já foi dito, com verdade, que o ser humano é devorado por duas fomes: de pão e de espiritualidade. A fome de pão é saciável. A fome de espiritualidade, no entanto, é insaciável. É feita de valores intangíveis e não materiais como a comunhão, a solidariedade, o amor, a compaixão, a abertura a tudo o que é digno e sagrado, o diálogo e a prece ao Criador.
Esses valores, secretamente ansiados pelos seres humanos, não conhecem limites em seu crescimento. Há um apelo infinito que lateja dentro de nós. Somente um infinito real pode nos fazer repousar. A excessiva centralização na acumulação e no desfrute de bens materiais acaba por produzir grande vazio e decepção. Foi o que concluíram analistas da universidade Lausane. Algo em nós grita por algo maior e mais humanizador.
É nesta dimensão que se coloca a questão do sentido da vida. É uma necessidade humana encontrar um sentido coerente. O vazio e o absurdo produzem angústia e sentimento de estar só e desenraizado. Ora, a sociedade industrialista e consumista, montada sobre a razão funcional, colocou no centro o indivíduo e seus interesses particulares. Com isso, fragmentou a realidade; dissolveu qualquer cânon social; carnavalizou as coisas mais sagradas; e ironizou ancestrais convicções, chamadas de "grandes narrativas”, consideradas metafísicas essencialistas, próprias de sociedades de outro tempo. Agora funciona o "anything goes”, o vale tudo dos vários tipos de racionalidade, de posturas e de leituras da realidade. Criou-se o relativismo que afirma que nada conta definitivamente.

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