É muito pessoal. A relação entre Jesus e eu deveria ser exposta publicamente? Ao pensar
nisto, várias experiências e lembranças se misturam: às vezes, o entusiasmo de
amar e ser amado por Jesus; em outros momentos, surpresa e recusa de aceitar
seu amor por mim. Lampejos de «sim», tempos de «não».
Eu me recordo.
Aos 12 anos, um padre e amigo deu-me um
livro sobre a vocação. O guardei durante algumas semanas e o devolvi a ele
dizendo que era «interessante»!
Mais tarde, ao
final do colegial, este mesmo padre me relançou: «Você precisa entrar para o
noviciado agora». «Não!», respondi. E fui para a universidade.
Jesus, porém,
velava e discretamente me cochichava: «Vem, me segue, deixa tudo de lado.»
Aquilo suscitou
em mim um sentimento de solidão, questionamentos, abandonos mas retornei para
sua amizade. Alegria, tristeza, medo, insatisfação.
Uma pergunta
fundamental me paralisava: «Mas Senhor, se me dizes que sou livre, porque não
consigo te seguir e vir contigo sem sentir tristeza e mal-estar na minha
existência? Que liberdade é esta? Seria eu livre para não te seguir e ser feliz?
Não. Cada vez que conscientemente te recuso, me sinto infeliz».
Este combate
durou dois anos. E por fim, aquilo me inflamou. Entrei para o seminário dos
Cônegos de Regulares de São Bernardo. Ainda estou nesta família, a
minha. Ainda no mesmo combate. Mas, hoje, me sinto à vontade com minha
existência: um pecador que ama Jesus. E Jesus que o ama e fez dele seu irmão.
Um elo de
comunhão perdura, conforme uma expressão de Newman: «Eu mesmo e meu criador».
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