sábado, 10 de dezembro de 2011

João é a voz


João era a voz, mas o Senhor, no princípio, era a Palavra (Jo 1,1). João era a voz passageira, Cristo, a Palavra eterna desde o princípio.

Suprimiu a palavra, o que se torna a voz? Esvaziada de sentido, é apenas um ruído. A voz sem palavras ressoa ao ouvido, mas não alimenta o coração.

Entretanto, mesmo quando se trata de alimentar nossos corações, vejamos a ordem das coisas. Se penso no que vou dizer, a palavra já está em meu coração. Se quero, porém, falar contigo, procuro o modo de fazer chegar ao teu coração o que já está no meu.

Procurando então como fazer chegar a ti e penetrar em teu coração o que já está no meu, recorro à voz e por ela falo contigo. O som da voz te faz entender a palavra; e quando te fez entendê-la, esse som desaparece, mas a palavra que ele te transmitiu permanece em teu coração, sem haver deixado o meu.

Não te parece que esse som, depois de haver transmitido minha palavra, está dizendo: É necessário que ele cresça e eu diminua? (Jo 3,30). A voz ressoou, cumprindo sua função, e desapareceu, como se dissesse: Esta é a minha alegria, e ela é completa (Jo 3,29). Guardemos a palavra; não percamos a palavra concebida em nosso íntimo.

Queres ver como a voz passa e a palavra divina permanece? Que foi feio do batismo de João? Cumpriu sua missão e desapareceu; agora é o batismo de Cristo que está em vigor. Todos cremos em Cristo e esperamos dele a salvação: foi o que a voz anunciou.

Justamente porque é difícil não confundir a voz com a palavra, julgaram que João era o Cristo. Confundiram a voz com a palavra. Mas a voz reconheceu o que era para não prejudicar a palavra: Eu não sou o Cristo (Jo 1,20), disse João, nem Elias nem o Profeta. Perguntaram-lhe então: Quem és tu? Eu sou, respondeu ele, a voz que grita no deserto: “Aplainai o caminho do Senhor”, como se dissesse: “Sou a voz que se faz ouvir apenas para levar o Senhor aos vossos corações. Mas ele não se dignará vir aonde o quero levar, se não preparardes o caminho”.

O que significa: Aplainai o caminho, senão: Orai como se deve orar? O que significa ainda: Aplainai o caminho, senão: Tende pensamentos humildes? Imitai o exemplo de João. Julgam que é o Cristo e ele diz não ser aquele que julgam; não se aproveita do erro alheio para uma afirmação pessoal. Se tivesse dito: “Eu sou o Cristo”, facilmente teriam acreditado nele, pois já era considerado como tal antes que o dissesse. Mas não disse; pelo contrário, reconheceu o que era, disse o que não era, foi humilde. Viu de onde lhe vinha a salvação; compreendeu que era uma lâmpada e temeu que o vento do orgulho pudesse apagá-la.

Dos sermões de Sto Agostinho – Liturgia das Horas Vol. I p. 223.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Marcelo Candia um modelo de cristão leigo

No dia 13 de agosto de 1983, morria em Milão, Itália, Marcelo Candia, o brilhante industrial que, em 1964, vendeu sua indústria química, doando todos os seus bens e a sua própria vida aos pobres da Amazônia. Com o lucro da venda, construiu para os pobres o Hospital São Camilo, no Amapá, confiando-o posteriormente aos padres médicos camilianos. Passou, em seguida, a viver na colônia-leprosário de Marituba, partilhando sua vida com os hansenianos, visitando a Europa para angariar fundos para seus leprosos, ainda mais quando o governo desativou a cidade-leprosário que ficou praticamente a seu cargo, de dom Aristides Pirovano, ex-bispo de Amapá, e de padres e irmãs.
Abriu e sustentou obras sociais em outros lugares do Brasil, que continuam sendo atendidas pela fundação Marcelo Candia. Ganhou vários prêmios internacionais por sua solidariedade com os rejeitados. Marcelo não deixou nada escrito, mas somente o testemunho de sua vida de apóstolo da caridade, que se despojou de tudo e seguiu a Cristo, servindo aos pobres: o exemplo de um santo moderno que fez da riqueza um meio para sua santidade. Ao concluir o processo diocesano para a beatificação de Marcelo (1991), o então cardeal Martini, de Milão, sintetizou sua vida em poucas palavras: "Marcelo Candia é o modelo do leigo compromissado, dedicado, corajoso, que levou ao extremo a palavra de Cristo de vender tudo e de se pôr a serviço dos pobres, dos últimos, com toda a sua riqueza".
Marcelo Candia é o santo dos tempos modernos: dois títulos universitários, tenente de artilharia durante a Segunda Guerra, industrial de sucesso que dava o justo valor ao dinheiro, sempre envolvido em obras de solidariedade, provava com sua vida que as riquezas podem ser instrumento de santidade heróica e que um rico pode se tornar santo.
A grandeza do Dr. Marcelo brotava da sua vida de fé e de caridade. Era um empresário livre, como foi um santo livre. Não pertencia a nenhum movimento, nem instituto religioso e definia-se, simplesmente, como um "batizado" que via nos pobres e, especialmente, nos hansenianos, a imagem de Cristo sofredor e rejeitado pela sociedade opulenta e acomodada. Quando se fixou em Marituba, dividia sua vida com os leprosos, sem nenhuma separação ou restrição em relação aos doentes e gostava de conviver com eles.
"Quando vim para a Amazônia, pensava que o dom maior que podia fazer aos pobres era o meu dinheiro e as minhas capacidades profissionais, mas entendi que eles eram o verdadeiro tesouro. Não fui eu que dei algo para eles, mas eles que me deram". Adalúcio Calado, hanseniano que convivia com ele em Marituba, lembrava que "o dr. Candia não somente nos ajudava com as obras sanitárias e sociais, mas nos amava e, nele, percebíamos o amor que Deus tinha também por nós, leprosos, recusados por todos. Fazia tudo por amor a Deus, nada procurava para si, mas tudo o que possuía era para os pobres, os doentes, especialmente para nós, hansenianos. Era heróico na sua doação. Ele, rico e culto, vivia a sua vida em nosso meio e nada podíamos dar-lhe em troca. Era o exemplo vivo e palpável do amor de Deus entre nós". Marcelo, como homem e empresário moderno não era um paternalista, mas administrava cuidadosamente seu dinheiro e as grandes contribuições que recebia de amigos.
Este dinheiro era usado não simplesmente como gesto de caridade de quem dava porque tinha, mas quem podia, era ajudado a aprender um trabalho nos oficinas criadas na colônia, para se tornar independente, uma vez que saísse do leprosário. Sempre repetia que quem muito recebeu, muito devia dar para que os pobres pudessem viver sua dignidade de filhos de Deus. A causa de beatificação de Marcelo Candia encontra-se em fase avançada.
Ernesto Arosio
Fonte: Revista Mundo e Missão

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Advento é isto: Ele veio, Ele vem, Ele virá


Advento é isto: ele veio, ele vem, ele virá. Veio na encarnação. Festejamos isto no Natal. Virá em sua Segunda vinda. Festejamos isto no advento. E vem. E esta não é uma novidade menor que a sua encarnação ou a sua volta gloriosa.
Jesus está entre nós realizando a obra do Pai. Uma vez Jesus disse aos discípulos: “Felizes os olhos que vêem o que vocês estão vendo”. E o que é que eles estavam vendo? Eles estavam sendo testemunhas da presença de Jesus e de sua ação salvadora. Viam-no e ouviam-no. Ele, o prometido de séculos, estava ali.
O aguardado das nações estava na sua frente, falando e agindo. Isaías tinha falado dele: o rebento de Jessé, nascido do tronco decepado do povo eleito. Malaquias tinha predito a sua ação como a do fogo do fundidor, purificando o seu povo dos seus pecados. Zacarias, pai de João Batista, falara dele como a luz do sol nascente que nos veio visitar. O rebento de Jessé, cheio do Espírito de Deus, estava ali marcando um novo começo para o povo sofredor.
O mensageiro de Malaquias, revelando a maldade do coração humano, estava ali restaurando os excluídos. A luz do sol nascente estava brilhando. “Felizes os olhos que vêem o que vocês estão vendo”. Nem todo mundo podia enxergá-lo. Viam, mas não o compreendiam. Ouviam-no, mas não o entendiam. Nem o aceitavam.
Numa bela oração, Jesus atribuiu ao Pai esta façanha: escondeu essas coisas aos sábios e inteligentes. E as revelou aos pobres e pequeninos. Sim, aqueles corações humildes podiam entendê-lo.
Os humilhados o reconheceram. Por isto a sua oração: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelastes estas coisas aos pequeninos. Sim, Pai, porque foi do teu agrado”. Os discípulos o reconheceram, porque eram gente de coração de pobre e mereciam a primeira bem-aventurança: “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino de Deus”.
Jesus está presente em nossas vidas, em nossas história, construindo o Reino de Deus. Ele veio. Ele virá. E ele está agindo hoje, construindo o Reino de Deus. Foi isto que os pequeninos enxergaram: o Reino está acontecendo pela presença de Jesus. O pobre está tendo vez. O cego, o coxo, o paralítico estão recuperando a saúde. O oprimido, a liberdade. A vida está ganhando da morte. O perdão está superando o ódio.
O Reino de Deus está acontecendo. É Jesus quem o está comunicando. Ele comunica a vida de Deus. O Reino é a vida de Deus derramada lá onde impera a morte. O que é preciso agora é reconhecer e acolher Jesus presente fazendo o Reino. Mas, isto é antes de tudo obra do Pai: é ele quem dá a conhecer o filho. Ele veio. Ele virá. Este já está aqui, agora, construindo o Reino: “Felizes os olhos que vêem o que vocês estão vendo”. É isto que é o advento.
Pe. João Carlos, SDB
Fonte: www.soucatequista.com.br

sábado, 3 de dezembro de 2011

Caminhar sempre

Às vezes o caminhar é lento, mas o importante é não parar. Mesmo um pequeno progresso é um avanço na direção certa. E qualquer um é capaz de fazer um pequeno progresso. Se você não pode conquistar algo importante hoje, conquiste algo menor. Pequenos riachos se transformam em rios poderosos. Continue em frente.
O que de manhã parecia fora do alcance, pode ficar mais próximo à tarde, se você continuar em frente. O tempo que usar, trabalhando com paixão e intensidade, aproximará você de seu objetivo. É bem mais dificil começar de novo, se você parar completamente. Então, continue em frente.