Quando
Deus toma a iniciativa de chamar alguém é porque já o conhece intimamente. Se
analisarmos profundamente descobrimos que misericórdia e vocação querem dizer a
mesma coisa: são modos de Deus agir diretamente sobre o coração humano. Por
isso, é fundamental pensar a vocação sobre a perspectiva da misericórdia.
O
profeta Jeremias diante do chamado de Deus fez a experiência profunda do olhar
misericordioso de Deus. O primeiro sentimento que brotou do coração de Jeremias
frente ao chamado foi de medo e ele objeta dizendo “eu não sei falar”. Nesse
momento Jeremias descobre um elemento central na vocação: Deus não chama homens
e mulheres por mérito; apesar das nossas fragilidades Ele nos chama por amor. A
misericórdia é a pura manifestação do amor de Deus. É um amor sem limites que
não pode ser mensurado, Deus é mãe que tem útero e colo. Ser
chamado-vocacionado é ser gestado no útero misericordioso de Deus para, na
vocação-missão a ser desenvolvida, ser expressão concreta de sua misericórdia.
A palavra de Jesus é essencialmente um chamado
a segui-lo, é um convite a sair de si mesmo e ir ao encontro do outro. “Eles deixaram tudo e o seguiram” (cf. Mc
1,16-20).
A
“vocação” dos “apóstolos” manifesta visivelmente as exigências da fé e da
resposta vocacional. Quando Jesus chama, ele não está preocupado se o discípulo
está apto ou não para o seu seguimento, mas a sua preocupação primeira é que o
discípulo forme seu coração para a misericórdia, ou seja, para colocar seu
coração sobre a miséria e a fraqueza do outro.
No
caminho do seguimento é necessário transformar a pobreza do outro no altar da
misericórdia divina, porque é assim que Deus vem ao nosso encontro.
Não
podemos ser discípulos do Senhor deixando de lado a misericórdia, pois sem a
atitude da misericórdia podemos correr o rico de agirmos, de ensinar somente a
partir do humano. O agir do discípulo deve ser um agir de ternura, de compaixão
diante de um povo cansado e abatido.
Ir. Luciana Conceição de Oliveira
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