Um dia, um pai de família
rica, grande empresário, levou seu filho para viajar até um lugarejo com o
firme propósito de mostrar-lhe o quanto as pessoas podem ser pobres. Seu
objetivo era convencer o filho da necessidade de valorizar os bens materiais
que possuía, seu status e
prestígio social. O pai queria desde cedo passar esses valores para seu
herdeiro.
Eles ficaram um dia e uma
noite numa pequena casa de taipa, de um morador da fazenda de seu primo.
Quando retornavam da
viagem, o pai perguntou ao filho:
– E aí filhão, como foi a viagem para você?
– Muito boa, papai.
– Você viu a diferença entre viver na riqueza
e viver na pobreza?
– Sim pai... - Retrucou o filho,
pensativamente.
– E o que você aprendeu com tudo o que viu
naquele lugar tão pobre?
O menino respondeu:
– É pai, pude ver muitas coisas... Vi
que nós temos só um cachorro em casa, enquanto eles têm quatro. Nós temos uma
piscina que alcança metade do jardim, e eles têm um riacho sem fim.
Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles têm
as estrelas e a lua no céu. Nosso quintal vai até o portão de
entrada e eles têm uma floresta inteirinha. Nós temos alguns canários numa
gaiola e eles têm todas as aves que a natureza pode oferecer-lhes, soltas!
O filho suspirou e
continuou:
– E além do mais, papai, observei que eles
oram antes de qualquer refeição, enquanto nós sentamos à mesa e falamos de
negócios e eventos sociais. Então comemos, empurramos o prato e pronto! No
quarto onde fui dormir com o Tonho, passei vergonha, pois não sabia sequer
orar, enquanto ele se ajoelhou e agradeceu a Deus por tudo, inclusive por nossa
visita. Lá em casa, vamos para o quarto, deitamos, assistimos TV e
dormimos. Outra coisa papai, eu dormi na rede do Tonho e ele
dormiu no chão, pois não havia rede para cada um de nós. Na nossa casa,
colocamos nossa empregada para dormir naquele quarto onde guardamos entulho,
apesar de termos camas macias e cheirosas sobrando.
Conforme o garoto falava,
o pai ficava constrangido, enrubescido e envergonhado. O filho, em sua sábia
ingenuidade e brilhante desabafo, abraçou o pai e ainda acrescentou:
– Obrigado papai, por ter me mostrado o quanto
somos pobres!
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