terça-feira, 8 de setembro de 2015


A luz da fé

Urge recuperar o caráter de luz que é próprio da fé, pois, quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu vigor. De fato, a luz da fé possui um caráter singular, sendo capaz de iluminar toda a existência do homem. Ora, para que uma luz seja tão poderosa, não pode dimanar de nós mesmos; tem de vir de uma fonte mais originária, deve porvir em última análise de Deus. A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude e se nos abre a visão do futuro. A fé, que recebemos de Deus como dom sobrenatural, aparece-nos como luz para a estrada orientando os nossos passos no tempo. Por um lado, provém do passado: é a luz duma memória basilar — a da vida de Jesus –, onde o seu amor se manifestou plenamente fiável, capaz de vencer a morte. Mas, por outro lado e ao mesmo tempo, dado que Cristo ressuscitou e nos atrai de além da morte, a fé é luz que vem do futuro, que descerra diante de nós horizontes grandes e nos leva a ultrapassar o nosso « eu » isolado abrindo-o à amplitude da comunhão. Deste modo, compreendemos que a fé não mora na escuridão, mas é uma luz para as nossas trevas.
Carta Enciclica Lumen Fidei, n. 2

domingo, 6 de setembro de 2015

Rumo a uma noção integral do sujeito cristão

Para vivenciar uma noção integral do sujeito cristão, faz-se necessário dar passos no sentido de superar antagonismos que estão enraizados em muitas mentalidades.
O primeiro é o antagonismo entre a fé e a vida. Segundo esta noção, o mundo da fé é superior e, até mesmo, oposto ao mundo da vida. Por fé, entende-se, segundo esta concepção, tudo o que se relaciona ao mundo espiritual, ao culto e aos sacramentos. No outro lado, estaria a vida comum de todos: o trabalho, as funções e os compromissos
familiares, a educação dos fi lhos, o mundo da política etc. (cf. GS, n. 43).
Jesus nos indica que tudo, menos o pecado, pode ser mediação do amor de Deus. É precisamente no mundo da vida que o amor de Deus se manifesta, como nos mostram os Evangelhos. Jesus não frequentava apenas as sinagogas (espaço da “fé”), mas também atuava em barcas, na margem do lago, nas casas, na cidade, nos caminhos. Diante do Evangelho de Jesus, podemos dizer que não há nada propriamente profano, porque tudo pode ser mediação desta manifestação da misericórdia maravilhosa de Deus, que vai além de todo entendimento e transforma as pessoas.
Outro antagonismo é o de Igreja-mundo. Segundo esta perspectiva, a Igreja seria uma instância superior e, até mesmo, oposta ao mundo. Esta relação de oposição e exclusão
não pertence ao núcleo do Evangelho nem à perspectiva do Concílio Vaticano II. Ao contrário, reconhecer o fato da Encarnação – o mistério de Deus conosco, comprometido com nossa história a tal ponto de dar-nos o Filho, fazendo-se um de nós e assumindo em tudo a humanidade, menos o pecado – faz-nos valorizar este único mundo e esta única história que nos compete viver, unidos a todo o gênero humano. A Igreja está comprometida com este mundo, como sacramento e sinal do amor e da misericórdia de Deus para com todos (cf. LG, n. 1), e, nesta missão, peregrina até que o Reino de Deus se manifeste plenamente em novo céu e nova terra.
Há também antagonismos persistentes entre identidade eclesial e ecumenismo, missão e acolhida do outro. O diálogo é uma postura inerente à natureza e missão da Igreja no mundo e não simplesmente uma estratégia de evangelização. “O diálogo não só foi iniciado, mas tornou--se uma expressa necessidade, uma das prioridades da Igreja” (UUS, n. 31).
A dicotomia entre Igreja e mundo e entre fé e vida está na raiz da atitude de valorização unilateral dos ritos, em detrimento da responsabilidade social e da luta pela justiça.

Se orientado por esta divisão, o mesmo cristão, que valoriza os ritos, pode apresentar comodismo, indiferença e até incoerência em sua vida de cidadão do mundo. O Papa Francisco questiona que “apesar de se notar a participação de muitos nos ministérios laicais, este compromisso não se refl ete na penetração dos valores cristãos no mundo social, político e econômico; limita-se muitas vezes a tarefas no seio da Igreja, sem um empenhamento real pela aplicação do Evangelho na transformação da sociedade” (EG, n. 102). Tudo isto nos leva a considerar que o cristão nunca pode ser visto isoladamente de seus enraizamentos básicos, enquanto pessoa humana: sujeito relacionado com outros e inserido neste único mundo em que vivemos, e de cujo destino inevitavelmente participamos. No entanto, lembra-nos a Carta a Diogneto: “ (os cristãos) vivem na sua pátria, mas como forasteiros; participam de tudo como cristãos e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria é pátria deles, e cada pátria é estrangeira” (cf. cap.V). 
Estudos da CNBB nº 107, n.62-68

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Mês da Bíblia

Neste mês de setembro, mês da Bíblia,
vamos reler alguns trechos da mensagem da XXI Jornada Mundial da Juventude
 que fala sobre a importância da Palavra de Deus
na vida cristã e de modo especial na vida dos jovens