quarta-feira, 18 de março de 2015

Salmo do Silêncio

Aqui estou, Senhor como grão de areia no deserto.
Aqui estou, Senhor, descalça, à tua espera.
Aqui estou, Senhor, de coração aberto, à escuta.
Aqui estou, Senhor, procurando paz na tua resposta.
Aqui estou, Senhor, como o coração da Virgem Maria, janela aberta, de par em par, para que o sol do teu ser se torne fecundo e penetre o meu ser e a nossa comunidade com a tua presença.
Quero estar contigo, sentado, a teus pés, sem pensar, nem procurar, sensível ao que me advém.
Quero estar gratuitamente contigo, aqui e agora, atento à tua Palavra, totalmente presente nela.
Quero unificar o meu ser com o teu, a minha vida com a tua.
Tu és, Jesus, Boa Nova, que alegra o coração.
Tu és, como o silêncio das noites frias que gota a gota empapa a terra ressequida.
Jesus, quero unificar o meu ser como pessoa.
Quero ser pessoa: «ser» e não «ter». Ser na sua pureza.
Quero abandonar o ruído que me atordoa e escraviza.
Quero cortar as amarras que cercam a minha liberdade.
Quero quebrar, rasgar, forçar, abrir cadeias.
Quero que ponhas o teu coração terno no pó e no nada da minha pobreza.
Quero conhecer, saborear a tua misericórdia para adoçar o meu coração de pedra.
Quero que a luz do teu Evangelho ilumine o meu ser e o arranque da noite escura.
Dá-me, Senhor, o autodomínio, o controle e a vigilância, pois desejo ser servidora do teu Reino.

Quero ser livre e, às vezes, ainda me sinto manipulada.

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