Nesta
quarta-feira, 28, o Papa Francisco dedicou sua habitual alocução prévia à
oração do ângelus com os fiéis na Praça de São Pedro ao tema da ausência da
figura paterna na família devido à omissão dos pais de assumir seu papel para
com os filhos. Segundo
o Santo Padre, hoje os pais muitas vezes se tornam ausentes devido ao trabalho
excessivo, mas sobretudo porque, quando estão em casa, não se comportam como
pais, não cumprem o seu papel educativo, não dão aos filhos princípios,
valores, regras de vida dos quais precisam como precisam do pão.
Retomando as
catequeses sobre família o Papa falou sobre a palavra “pai”. “Uma palavra mais
que qualquer outra querida a nós cristãos, porque é o nome com o qual Jesus nos
ensinou a chamar Deus: pai. Hoje o sentido deste nome recebeu uma nova
profundidade justamente a partir do modo em que Jesus o usava para se dirigir a
Deus e manifestar a sua especial relação com Ele. O mistério abençoado da
intimidade de Deus, Pai, Filho e Espírito, revelado por Jesus”.
“Pai” é uma
palavra conhecida por todos, uma palavra universal. Essa indica uma relação
fundamental cuja realidade é tão antiga quanto a história do homem. Hoje,
todavia, chegou-se a afirmar que a nossa seria uma “sociedade sem pais”. Em
outros termos, em particular na cultura ocidental, a figura do pai seria
simbolicamente ausente, dissipada, removida. Em um primeiro momento, a coisa
foi percebida como uma libertação: libertação do pai-patrão, do pai como
representante da lei que se impõe de fora, do pai como censor da felicidade dos
filhos e obstáculo da emancipação e da autonomia dos jovens. Às vezes, em
algumas casas, reinava no passado o autoritarismo, em certos casos até mesmo a
opressão”.
O Papa
destacou que hoje, porém, passou-se de um extremo ao outro. O problema dos
nossos dias não parece mais ser tanto a presença invasiva dos pais mas sim a
sua ausência, a sua falta de ação. “Os pais estão, por vezes, tão concentrados
em si mesmos e no próprio trabalho e às vezes nas próprias realizações
individuais a ponto de esquecer a família. E deixam sozinhos os pequenos e os
jovens”.
“Ora, neste
caminho comum de reflexão sobre família, gostaria de dizer a todas as
comunidades cristãs que devemos ser mais atentos: a ausência da figura paterna
na vida dos pequenos e dos jovens produz lacunas e feridas que podem ser também
muito graves. E, de fato, os desvios de crianças e de adolescentes podem, em
boa parte, ser atribuídos a esta falta, à carência de exemplos e de guias
regulatórias em suas vidas diárias, à carência de proximidade, à carência de
amor por parte dos pais. O sentido de orfandade que tantos jovens vivem é mais
profundo do que pensamos”.
“São órfãos
na família, porque os pais muitas vezes são ausentes, mesmo fisicamente, da
casa, mas sobretudo porque, quando estão ali, não se comportam como pais, não dialogam
com os seus filhos, não cumprem o seu papel educativo, não dão aos filhos, com
o seu exemplo acompanhado de palavras, aqueles princípios, aqueles valores,
aquelas regras de vida de que precisam como precisam do pão. A qualidade
educativa da presença paterna é tanto mais necessária quanto mais o pai é
obrigado pelo trabalho a estar distante de casa”.
O Papa
asseverou ainda que às vezes parece que os pais não sabem bem qual posto ocupar
na família e como educar os filhos. E, então, na dúvida, se abstém, se retiram
e negligenciam suas responsabilidades, talvez refugiando-se em uma relação “em
pé de igualdade” com os filhos.
“É verdade
que você deve ser “companheiro” do teu filho, mas sem esquecer que você é o
pai! Se você se comporta somente como um companheiro em pé de igualdade com o
filho, isto não fará bem à criança”, disse o Pontífice.
“Os jovens
permanecem, assim, órfãos de caminho seguros a percorrer, órfãos de mestres em
quem confiar, órfãos de ideais que aquecem o coração, órfãos de valores e de
esperanças que os apoiam cotidianamente. São preenchidos, talvez, por ídolos,
mas se rouba o coração deles; são impelidos a sonhar com diversão e prazer, mas
não se dá a eles o trabalho; são iludidos com o deus dinheiro, e se nega a eles
as verdadeiras riquezas”.
“E então
fará bem a todos, aos pais e aos filhos, escutar novamente a promessa que Jesus
fez aos seus discípulos: “Não vos deixarei órfãos” (Jo 14, 18). É Ele, de fato,
o Caminho a percorrer, o Mestre a escutar, a Esperança de que o mundo pode mudar,
que o amor vence o ódio, que pode haver um futuro de fraternidade e de paz para
todos”, concluiu o Santo Padre.
Fonte: Aci Digital
Nenhum comentário:
Postar um comentário