Lena tem um filho de 11 anos, chamado Zezinho. Faz
dois anos, os médicos descobriram que o menino estava com câncer. Logo que
diagnosticado, começaram o tratamento com quimioterapia e outros recursos. A
criança emagreceu muito, perdeu os cabelos, ficou pálida. Parecia que ia
morrer. Lena sentiu uma dor imensa, vendo o filho sofrer. Fez tudo o que podia.
Rezava muito, preparava a alimentação adequada. Acompanhava-o ao hospital,
quando podia. Estava ao seu lado dando carinho e força. Felizmente, depois
de muito sofrimento, Zezinho está curado. No dia do seu aniversário, Lena fez
um bolo de chocolate e convidou os parentes, os vizinhos e os colegas de
Zezinho. Não tinham dinheiro para fazer festa. Mas aquele simples bolo caseiro
tinha o sabor de vitória da vida sobre a morte. A alegria deles foi imensa!
Riam, gargalhavam, se abraçavam, cantavam e agradeciam a Deus. É assim! Quem já passou por situações extremas de dor e sofrimento, vendo a morte
de perto, prova imenso contentamento quando supera esta situação.
O sofrimento e alegria de Lena nos fazem imaginar como
foram intensas a dor e o contentamento de Maria, a mãe de Jesus, diante de sua
missão, paixão, morte e ressurreição. No começo, foi aquela surpresa,
ao ver o seu filho pregar a Boa nova do Reino de Deus, curar os doentes,
acolher os marginalizados, partilhar a mesa com os pobres e pecadores. Maria,
como mãe, educadora e seguidora de seu Filho, estava lá, discretamente,
acompanhando tudo e aprendendo. Meditando no coração, fazendo comunidade com os
outros.
Depois, veio a terrível experiência do conflito de
Jesus com as autoridades religiosas e políticas de seu tempo: os escribas e
fariseus, na Galiléia; o conselho do Sinédrio e Pilatos, em Jerusalém. Jesus
foi condenado à morte. Desprezado pela multidão, abandonado pelos seus próprios
discípulos, experimentou intenso sofrimento e solidão. Viu a morte de perto,
mas dela não escapou. Teve a dolorosa e vergonhosa morte de cruz, reservada aos
bandidos e aos agitadores contra o império romano. Maria acompanhou tudo. Mas,
ela não podia fazer nada. Diferentemente de Lena, estava em situação de
impotência. Ela acompanhou o doloroso caminho do calvário, com outras mulheres.
E ao final, estava lá firme, ao pé da cruz, com Madalena e o discípulo amado.
Seu gesto silencioso dizia: “Eu estou aqui, meu filho. Apesar de todo o
fracasso, eu acredito em você e na causa”. Como Jesus viveu o momento mais
radical da fé: crer e esperar contra toda a esperança! Na noite escura da
sexta-feira da paixão, a morte venceu!
Maria e os outros seguidores de Jesus provaram por um
tempo a amargo sabor do fracasso, a angústia da morte. Tudo tinha
acabado! E eis que, surpreendentemente, eles provaram que Jesus está vivo! Não
é um morto que foi reavivado. Mas sim o Cristo que está glorificado junto Pai.
E também perto da comunidade, dando-lhe alegria, esperança e sentido para
viver. Maria, as mulheres, os discípulos, todos sentem um contentamento imenso!
Como Jesus já havia dito, ao pressentir a sua morte: “Vocês vão gemer e se
lamentar (..), ficarão angustiados. Mas esta angústia se transformará em
alegria. Quando uma mulher dá a luz, fica tão alegre que até esquece das dores
de parto” (Jo 16,20-21). E assim aconteceu. Quando eles
provaram Jesus ressuscitado, foram tomados de um contentamento que ninguém
conseguiu tirar deles (cf. Jo 16,22).
Maria é nossa companheira na dor e na alegria, nas
situações de morte e de ressurreição, no fracasso e na vitória. Na páscoa,
rezemos com Maria esta nova versão da Oração da Alegria Pascal:
Maria dos Céus,
alegrai-vos, aleluia.
Pois o Senhor, que concebeste em teu corpo, aleluia.
Venceu a morte e está entre nós, aleluia.
Alegrai-vos com todos os seguidores de Jesus, aleluia.
Pois ele ressuscitou verdadeiramente, aleluia.
Autor: Afonso Murad - Blog Mãe nossa
Nenhum comentário:
Postar um comentário