O Instituto de Pastoral Vocacional (IPV), de cara
ou logomarca nova, dentro das celebrações de seus 21 anos de serviço à Igreja e
ao mundo, nasceu intercongregacional, isto é, reúne, desde sua fundação, em 15
de agosto de 1993, congregações e institutos com carisma vocacional.
Interessante observar que a intercongregacionalidade foi
uma das prioridades escolhidas na última Assembleia da Conferência dos
Religiosos do Brasil (CRB), realizada em julho de 2013, em Brasília (DF), com o
objetivo de proporcionar a partilha de carismas e experiências, buscando a
leveza institucional, em vista da missão. Vale ressaltar que a própria
existência da CRB, enquanto tal, já é uma experiência intercongregacional, pois
reúne diversos institutos em prol da animação da vida religiosa no Brasil,
promovendo a comunhão entre os membros dos diversos institutos religiosos e
sociedades de vida apostólica; da coordenação de atividades que visem a
construção de alianças intercongregacionais na formação e missão; da atuação em
favor de entidades religiosas católicas, em comunhão com a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) e organismos afins; da manutenção, acompanhamento,
apoio e estímulo de projetos missionários e sociais, em todo o território
nacional, em parceria com suas secções regionais e entidades afins, buscando a
construção de uma sociedade justa, fraterna e solidária; da realização de
seminários, palestras, cursos, encontros, congressos e fóruns, para formação e
capacitação profissional e apostólica (cf. Estatutos da CRB, art. 6º). Mesmo
sabendo que a CRB congrega vários institutos religiosos e que seus estatutos
regulam suas finalidades, é necessário reforçar o tema da participação e
comunhão com certa frequência.
O teólogo João Batista Libânio, em um artigo na
revista Convergência, de 2008, escrevendo sobre a necessidade de ampliar
alianças intercongregacionais, assim afirmou: Em vez de buscar a unicidade,
uniformidade totalizadora, centralizada, prefere-se a integração da
diversidade. Cada carisma permanece na própria identidade, não fechada em si,
mas integrada no projeto maior da evangelização e da missão da Igreja (Convergência 410,
abr/2008, p. 253). Outro teólogo, José Maria Arnaiz, na mesma revista, mas num
artigo de 2012, escrevendo sobre a intercongregacionalidade como
possível, conveniente, necessária e indispensável, assim afirmou: Uma
congregação religiosa não pode subsistir se não é algo mais que a soma de seus
integrantes, individualmente comprometidos com uma missão [...]. Sem a comunhão
do corpo apostólico entra-se numa fragmentação humanamente decepcionante e
infecunda (Convergência 450, abr/2012, p. 207). Esta rede ou
relação entre as diversas congregações é possível, conveniente, necessária e
indispensável, sem dúvidas! Unidade na diversidade ou diversidade unida!
Pressupõe participação, esforço das partes, apoio.
Assim é o IPV, uma organização bem mais jovem que a
CRB, mas que revela a possibilidade real da intercongregacionalidade entre
diversos organismos religiosos afins. Quando o IPV completou 10 anos, em 2003,
houve um simpósio interno com os institutos agregados, aprofundando os
respectivos carismas. Como resultado do evento foi publicado um livreto, cujo
conteúdo continua atual. Eis uma síntese:
Os atuais institutos agregados
O Instituto das Filhas de Nossa Senhora da
Misericórdia, fundado pela Ir. Maria Josefa Rossello, em 1837, tem a
experiência do amor misericordioso do Pai como carisma, que nos leva a ver e
nos comover com a miséria, e à ação para
promover o ser humano.
A Congregação de Jesus Sacerdote,
fundada por Pe. Mário Venturini, em 1926, tem por objetivo oferecer a vida na
oração pela santificação dos padres, contemplando as atitudes sacerdotais de
Jesus no relacionamento com o Pai e com os apóstolos. Ajuda outros padres a
viverem uma grande amizade com Cristo e a se doar generosamente ao Povo de Deus.
Formada inicialmente por um grupo de mulheres, que
já tinha por missão rezar pelo bom êxito da obra masculina, Pe. Mário Venturini
fundou, em 1929, a Congregação das Filhas do Coração Sacerdotal de
Jesus para prosseguir atuando na Igreja com a finalidade de oferecer a
vida, na oração e no trabalho, para a santificação de todos os padres.
A Congregação das Filhas do Divino Zelo,
fundada em Messina, Itália, 1887, e aCongregação dos Rogacionistas do
Coração de Jesus, também fundada em Messina, 1897, ambas por Santo Aníbal
Maria Di Francia, têm a missão de zelar pelo mandamento de Jesus: Rogai ao
Senhor da messe que envie operários à sua messe.... Os religiosos e as
religiosas se empenham em rezar, propagar a oração pelas vocações e ser bons
operários na messe, vivendo a compaixão, a ternura e o zelo pelo Rogate.
A Congregação das Irmãs Apostolinas (Nossa
Senhora Rainha dos Apóstolos para as Vocações), fundada pelo Bem-aventurado
Tiago Alberione, em Castelgandolfo, Itália, 1959, tem por missão despertar,
ajudar, suscitar, formar, incentivar e rezar por todas as vocações. As
Apostolinas vivem a espiritualidade de Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida,
no espírito de São Paulo, sob o olhar de Maria, Rainha dos Apóstolos.
A Sociedade das Divinas Vocações,
fundada em Nápoles, Itália, 1914, e o Instituto das Irmãs das Divinas
Vocações, também fundada em Nápoles, 1921, ambas pelo Padre Justino
Russolillo, buscam a glória de Deus promovendo a vocação universal à santidade,
dedicando-se ao serviço do despertar e do cultivo de todas as vocações para a
Igreja.
A Fraternidade dos Padres Operários
Diocesanos do Sagrado Coração de Jesus, fundado em Tortosa, Espanha, em
1883, pelo Bem-aventurado Manuel Domingo e Sol, tem por carisma despertar,
discernir, promover e acompanhar todas as vocações, especialmente a vocação
presbiteral e aquelas para a vida consagrada. Os Operários Diocesanos são
chamados a trabalhar no acompanhamento e na formação dos jovens.
A Congregação das Servas da Santíssima
Trindade, fundada por Ir. Maria Celeste Ferreira, no Rio de Janeiro,
Brasil, 1946, busca despertar nas pessoas a consciência de sua dignidade humana
e de sua filiação divina pela graça do Batismo. Esta experiência de filiação,
de irmandade e de ser a casa de Deus, vai acontecendo e se concretiza na comunidade.
Como a Trindade, somos vocacionadas e vocacionados a formar comunidade humana,
segundo o projeto de amor de Deus Trindade.
Há certa complementaridade entre
os atuais institutos que formam o IPV. O específico de cada um contribui para a
plenitude do todo. Na diversidade, há unidade. Cada carisma, acentuando o dom
recebido, vai fazendo com que o corpo do IPV seja completo e responda
plenamente à sua missão. A partir da identidade de cada um, percebem-se
elementos que são indispensáveis ao serviço às vocações: a comunhão com a
Trindade, a rogação, o zelo, a misericórdia, a oração, a ascese (sacrifício), o
despertar, o discernimento, o cultivo das vocações e a atenção para com a
vocação dos presbíteros. Na complementaridade a oração fortalece a ação e a
missão dos que se empenham no trabalho e no cultivo das vocações, faz suscitar
novos operários e operárias na Igreja. A oração, o trabalho e as novas vocações
nascem da misericórdia e compaixão de Deus para com a humanidade. Na oração, no
zelo, no despertar, no cultivo, na promoção, no apoio e no acompanhamento das
vocações, o IPV concretiza seu objetivo de servir a Igreja do Brasil no
campo das vocações e dos ministérios.
Desafios e expectativas
Um dos desafios no IPV, assim como na CRB e,
certamente, em outras experiências reais de intercongregacionalidade, é a
liberação de pessoas das congregações ou institutos agregados para atuar mais
intensamente nos cargos de direção e setores de atividades da organização. O
que não se pode esquecer, jamais, é que todos os membros das congregações e
institutos agregados compõem a organização. No caso do IPV, todos os membros,
religiosos e religiosas, dos atuais 10 institutos que compõe o IPV, deveriam
sentir-se membros do IPV. Muito facilmente se associa apenas as pessoas que
exercem funções na direção ou setores de atividades como os membros
responsáveis da organização. Não deveria ser assim. Por isso a insistência na
CRB para indicar a intercongregacionalidade como uma das prioridades dos governos,
embora estatutariamente isso já deveria ocorrer. O IPV também deverá insistir e
provocar, sempre, incansavelmente, seus membros agregados para a participação
cada vez mais ativa. Cabe aos superiores maiores destes institutos a provocação
aos seus membros.
Um outro desafio, também fundamental ao IPV, é
relembrar seus institutos agregados para que incentivem seus membros a se
especializarem no campo da Teologia e Psicologia Vocacional e de outras áreas
importantes ao trabalho pelas vocações, para que o serviço de animação do IPV
seja cada vez mais eficiente, promovendo a cultura vocacional na Igreja e na
sociedade.
Em 15 de agosto p.p., houve mudança de governo no
IPV, com a escolha de novos diretores e coordenadores para um mandato de três
anos. Devemos louvar a Deus pelos 21 anos de serviço à Igreja no campo das
vocações, agradecendo a tantos que se doaram nos cargos a que foram chamados,
e, ao mesmo tempo, rezar para que o Senhor da messe envie mais operários e
operárias ao serviço da própria organização estrutural do IPV, em vista de
aprimorar ainda mais o seu serviço.
Pe. Juarez
Albino Destro, RCJ
Diretor Presidente
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