quinta-feira, 19 de maio de 2016

Um testemunho? O que dizer?

É muito pessoal. A relação entre Jesus e eu deveria ser exposta publicamente? Ao pensar nisto, várias experiências e lembranças se misturam: às vezes, o entusiasmo de amar e ser amado por Jesus; em outros momentos, surpresa e recusa de aceitar seu amor por mim. Lampejos de «sim», tempos de «não».
Eu me recordo.
Aos 12 anos, um padre e amigo deu-me um livro sobre a vocação. O guardei durante algumas semanas e o devolvi a ele dizendo que era «interessante»!
Mais tarde, ao final do colegial, este mesmo padre me relançou: «Você precisa entrar para o noviciado agora». «Não!», respondi. E fui para a universidade.
Jesus, porém, velava e discretamente me cochichava: «Vem, me segue, deixa tudo de lado.»
Aquilo suscitou em mim um sentimento de solidão, questionamentos, abandonos mas retornei para sua amizade. Alegria, tristeza, medo, insatisfação.
Uma pergunta fundamental me paralisava: «Mas Senhor, se me dizes que sou livre, porque não consigo te seguir e vir contigo sem sentir tristeza e mal-estar na minha existência? Que liberdade é esta? Seria eu livre para não te seguir e ser feliz? Não. Cada vez que conscientemente te recuso, me sinto infeliz».
Este combate durou dois anos. E por fim, aquilo me inflamou. Entrei para o seminário dos Cônegos de Regulares de São Bernardo. Ainda estou nesta família, a minha. Ainda no mesmo combate. Mas, hoje, me sinto à vontade com minha existência: um pecador que ama Jesus. E Jesus que o ama e fez dele seu irmão.
Um elo de comunhão perdura, conforme uma expressão de Newman: «Eu mesmo e meu criador».

Jean Emonet - Cônegos regulares de São Bernardo – Martigny-Suiça        Extraído do livro - Amar é doar-se por inteiro



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